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Escolas particulares da Capital podem demitir 5 mil profissionais

Avanço da pandemia em Campo Grande pode inviabilizar retorno das atividades; donos de escolas falam em catástrofe

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A crise gerada pela pandemia de Covid-19 pode levar as escolas particulares de Campo Grande a terem de demitir até cinco mil funcionários. Sem atividades presenciais desde o dia 23 de março por causa de decreto estadual, o setor espera conseguir reabrir em agosto para tentar conter os danos.

Segundo o presidente da Associação de Instituições de Ensino Particular de Campo Grande, Lúcio Rodrigues Neto, essas demissões já começaram e, até agora, três escolas encerraram definitivamente suas atividades por terem perdido muitos alunos.

A pior situação se encontra na Educação Infantil, em que não é obrigatório que as crianças estejam matriculadas em uma escola. A entidade estima que pelo menos dois mil alunos desse grupo tenham deixado as escolas por conta da paralisação das atividades presenciais.

Rodrigues Neto conta que, na sua escola, apenas duas crianças seguem matriculadas no Maternal 1, que abriga crianças de 1 a 2 anos. Uma é sua filha, e a segunda é de uma funcionária da escola, que tem bolsa integral. Mesmo assim, a funcionária responsável pela turma continua na instituição.

“A permanência desse fechamento pode criar um colapso no sistema educacional e na sociedade, porque muitos professores podem ser demitidos e, dependendo, alguns deles podem vir a passar por necessidades por dificuldade em encontrar empregos. Estimo que de três a cinco mil profissionais podem ser demitidos em curto espaço de tempo”, declarou o presidente da Associação.

INCOERÊNCIA

O setor tinha expectativa de voltar ao funcionamento neste mês, entretanto, por conta da aceleração no número de contaminações na Capital, a administração do município decidiu estender até o dia 31 de julho o decreto de volta às aulas das redes pública e privada, mesma determinação do governo do Estado.

Para o presidente da Associação, entretanto, a medida não tem sido justa com o setor da educação porque, segundo ele, outros lugares onde existem riscos até maiores de contágio permanecem abertos. 

“As escolas não contribuíram com a pandemia. Esse aumento de casos não está relacionado com as instituições de ensino. Então, porque só elas permanecem fechadas e temos escolas de inglês abertas, escolas de reforço abertas, cursos preparatórios abertos? O problema é a incoerência das aberturas aqui no nosso Estado. Tivemos abertura dos bares há muito tempo. Academias e igrejas estão abertas aqui”.

APRENDIZAGEM

Proprietário de uma escola na Capital, Rodrigues Neto cita pesquisas feitas em outros países para embasar sua tese. “As sociedades francesa e dos Estados Unidos de pediatria já publicaram pesquisas que mostram que as crianças têm menor propensão para terem o vírus e para evoluírem a casos mais graves, a não ser as que já têm alguma doença”.

Em publicação da Academia Americana de Pediatria (AAP), a entidade afirma que as crianças aprendem mais nas escolas do que fora delas e recomenda a volta, entretanto, com medidas de biossegurança estabelecidas. Em outra pesquisa, desta vez da Associação Médica do Texas, as escolas são categorizadas como risco moderado para o contágio por Covid-19.

“O maior problema para o setor aqui tem sido a falta de horizonte. Como vamos fazer um planejamento se não tem uma organização, se as escolas não conseguem nem dar férias para os servidores porque não sabem quando voltam. E se der férias e amanhã voltar?”, questiona Rodrigues.

CRÉDITO

A esperança do setor agora, para não ter ainda mais falências, é a de que o Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) seja ampliado, para que elas possam solicitar financiamento. “Se não conseguirem, vão fechar e demitir, vai virar um caos. Praticamente todas as escolas estão em crise, daqui para frente, elas vão ter de fazer demissão, chegou no limite, não tem para onde correr”.

Ainda este mês, uma reunião entre o setor e a prefeitura deverá ocorrer para definir os rumos da reabertura. Para o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, neste momento não há base científica para a reabertura.

“Se continuarem aumentando o número de casos e a ocupação dos leitos, não têm condições de abrir. Isso iria contra, inclusive, o que a prefeitura tem feito, com toque de recolher mais cedo. Esse não é momento de voltar, e acredito que em agosto vai ser muito difícil que isso ocorra nessa situação que estamos, com apenas 21 dias até lá”, declarou o profissional.

