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PANTANAL EM CHAMAS

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Incêndios causam prejuízos ambientais e afetam pecuária

Ambientalistas apontam estragos incalculáveis, enquanto pecuaristas ainda apuram perdas

ADRIEL MATTOS

14/09/2019 - 10h00
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Os incêndios na região do Pantanal de Mato Grosso do Sul estão causando prejuízos incalculáveis, na opinião de ambientalistas ouvidos pelo Correio do Estado. Pecuaristas, por outro lado, ainda apuram quanto o fogo afetou as pastagens, mas já calculam que o preço do boi gordo deve subir.

Para o biólogo André Luiz Siqueira, diretor-presidente da organização não governamental Ecoa – Ecologia e Ação, é necessário conscientizar a sociedade sobre o uso do fogo.“É preciso investimento e planejamento de ações para fiscalizar e sensibilizar as pessoas sobre as queimadas. Temos de tratar o fogo de maneira séria”, disse. O diretor de Relações Institucionais do Instituto Homem Pantaneiro, Ângelo Rabelo, frisa ainda que os prejuízos também atingem os produtores rurais da região. “O prejuízo econômico é gigantesco, perde-se de animais até cercas. E com uma estiagem longa e matéria orgânica volumosa, nada controla as chamas”, explicou.

Rabelo explicou que o bioma demora a se recuperar. “O Pantanal se recupera, mas nunca será como antes. Demora muito tempo para avaliarmos os estragos”, afirmou. Já Siqueira apontou que é preciso criar soluções para ajudar no combate às queimadas. “Precisamos depender menos de recursos públicos. É preciso uma mudança radical, porque não adianta mais defender o manejo do fogo. É um problema sério e crônico, e em um ano seco nada impede que tudo aconteça de novo”, avaliou.

A Ecoa formou quatro equipes de uma brigada voluntária, que estão em Nioaque, Ladário e na região da Serra do Amolar. Os integrantes passaram por capacitação do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e por aperfeiçoamento na Bolívia.

Siqueira destacou ainda que o solo também é prejudicado pelo fogo. “O solo se empobrece, porque perde nutrientes. Sem chuva, os sedimentos não se desenvolvem”, explicou. O biólogo apontou que o ipê e o cambará são mais resistentes às chamas, mas os animais têm dificuldades para fugir ou até serem resgatados.

Espécies de pequeno porte, como cobras, aranhas, algumas espécies de lobos e o tamanduá-mirim, são as mais afetadas, segundo Rabelo. “Quando as chamas se alastram, as espécies se movimentam e algumas são eliminadas. Os animais mais rápidos conseguem escapar”, disse.

Produtores rurais da região pantaneira foram bastante afetados, mas, segundo o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Leite, ainda não há números de quanto foi perdido em decorrência das chamas, já que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável ainda está fazendo o levantamento.

Leite observou ainda que o preço do boi gordo a partir de 2020 deve sofrer aumento por causa dos prejuízos com as queimadas. “Com as pastagens queimadas, a vaca não entra no cio e não temos cria. E como 40% do boi gordo sai da planície pantaneira, isso deve afetar o preço do boi gordo”, explicou.

SAIBA MAIS

Corumbá lidera a lista de municípios com mais focos de queimadas em todo o Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), na quinta-feira (12), foram registrados 42 focos. No acumulado de setembro, foram 676 focos e 3.180 no ano de 2019. Outros dois municípios do Estado também integram a lista de cidades com mais focos em setembro: 375 em Porto Murtinho e 293 em Aquidauana. O Estado está no nível de risco crítico para queimadas, o que levou o governo a decretar situação de emergência na quarta-feira (12), contemplando parte das áreas rurais dos municípios de Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Corumbá, Ladário, Bonito, Miranda, Porto Murtinho e Bodoquena. Na sexta-feira (13), o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) estendeu a proibição de queimadas controladas para as ações chamadas de profilaxia da lavoura, que são queimas de palhadas de cana pós-colheita, restos de florestas plantadas, sapecagem de troncos e queima de restos de culturas com pragas.

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Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

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A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

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Prefeita prevê conclusão das obras de saneamento básico na Homex em 60 dias

Segundo a Águas Guariroba, as obras iniciaram há 10 dias e até o momento foram instalados 3,5 km de rede de esgoto.

27/03/2024 16h45

Fotos: Gerson Oliveira

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Após anos de luta, cerca de 1,5 mil famílias que residem na comunidade Homex, localizada no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande, terão acesso ao sistema de saneamento básico de água e esgoto. A prefeita Adriane Lopes (PP) e o presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, realizaram uma visita técnica para inspecionar o andamento das obras iniciadas há dez dias. Segundo o cronograma, a previsão de conclusão é de 60 dias. 

Até o momento, foram instalados 3,5 km de rede de esgoto na Comunidade do Homex. O investimento, proveniente de uma parceria público-privada com a concessionária Águas Guariroba, é de aproximadamente R$8 milhões

De acordo com o diretor executivo das Águas Guariroba, Gabriel Brum, foram instalados 8,7 quilômetros de rede de água e outros 12 km de rede de esgoto na comunidade. 

"Esta é uma obra bem complexa por causa de diversas instalações que acabamos encontrando debaixo das casas. Infelizmente agora é uma dor de cabeça aos moradores, mas em breve será de muita alegria, porque o nosso objetivo é terminar em 60 dias",  relatou ao Correio do Estado.  

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A prefeita Adriane Lopes destacou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Ela ainda ressaltou que a disponibilidade de água tratada nas torneiras irá reduzir as filas nas unidades de saúde e, consequentemente, promover o bem-estar dos moradores

"Estamos avançando nessa obra de grande importância para a comunidade. São mais de 1,5 mil famílias, e cerca de 5 mil pessoas que terão saneamento que é vida", afirmou. 

Durante a apresentação do mapa das obras para a imprensa, o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, anunciou que, no primeiro mês após a instalação, não será cobrada tarifa de água e esgoto dos moradores.

"Além de não pagarem água e esgoto no primeiro mês, as famílias serão cadastradas na tarifa social. Vamos passar pela comunidade ensinando as famílias a consumir a água", explica Themis Oliveira.


Qualidade de vida 

Observando de longe o trabalho dos funcionários da Águas Guariroba, Clair Lopes, de anos, é residente da Comunidade do Homex há 8 anos, tentava entender o que estava acontecendo. Após a imprensa relatar que seria instalada uma rede de esgoto e água, ela ficou extremamente animada com a expectativa de ter água limpa na torneira. Junto com ela, moram quatro pessoas: seu marido, seu filho e uma filha que está grávida. 

"Nossa, que alegria ouvir isso. Será uma benção, é tudo que a gente queria, ter água limpa em casa. Meus netos todos já tiveram diarreia e agora vamos ter uma água boa para nós consumir", relatou.

Clair ainda expressou sua ansiedade por poder tomar um banho demorado, já que a família atualmente precisa se banhar com baldes.

"Não vejo a hora de poder tomar banho de verdade, ninguém merece ter que usar baldinho", relatou Clair.

 

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