Antes mesmo de entender os aumentos expressivos nas contas de luz dos últimos dois meses, o consumidor sul-mato-grossense pode ter de lidar com novos aumentos. Neste fim de semana, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu acionar usinas termelétricas mais caras para garantir o abastecimento de energia no País. A medida foi adotada em decorrência da seca e recordes de consumo, porém, vai refletir no bolso do consumidor.
De acordo com o comitê, o governo também deverá avaliar a possibilidade de importação da energia da Argentina e do Uruguai como recurso adicional para poupar água nos reservatórios das hidrelétricas.
Diante da previsão de prolongamento da estiagem, foram acionadas hoje térmicas com o custo de até R$ 588,75 por megawatt-hora (MWh), valor superior aos modelos usados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O reflexo da medida é que, embora Mato Grosso do Sul seja beneficiado com o aumento da arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do gás natural, ao uso das térmicas faz com que a bandeira tarifária saia do verde (sem cobrança adcional) para amarelo ou vermelho, com dois patamares.
A BANDEIRA
Nos meses de janeiro e fevereiro, a bandeira tarifária foi verde. A definição da cor é da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a cada mês, com base nos preços spot da eletricidade, influenciados pelas chuvas, e no nível de produção das hidrelétricas, conhecido no setor pela sigla “GSF”. Em caso de bandeira amarela, a conta de energia tem um acréscimo de R$ 1 para cada 100 quilowatt-hora. Já na bandeira tarifária vermelha, patamar 1, o acréscimo na conta é de R$ 3 para cada 100 quilowatt-hora consumidos; na de patamar 2, o aumento é de R$ 5.
Em nota, o CMSE informou que as condições de atendimento serão reavaliadas semanalmente - normalmente, as reuniões do comitê são mensais e garantiu que não há risco de desabastecimento no País. “O comitê reiterou a garantia do suprimento no ano de 2019 e destacou que há recursos energéticos disponíveis, inclusive além dos montantes já despachados de usinas termelétricas”.
REVISÃO TARIFÁRIA
No próximo mês devem iniciar as negociações para o reajuste tarifário da concessionária de energia elétrica Energisa. A expectativa é que o reajuste, que passa a vigorar em abril, passe dos 5%. Além disso, proposta que tramita no congresso pode fazer com que consumidores de todo o Brasil tenham um aumento médio de 5% na conta de luz em decorrência da cota social e também dos casos de furto de energia, conhecidos como “gatos”, na região Nordeste.
Em abril do ano passado, o reajuste na tarifa da Energisa, aprovado pela Aneel, foi de 9,87%, em média, sendo de 10,65% para imóveis residenciais e 7,91, para empresariais.