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Grupos terroristas lucram com contrabando e tráfico na fronteira

Especialista da ONU aponta lucros de até US$ 43 bi de extremistas do Hezbollah na faixa entre MS - Paraguai

Da Redação

16/12/2018 - 09h20
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Nascida na Venezuela, mas radicada nos EUA, Vanessa Neumann recebeu das Organizações das Nações Unidas (ONU) uma missão há cerca de dez anos: analisar o movimento de facções criminosas e do tráfico de drogas e contrabando na América do Sul.

A escolha não era à-toa. 

A entidade via com preocupação não só a instabilidade política com a implantação de regimes de exceção da Bolívia e Venezuela, mas também o crescimento preocupante do tráfico de drogas, contrabando e de facções criminosas como Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho na zona da fronteira do Brasil com o Paraguai. 

Ou seja, em Mato Grosso do Sul.

Vanessa, que por anos foi consultora do risco para multinacionais europeias e norte-americanas investirem em territórios instáveis, desde então é integrante do Comitê Antiterrorismo da ONU. E seu trabalho acaba de gerar o livro “Lucros de Sangue”, lançado neste mês pela Editora Matrix. 

O diagnóstico: há evidências claras da aliança de grupos terroristas principalmente com o PCC para administrar rotas de desembarque de contrabando e embarque de cocaína e maconha para outros continentes, seja por meio terrestre ou aéreo. 

Um negócio imensamente lucrativo, de quase US$ 43 bilhões anuais (cerca de R$ 168,6 bi). 

“Dinheiro que os governos e a iniciativa privada desses países (Parguai e Brasil) nunca viram”, disse.

“Seguramente o PCC está cada vez mais infiltrado no Paraguai, onde mantém uma relação com o Hezbollah”, apontou Vanessa.

O 'Partido de Deus', em árabe, surgiu em 1982 como milícia e atualmente é uma organização política e paramilitar fundamentalista islâmica xiita sediada no Líbano. É considerado grupo terrorista pelo governo brasileiro.

Sua penetração na América do Sul, explica Vanessa, se fortalece na gestão de Horácio Cartes no Paraguai, entre 2013 e este ano, quando renunciou. Magnata do tabaco e dono de um conglomerado com mais de 21 empresas, o político é investigado por lavagem de dinheiro em seu país.

“As primeiras rotas de contrabando surgiram no Oeste da África. Uma vez aberto o caminho, também passam por ali seres humanos, armas e drogas. É uma dinâmica que se repete e tem a ver com a logística que acaba por financiar o terrorismo. Na Tríplice Fronteira há forte presença do Hezbollah, que contrabandeia cigarros graças a Horacio Cartes. A atividade lhes dá uma fonte de financiamento operada com competência. Daí, quando se deseja movimentar produtos ilegais, há gente que possui casas de câmbio, esquemas de lavagem de dinheiro e transporte não só até o porto de Santos (SP), mas até a África, o Oriente Médio e a Espanha. As agências de segurança apontam que eles atuam como uma empresa internacional de entregas expressas, como Fedex e UPS”, disse.

Em seu livro, Vanessa é categórica ao afirmar que o Brasil deveria sim considerar o PCC um grupo terrorista. 

“Os comandantes do Oriente Médio com quem conversei são terroristas. E o império criminal que eles integram é uma ameaça. Hoje eles apoiam o PCC, que começou como uma quadrilha de prisão e se tornou uma insurgência criminal. E se alguém sabe fazer uma insurgência é o Hezbollah. Seus integrantes ocupam territórios, obtêm armas e dinheiro em troca de cocaína. Os brasileiros até pensam que se tornaram poderosos, mas o Hezbollah pode dominar o PCC. Bastaria querer”, apontou.

Vanessa conta ter presenciado no Aeroporto Internacional Guaraní, em Assunção, a chegada de dois aviões por semana, um da China e outro de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, trazendo itens que não passam por nenhum controle e escancarando a faclitação por parte do Paraguai para o contrabando.

“O que chega logo é distribuído para as lojas de Ciudad del Este, Capitan Bado e Pedro Juan Caballero (essas últimas na fronteira com MS). 

Tanto que lá os letreiros das lojas estão em árabe e chinês, além de espanhol. Ali funciona um miniestado para o crime organizado de todas as partes do mundo.

Os chineses trazem os produtos e levam o dinheiro. Já de Dubai não sei o que trazem os aviões. Acredita-se que seja ouro ou dinheiro, de acordo com sua experiência no Oriente Médio.

Perto de Dubai está a Zona de Livre Comércio de Jebel Ali, onde traficantes e grupos terroristas financiados por entidades da Árabia Saudita e do Irã atuam, enviando recursos e produtos para a América do Sul. 

