Cidades

APROVADO PELA ANVISA

A+ A-

Especialistas são favoráveis ao uso de medicamentos à base de maconha, mas com cautela

Regulamentação do registro e da venda dos medicamentos foi aprovada pela Anvisa

Continue lendo...

Em decisão votada nesta terça-feira (3), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, por unanimidade, a regulamentação do registro e da venda de medicamentos à base da cannabis em farmácias e drogarias do país. Para especialistas, a mudança deve trazer diversos benefícios para pacientes que necessitam do tratamento, mas apontam que ainda são necessários estudos para maior compreensão das aplicações e possíveis efeitos dos medicamentos.

Na prática, a medida que entra em vigor em 90 dias autoriza empresas a fabricarem produtos da cannabis em território nacional, assim como a comercialização em farmácias, o que amplia a possibilidade do uso medicinal. Entretanto, o extrato da cannabis deve ser importado, já que, em uma segunda votação finalizada na tarde de hoje, a diretoria da Anvisa decidiu que o cultivo da planta, mesmo que para uso na indústria farmacêutica, segue vetado. 

De acordo com Adam Macedo Adami, farmacêutico e assessor técnico do Conselho Regional de Farmácia do Mato Grosso do Sul (CRF-MS), a posição sobre a normativa é favorável. “O produto tendo qualidade e prescrito por um médico a gente não vê nenhum impedimento. Esses medicamentos ajudam muitas crianças e adultos também, são produtos que outros países já comercializam e uma opção a mais para doenças graves”, afirma. 

Quanto aos benefícios, Adami aponta registros de melhora superior aos 80% em casos severos de epilepsia e convulsão em crianças. Na longa lista de possíveis usos para os produtos à base de cannabis estão tratamentos para esquizofrenia, alzheimer, depressão, fibromialgia e esclerose, tendo também uso potencial para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). 

A falta de estudos nacionais sobre o medicamento e suas aplicações é apontada como ressalva principal pelo representante do CRF-MS. “Existem artigos internacionais sobre o assunto, mas ainda faltam estudos, principalmente nacionais. O que se espera é que a prescrição seja feita por especialistas, como neurologistas e neuropediatras, que tenham o conhecimento de dosagens, dos compostos e possíveis efeitos colaterais”, explica. 

Para exemplificar, o farmacêutico cita os dois principais canabinoides utilizados, o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC). “Há produtos com as duas composições. No caso dos que contém THC, há a divisão entre os que possuem baixo teor, de 0,2%, e acima deste teor, destinados para pacientes com câncer terminal, por exemplo. Os produtos de alto teor não são recomendados para crianças pelos efeitos nocivos do THC. Já o CBD é amplamente utilizado em crianças com epilepsia, por exemplo. Por isso é necessário o conhecimento e a cautela para a prescrição médica”, ressalta Adami.  

Carolina Spínola é mãe de gêmeos de 12 anos com autismo que utilizam a medicação à base de cannabis há seis anos. “Acho que o mais importante é não me sentir como se estivesse cometendo um crime, como me sentia há pouco tempo atrás. Ainda não é a conquista tão esperada, mas as normas começam a ficar menos rígidas”, analisa. 

Segundo Carolina, os gastos com remédio importado chegaram aos R$8 mil por mês. Atualmente, a família utiliza o óleo da planta através de extração artesanal. Para as crianças com autismo, o medicamento traz melhoras na concentração, ansiedade, irritabilidade, falta de atenção, agressão e insônia. “Nós estamos muito felizes e com grande esperança que daqui para frente ocorram ainda mais melhorias, que o remédio fique mais acessível para a população, não dependendo só dos importados”.  

Spínola, que também é jornalista e pedagoga especialista em comportamento associado ao autismo e outras deficiências intelectuais, é diretora do Núcleo Verde Campo Grande, grupo ligado à Sociedade Brasileira de Estudos sobre a Cannabis (SBEC), que possui atuação em todo o país. Entre os membros participantes no núcleo sul-mato-grossense estão um engenheiro agrônomo, farmacêutico, bióloga, neurologista e psiquiatra, entre outros, além de interessados nos benefícios do medicamento. O grupo visa promover apoio regional para os pacientes e levar informação sobre o assunto através da pesquisa científica.  

No mês passado, em Campo Grande, organizações como o Núcleo Verde de Campo Grande, a Associação de Pais e Responsáveis Organizados pelos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (Pro D Tea) e o Grupo Florescer – Pacientes de Cannabis e Saúde, promoveram a 1ª Caminhada pela Aprovação da Cannabis Medicinal em Campo Grande. Na ocasião, diversos profissionais e famílias foram às ruas em caminhada a favor da favor da medicação com base na Cannabis Medicinal. Com panfletos, faixas e conversas, o grupo se reuniu na praça do Rádio Clube, para conscientizar quem passava pelo local, além de combater o preconceito e desconhecimento sobre o tema.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

Continue Lendo...

A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

Continue Lendo...

A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

Assine o Correio do Estado.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).