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Fazenda pode ter sido desmatada
sob efeito de liminar

Laudo do MPE detectou devastação de 855 hectares

Eduardo Miranda

03/07/2018 - 07h00
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O engenheiro agrônomo Élvio Rodrigues e sua esposa, a advogada Sônia Oliveira Rodrigues, podem ter desmatado a Fazenda Santa Mônica no período em que a Justiça proibia alterações na propriedade, localizada no Pantanal, na região do Alto Paraguai, entre os rios Piquiri e Taquari. 

Laudo emitido pelo Núcleo de Geotecnologias (Nugeo) da Procuradoria-Geral de Justiça identificou a retirada de 855 hectares de mata nativa da propriedade na aferição feita em 16 de novembro de 2017, 23 dias depois da liminar concedida pela juíza de Corumbá Luiza Vieira de Sá, que impedia a devastação de 20.526 hectares da propriedade rural, a qual tem uma área total de 38.398 hectares. 

O laudo do Ministério Público Estadual, que usa como base dados dos satélites Sentinel 2-A e Landsat-8, foi assinado pela assessora em ciências da terra e engenheira ambiental do órgão, Thais Gisele Torres Catalani,  em 19 de abril deste ano, e foi anexado pelo procurador-geral de Justiça Paulo Cezar dos Passos, no agravo interno que tenta reverter decisão do presidente do Tribunal de Justiça, Divoncir Schreiner Maran. 

O presidente do TJ derrubou os efeitos da liminar concedida pela juíza de 1ª instância, Luiza Vieira de Sá, e ainda revalidou licença ambiental do Instituto Ambiental de Mato Grosso do Sul (Imasul), liberando assim, o desmatamento da fazenda em 15 março deste ano. 

O governo do Estado precisou entrar em campo e fazer uso de seu órgão jurídico, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), para reverter a decisão da juíza de Corumbá. O mecanismo usado foi o raro “Pedido de Suspensão de Liminar”, ação que deve ser usada apenas em casos de grande relevância, em que a PGE encaminha pedidos diretamente ao presidente do Tribunal de Justiça, sem ter de passar por distribuição em câmaras cíveis ou criminais.

Diga-se de passagem, Élvio Rodrigues já havia tentado, sem sucesso, derrubar a decisão da juíza por meio de outro mecanismo, um agravo de instrumento, recebido somente em efeito devolutivo (que mantinha a proibição de desmatar dada pela juíza) pelo desembargador Fernando Mauro Moreira Marinho.

ESTADO & FAZENDEIRO

A PGE, em defesa do Imasul (e também de Élvio, produtor rural da cidade de Maracaju, mesma cidade do governador Reinaldo Azambuja; ambos são defendidos pelo mesmo advogado), alegou que “o laudo elaborado pelo autor não deve ser aceito por ter sido na fase inquisitorial”. Para o MPE, a autorização não observou o Zoneamento Ecológico Econômico do Estado de MS, as Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e o Código Florestal. 

Para justificar o uso de um mecanismo tão raro, o governo do Estado, por meio da PGE, alegou que o Imasul perderia, por ano, R$ 7 milhões em taxas pagas para emissão de licença ambiental, se tal decisão administrativa fosse suspensa pela Justiça.

Para efeito de comparação, só a Fazenda Santa Mônica custou a Elvio Rodrigues, R$ 25 milhões e, conforme o Correio do Estado levantou, o valor para reformar 20,5 mil hectares de pastagem (área similiar à zona urbana de Campo Grande) também fica na casa dos milhões.

A reportagem entrou em contato com Élvio, mas não obteve retorno.

* Matéria editada às 13h53 para correção de legenda da foto.

Fiscalização

Sefaz-MS envolve ícone global da joalheria em possível fraude milionária

Designer Ara Vartanian e advogado Augusto de Arruda Botelho, pedem à Justiça para impedir inquérito criminal sobre subfaturamento de joias em Mato Grosso do Sul

13/12/2025 05h00

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian Site oficial/reprodução

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O economista e joalheiro Ara Vartanian, sócio da Avartanian Comércio Ltda., ingressou com habeas corpus na Justiça de Mato Grosso do Sul para barrar a abertura de inquérito policial no qual poderá ser investigado por fraude tributária contra o fisco estadual.

O fisco sul-mato-grossense flagrou, em 1º de outubro deste ano, a empresa de Vartanian enviando joias com valor subfaturado para Cuiabá (MT). Na nota fiscal do carregamento, constavam 126 peças de joias avaliadas em R$ 1,9 milhão, mas, após contagem física realizada por auditores tributários da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul, verificou-se que o carregamento, na verdade, continha 248 peças de joias de alto padrão, avaliadas em R$ 22,6 milhões.

Para piorar, a empresa em Cuiabá que seria o destino das joias, a Fernando S. Perez Lerez Ltda., não possuía em seus registros qualquer vínculo com o comércio de joias ou de metais preciosos. A atividade principal da empresa é o comércio de móveis e, a secundária, a representação comercial.

Diante da constatação dos auditores tributários de Mato Grosso do Sul, a nota fiscal foi considerada inidônea. A Avartanian tentou, 12 horas após a apreensão, utilizar uma nova nota fiscal, desta vez com a discriminação correta dos produtos, mas já era tarde demais.