O médico afirmou que concorda com a escala de periculosidade feita pela Associação Médica do Texas, mas, mesmo assim, não acha que seja o momento para pensar em aberturas. “Na minha opinião, temos de fechar o máximo de atividades e observar a curva – quando ela estiver descendo, aí sim, [as escolas] podem abrir de forma gradual”.

Saúde

Anvisa tem maioria para manter proibição de cigarros eletrônicos

Medida está em vigor desde 2009

19/04/2024 20h00

Sarahjohnson/ Pixabay

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A maioria dos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) votou nesta sexta-feira (19) por manter a proibição aos cigarros eletrônicos no Brasil. Com esse placar, continua proibida a comercialização, fabricação e importação, transporte, armazenamento, bem como de publicidade ou divulgação desses produtos por qualquer meio, em vigor desde 2009. 

Dos cinco diretores, três votaram a favor da proibição. Faltam os votos de dois diretores.

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), conhecidos como cigarros eletrônicos, são chamados de vape, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar e heat not burn (tabaco aquecido). Dados do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel 2023) revelam que 4 milhões de pessoas já usaram cigarro eletrônico no Brasil, apesar de a venda não ser autorizada.

O diretor-presidente da Anvisa e relator da matéria, Antonio Barra Torres, votou favorável à manutenção da proibição desses dispositivos.

“O que estamos tratando, tanto é do impacto à saúde como sempre fazemos, e em relação às questões de produção, de comercialização, armazenamento, transporte, referem-se, então, à questão da produção de um produto que, por enquanto, pela votação, que vamos registrando aqui vai mantendo a proibição”.

Antonio Barra Torres leu por cerca de duas horas pareceres de 32 associações científicas brasileiras, os posicionamentos dos Ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Fazenda e saudou a participação popular na consulta pública realizada entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano, mesmo que os argumentos apresentados não tenham alterado as evidências já ratificadas pelos diretoras em 2022.
Em seu relatório, Barra Torres se baseou em documentos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da União Europeia, em decisões do governo da Bélgica de proibir a comercialização de todos os produtos de tabaco aquecido com aditivos que alteram o cheiro e sabor do produto. Ele citou que, nesta semana, o Reino Unido aprovou um projeto de lei que veda aos nascidos após 1º de janeiro de 2009, portanto, menores de 15 anos de idade, comprarem cigarros.

Ele mencionou ainda que a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (U.S Food and Drug Administration) aponta que, mesmo com a fiscalização, há comércio ilícito desses produtos.

O diretor ainda apresentou proposições de ações para fortalecimento do combate ao uso e circulação dos dispositivos eletrônicos de fumo no Brasil. 
 

Cidades

Justiça recusou 6 pedidos de tratamento para réu que morreu na prisão, diz advogado

José Roberto de Souza, acusado de matar o empresário Antônio Caetano de Carvalho durante audiência no Procon, morreu de complicações causadas por uma pneumonia

19/04/2024 18h30

Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Defesa do ex-policial militar reformado, José Roberto de Souza, que morreu nesta manhã em decorrência de complicações causadas pela Influenza tipo A, alega que a Justiça recusou seis pedidos de atendimento médico ao réu nos últimos oito meses.

O ex-pm está preso desde o dia 16 de fevereiro de 2023, três dias após o crime que resultou na morte do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, no Procon/MS.

A defesa foi informada da morte por volta das 11 horas da manhã desta sexta-feira (19). O último pedido para tratamento médico havia sido feito pouco antes da morte de José, às 8h.

"Este caso deixa tanto a mim quanto a minha equipe, em uma situação extremamente triste, até com uma sensação de impotência. Porque eu e o doutor Jackson, que foi quem manuseou grande parte dos pedidos desde que aconteceu aquele fatídico problema no Procon, temos informado ao juiz da segunda vara do tribunal do júri as complicações físicas da doença que o nosso cliente possuía", declarou o advogado de defesa, José Roberto da Rosa.

Segundo o advogado, além de problemas psiquiátricos, o réu possuía doença renal crônica e diabetes, além de complicações cardíacas. O primeiro pedido para atendimento médico de José foi feito em setembro do ano passado, mas recusado, já que o Ministério Público teria alegado que a defesa não teria conseguido provar que o cliente estava doente.