Lavagem de dinheiro

A lavagem de dinheiro na Tríplice Fronteira é como uma árvore com ramificações que servem para diferentes grupos. E a China, que tem uma porção importante de sua economia voltada para o tráfico de produtos, se aproveita desse ambiente. O que preocupa é que esse sistema na Tríplice Fronteira é muito estável, funcionando perfeitamente”, ponderou a agora escritora.

E por qual razões não há interferência das forças de segurança estadunidenses, visto que o combate ao terrorismo é marcado como prioridade por todas as gestões desde a do republicano George W. Bush e o atentado ao Pentagono, em Washington, e às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, no fatídico 11 de setembro de 2001? 

Vanessa pondera. 

Os EUA aprovaram uma lei em 2015, o Hezbollah International Financing Act (HIFA), que sanciona países ou empresas que financie o grupo. 

Um dos artigos prevê tráfico de cigarros, por exemplo. E os governos sul-americanos poderiam ter relações conômicas rompidas. No caso do Brasil uma situação impensável visto que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) não esconde a aproximação ideológica com Donald Trump.

“O DEA (departamento de drogas), o FBI e a CIA dos EUA têm mais com o que se preocupar, contanto que não exploda uma bomba ali (na fronteira). 

Porém, é preciso entender que muito do financiamento dos atentados vem de lá, onde há convergências. 

O irônico desses grupos é que apelam ao contrabando e ao tráfico para financiar suas operações, porém, quando os lucros chegam, há uma troca, com as armas sendo usadas para manter os negócios. 

A convergência vem por dois pontos. As sanções contra os apoiadores ficaram mais eficientes, tornando necessário criar negócios próprios. 

Outro ponto é a presença de facilitadores, que lavam dinheiro, possuem logística de transporte e bons advogados, fornecendo documentos e proteção. Se o celular de um facilitador for apreendido, veremos que os contatos com terroristas ultrapassam suas conexões com criminosos comuns”, explicou.

Bolsonaro e Trump

 

As relações de Bolsonaro com Trump poderiam sim também serem usadas para endurecer os caminhos de acesso dos traficantes e contrabandistas, um pedido feito pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ao juiz Sérgio Moro, futuro superministro da Justiça. 

E Vanessa entende que essa ação pode sim trazer instabilidade ainda maior à fronteira, algo além de simples execuções de lideranças criminosas. “Não haveria perigo de um atentado, pois seria catastrófico para os negócios. Todavia, no futuro, com tanta corrupção, ilicitudes e dinheiro envolvidos, alguma ameaça poderia provocar uma reação. Nunca poderemos dizer que estamos seguros”, disse. 

Vindo de uma especialista amplamente gabaritada, quem ousaria duvidar.

Reparos

Prefeitura irá notificar morador que modificou via para fugir dos buracos em bairro de Campo Grande

Secretaria Municipal, responsável por veículos que atolaram em rua "problemática" do Jardim Itatiaia, responsabiliza morador que fez a instalação de paralelepidepos por buraco onde mais de dez carros atolaram

17/04/2024 17h30

Para o morador Roberto Pinheiro que resgatou mais de dez veículos entre segunda e terça-feira a via com os parelelepípedos, na rua dos Estudantes era o único caminho transitável para que ele pudesse voltar para casa Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Após um morador cansado de esperar pelo asfalto instalar paralelepípedos para evitar buracos na rua dos Estudantes, no Jardim Itatiaia, a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), informou que irá notificar o munícipe.

A informação foi dada durante atualização da Prefeitura, na noite de terça-feira (16) no balanço de ações emergenciais de pontos críticos que foram afetados pela chuva. 

A rua dos Estudantes tem cruzamento com a Rua Conde de São Joaquim, onde desde o início da semana, em decorrência da chuva acima da média, mais de dez veículos atolaram, incluindo o caminhão e o trator da Sisep que estiveram no local no início da tarde para jogar cascalho na via

 "Outra via que a Sisep atuou foi na Rua Conde de São Joaquim, no Bairro Tiradentes, próximo à Avenida Três Barras. No local foi executado reparo emergencial para o fechamento da vala aberta pela enxurrada. Foi constatado que o problema nessa via foi provocado também por uma obra irregular executada por morador do bairro, que sem autorização colocou paralepípedos em um trecho da rua. O morador será notificado para retirar o material e depois a Sisep realizará serviços para melhorar as condições das vias locais", informou a Prefeitura.
 

 

 

 

Outro trator foi enviado até o local para "resgatar" os veículos da Sisep e finalmente o buraco na rua Conde de São Joaquim recebeu o cascalho, conforme relatou o morador Roberto Pinheiro dos Santos, de 34 anos, que relatou ao Correio do Estado que o local passou por vistoria de um engenheiro da Águas Guariroba. 