Em novembro último, o superintendente de Administração Tributária da Sefaz-MS, Bruno Gouveia Bastos, enviou notícia-crime à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações Falimentares e Fazendários (DEDFAZ), da Polícia Civil, para a abertura de inquérito criminal pela prática de crime tributário.

“Sobreleva ressaltar que os atos e fatos caracterizadores da infração tributária de que decorre a notícia-crime ultrapassam, em termos de gravidade, as fronteiras da própria infração, porquanto se tratam de evidências de fraude e de ilícitos fiscais tributários que adentram o campo do crime contra a ordem tributária”, argumentou o superintendente.

No mesmo documento, Bastos pede que a Polícia Civil desvende a real natureza e a finalidade da operação envolvendo o transporte das joias e identifique os partícipes envolvidos — inclusive eventuais beneficiários ocultos — na suposta fraude e nos possíveis ilícitos fiscais tributários.

O superintendente ainda solicitou que a Polícia Civil apure a possível existência de outros atos ou fatos da mesma natureza, ou até mesmo a ocorrência de um “esquema estruturado”.

Assinatura do pedido

O habeas corpus ajuizado por Ara Vartanian é assinado pelo advogado Augusto de Arruda Botelho, que ganhou notoriedade por integrar o Grupo Prerrogativas, formado por advogados de viés progressista.

Mais recentemente, Botelho voltou ao noticiário após viajar no mesmo jatinho que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli para Lima, no Peru, onde ambos assistiram, no mês passado, à final da Copa Libertadores da América entre Palmeiras e Flamengo.

A final ocorreu poucos dias antes da decisão de Toffoli de concentrar em seu gabinete as decisões para ampliar o sigilo da investigação da Polícia Federal sobre fraudes de bilhões de reais no Banco Master. Botelho é advogado de um dos envolvidos na investigação.

No caso do designer de joias Ara Vartanian, Botelho pede que a investigação sequer seja aberta pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele ancora seu pedido na Súmula Vinculante nº 24, que estabelece que crimes contra a ordem tributária somente se consumam com a constituição definitiva do crédito tributário, o que, segundo ele, não seria o caso da notícia-crime.

Por isso, no pedido de habeas corpus, Botelho alega que seu cliente foi submetido a constrangimento ilegal. O pedido foi distribuído ao Núcleo de Garantias da comarca de Campo Grande. Ainda não houve decisão.

O joalheiro

Ara Vartanian é um dos nomes mais respeitados e reconhecidos da joalheria contemporânea brasileira, com projeção internacional. Fundador da marca que leva seu nome, ele construiu uma assinatura própria ao romper padrões tradicionais da alta joalheria, criando peças autorais marcadas por design arquitetônico, inovação estética e uso ousado de gemas.

Seu trabalho ganhou destaque mundial especialmente pela releitura dos anéis de diamantes negros e pelo uso de cortes e cravações não convencionais, que ajudaram a reposicionar a joalheria brasileira no circuito global de luxo.

Formado em joalheria em instituições internacionais e herdeiro de uma tradição familiar no setor, Ara Vartanian transformou o ateliê em São Paulo em um laboratório criativo que dialoga com arte, moda e arquitetura. Suas joias são usadas por celebridades e vendidas em mercados estratégicos como Estados Unidos, Europa e Ásia, consolidando sua reputação como referência global em alta joalheria autoral.

Mais do que criar peças, Ara é visto como um inovador que ampliou os limites estéticos da joia, tornando-se um ícone da joalheria contemporânea.

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Cidades

Petroleiros mantêm início da greve nacional dos petroleiros para a segunda-feira, 15

A Petrobras diz que respeita o direito de manifestação dos empregados

12/12/2025 22h00

Crédito: Fernando Frazão / Agência Brasil

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos reafirmaram nesta sexta-feira, 12, que está mantida a deflagração de uma greve nacional a partir da zero hora de segunda-feira, 15. A Petrobras disse que segue aberta à negociação.

A decisão foi tomada na última quarta-feira, após a apresentação, pela companhia, de uma segunda contraproposta para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), considerada insuficiente pelas entidades que representam a categoria. O comunicado de greve foi enviado à empresa nesta sexta.

A Petrobras diz que respeita o direito de manifestação dos empregados e, em caso de necessidade, adotará medidas de contingência para a continuidade de suas atividades.

Divergência

A FUP diz que o ACT não avança nos três pontos centrais discutidos desde o início das negociações e, por isso, os sindicatos notificarão nesta sexta a empresa sobre a paralisação A agenda de reivindicações inclui os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.

A FUP e seus sindicatos afirmam que, além de não apresentar respostas conclusivas sobre o tema, debatido há quase três anos com o governo e entidades de participantes, a Petrobras não trouxe soluções consistentes para outras pendências acumuladas durante o processo de negociação.

A proposta de aprimoramento do plano de cargos e salários e garantias de recomposição sem aplicação de mecanismos de ajuste fiscal e o fortalecimento da Petrobras são os outros dois pontos que motivam a paralisação.

Desde a quinta-feira, um acampamento foi montado em frente ao prédio da Petrobras no Rio de Janeiro. A estatal diz manter um "canal de diálogo permanente com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas promovidas".

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