"Chegou em um ponto que nós interpusemos um habeas corpus junto ao tribunal, não obtivemos a prestação jurisdicional, e antes da saída para o final do ano [2023], nós ingressamos com outro habeas corpus, mais precisamente no dia 22 de dezembro, onde havíamos dito que o nosso cliente estava doente e precisava de tratamento", acrescentou Rosa.

A única medida tomada pela Justiça, segundo o advogado, foi retirar o réu do presídio militar, onde ele não estava recebendo os tratamentos adequados - por falta de escolta e por falta de médicos -, para transferí-lo a outra unidade penal "comum", onde ele poderia receber atendimento médico especializado.

"Ao invés de determinar que ele fosse tratado, o Tribunal de Justiça tirou a condição dele de policial militar e o direito de estar no presídio militar, e o mandou para um presídio comum. Aí ele ficou no Centro de Triagem, com o atendimento dos médicos", explicou o advogado. 

Na última semana, os advogados foram visitar José, que pediu por socorro. Ele teria pedido "doutor, eu preciso de atendimento médico".

"E todos os pedidos rechaçados pelo juiz da segunda vara do tribunal do júri. O habeas corpus, que nós entramos em dezembro do ano passado, até hoje não foi posto em mesa para julgamento. Então, é uma decepção enquanto advogado", afirmou Rosa.

Segundo o advogado, a morte de José pode ser colocada na conta do Poder Judiciário.

"A  conta sobre a morte desse homem é exclusivamente debitada ao Poder Judiciário. Talvez agora, com a certidão de óbito, a gente consiga provar que o nosso cliente estava doente, porque foram oito meses de peticionamento em que promotor disse que nós não conseguimos provar que o nosso cliente estava doente, onde todos os pedidos que foram encaminhados, o juiz de direito, que oficia perante a segunda vaga do Tribunal do Júri, disse que não ia liberar ele para tratamento. Então agora eu vou juntar a certidão de óbito para mostrar que nós tínhamos razão", disse o advogado.

O advogado quer que a família da vítima entre com um processo para culpabilizar o Estado.

"Infelizmente, agora não adianta mais autorizar o tratamento. Ele morreu hoje em decorrência do quadro agravado pelo problema renal crônico. Ele foi contaminado com influenza dentro do presídio, porque o sistema imunológico dele estava muito comprometido, o tratamento que ele precisava receber, ele não recebeu, e infelizmente hoje ele não aguentou", finalizou.

O Crime

No dia 13 de fevereiro deste ano, o empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, foi morto a tiros pelo policial militar reformado, José Roberto de Souza, durante audiência de conciliação realizada no Procon.

A vítima era proprietária da empresa Aliança Só Hilux, especializada em peças de Hilux e SW4, que havia realizado a troca do motor de uma SW4 para José Roberto.

Durante a primeira audiência de conciliação, realizada na sexta-feira anterior, dia 10 de fevereiro, José Roberto pediu que Caetano entregasse as notas fiscais referentes aos serviços prestados pela empresa para a troca do motor de seu veículo blindado, trabalho avaliado em quase R$ 30 mil.

Aproveitando as tratativas, Caetano cobrou do cliente R$ 630 reais devidos, referentes a uma troca de óleo realizada no ano anterior. Na segunda audiência, então, Caetano levaria as notas fiscais e José Roberto o dinheiro que devia.

No entanto, após uma desavença logo no início da audiência de conciliação, José Roberto efetuou três disparos contra Caetano, dois na cabeça e um na nuca. A vítima morreu no local.

Três dias após o crime, José Roberto de Souza se apresentou à polícia.

primeira audiência que investiga o caso foi realizada no dia 3 de julho do ano passado, e ouviu testemunhas de acusação e defesa. Oito pessoas prestaram depoimento, sendo duas delas funcionárias do Procon, uma advogada que presenciou o crime, um funcionário da vítima, o investigador da 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, responsável pelo caso, o filho da vítima e dois conhecidos de longa data do acusado.

Valéria Christina, a conciliadora que trabalhava com o caso, não compareceu para prestar depoimento. Segundo informado durante a audiência, a servidora foi transferida para outro órgão após o ocorrido, e segue afastada desde então por questões de saúde.

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