O Governo de Mato Grosso do Sul se prepara para receber imigrantes venezuelanos que chegaram a Roraima nas últimas semanas por conta da crise política do país vizinho. O Estado possui o Comitê para Atendimento de Regugiados, Migrantes e Apátridas (Cerma) desde 2016 e já está em contato com o Governo Federal.
Conforme a titular da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast), que coordena o comitê, já há contato com Brasília sobre o assunto. “Não podemos ficar parados. Ainda não recebemos um comunicado oficial dessa necessidade de acolher os venezuelanos, mas já estamos em contato com Brasília. Mato Grosso do Sul não foi citado por acaso, mas pela excelência das suas ações”, afirma a secretária Elisa Nobre.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, citou Mato Grosso do Sul como possível destino de venezuelanos que chegaram a Roraima. O Estado ainda não recebeu nenhum venezuelano por conta da crise política atual.
Mas a secretária explica que o Governo sul-mato-grossense está se preparando para prestar auxílio humanitário aos refugiados e amenizar o impacto para quem vem e para quem mora em Mato Grosso do Sul. Ela descartou qualquer possibilidade de o Estado “fechar” as fronteiras. “Precisamos entender que eles não vêm para roubar postos de trabalho, mas para somar. Ninguém gosta de deixar a sua casa. Eles vêm por necessidade. Precisamos nos preparar, gestores e cidadãos”, diz.
O Comitê é constituído por 17 membros, sendo 12 governamentais e cinco de Organizações Não Governamentais (Ongs). Até hoje, já foram atendidas 320 pessoas, entre elas haitianos, indiano, colombianos, guineenses, palestinos, paraguaios, ugandenses, senegaleses, espanhol, uruguaios, alemão, peruano, argentino, bolivianos, cubanos, africanos, sírios, palestinos, venezuelanos, portugueses, chileno e panamenho. Entre os integrantes do comitê estão entidades como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Polícia Federal e instituições de ensino.
“Temos um trabalho de referência. Fizemos um trabalho muito grande com relação aos haitianos, em 2015. Muitos deles vieram a Mato Grosso do Sul para trabalhar no início da construção do Aquário do Pantanal. Recebemos de 2000 a 2500 haitianos, hoje são 1.200. Fornecemos alimentação, roupas, calçados, conseguimos intérpretes e fizemos encaminhamento de toda a documentação para eles permanecerem no país”, conta a secretária.
Ainda de acordo com a titular da Sedhast, apenas outros quatro estados brasileiros possuem comitês como esse: Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Já o município de Brasília possui um conselho.