"Veio o rapaz da Águas, Guariroba, que também é engenheiro, aí disse que o secretário da Prefeitura está culpando ele da rede de esgoto que foi passada aqui, que foi uma má compactação dele, que ocasionou a abrir essa vala na rua", disse Roberto.

Com relação aos paralelepípedos na rua dos Estudantes, Roberto apontou que era o único caminho viável para chegar até sua residência quando o buraco abriu próximo à Avenida Três Barras.

"Se não fosse aqueles paralelepípedos, era meio impossível eu entrar em casa. Ter acesso àquela rua de casa, porque ali segurou muito o barro e os buracos, né? Você viu o fluxo de água tamanho que era. Então acho que ia ser mais improvável eu chegar em casa do que se não tivesse o paralelepípedo. O cara fez um benefício e está levando culpa aí, né? Aí a prefeitura quer achar um culpado, né?"

 

 

 

 

A reportagem entrou em contato com a Águas Guariroba, que informou que realizou a ligação da rede de esgoto em 2023 e implementou a rede na parte mais alta da via, justamente para evitar os pontos de erosões que são formados em decorrência da chuva. Veja a nota na íntegra:

"Águas Guariroba informa que as obras para implantação da rede de esgoto na Rua Conde de São Joaquim foram realizadas em março de 2023, portanto, há mais de um ano. Na época, a rede foi implantada na parte mais alta da via, sentido Avenida Três Barras, lado oposto ao da erosão. Após a implantação da rede, o solo foi recomposto e compacto, conforme normas da ABNT e, até o momento, não apresentou problemas. A concessionária reforça que o ponto da via que está apresentando erosões é o oposto de onde a rede de esgoto foi instalada e pondera como possível causa para a erosão o percurso da água da chuva, já que a via não possui rede de drenagem".

A Sisep respondeu por meio de assessoria que o trabalho emergencial na via foi feito durante a tarde da terça-feira (16) e sem mencionar prazo ressaltou que a administração municipal tem previsão de pavimentar as ruas do Jardim Itatiaia. Veja a nota na íntegra:

"Assim que a chuva deu uma pequena trégua na tarde desta terça-feira (16) a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) fez o trabalho emergencial para o controle da valeta aberta pela enxurrada na Rua Conde de São Joaquim. A administração municipal tem previsão de pavimentar vias no Jardim Itatiaia e aquelas que não forem asfaltadas nesta fase receberam cascalhamento. Assim que começar o período de estiagem serão intensificados os trabalhos de manutenção das vias sem asfalto".

Chuva acima da média

Nos últimos quatro dias, Campo Grande registrou a quantidade de chuva esperada para todo o mês de abril, com 89,4 mm observados pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (CEMTEC). Desde o dia 1º, a estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já notificou 130,8 mm, número 46,3% superior à média histórica.

 

** Colaborou Alanis Netto

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Cidades

Imasul convoca proprietários de imóveis no Pantanal com processos em andamento para adequação à lei

Proprietários que não fizerem os ajustes terão processo de licenciamento extinto

17/04/2024 16h30

SOS Pantanal/Divulgação

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O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) reforça a convocação de todos os proprietários de imóveis localizados na Área de Uso Restrito do Pantanal (AUR-Pantanal) e que possuam processos de licenciamento ambiental em tramitação, para procederem aos ajustes determinados pela Lei do Pantanal nos referidos Cadastros Ambientais Rurais (CAR), no prazo de 180 dias.

Esse prazo está valendo desde a publicação do Edital de Convocação no Diário Oficial do Estado (página 83), que aconteceu no dia 9 de abril.

"Se o proprietário não fizer os ajustes necessários no CAR, o processo de licenciamento é automaticamente extinto", explicou o diretor presidente do Imasul, André Borges.

Os proprietários ou seus representantes devem acessar o sistema do Imasul e carregar as informações necessárias, exigidas pela Lei do Pantanal, para só então seus processos de licenciamento terem seguimento junto ao órgão ambiental.

Essa providência é necessária porque, conforme esclareceu Borges, a Lei do Pantanal (Lei 6.160 de 18 de dezembro de 2023) descreve uma série de novos pontos sensíveis na paisagem pantaneira como os capões, cordinheiras, landis; também as salinas, as veredas e os meandros abandonados (espécies de ilhas por onde passavam rios e que, com a mudança de curso, ficaram cercadas por água).

Todas essas formações geográficas passam a ser protegidas, inclusive em seu entorno, e precisam ser identificadas no Cadastro Ambiental Rural das propriedades.

Anexo ao Edital de Notificação foi publicada a lista de 158 processos de licenciamento ambiental em andamento no Imasul, que são afetados pela medida.

Além desses nomes, os  requerentes com propriedades no Pantanal que têm processo em tramitação e não constam na listagem, devem protocolar requerimento no Imasul solicitando a abertura do sistema para proceder aos ajustes necessários nos respectivos Cadastros Ambientais Rurais.

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