Com 107% de ocupação em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), pacientes em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Campo Grande continuam à espera de uma vaga hospitalar que não chega.
A secretária Marilza Silva, 43 anos, relatou ao Correio do Estado que há uma semana, passa os dias na UPA Coronel Antonino, em busca de uma transferência para o marido, positivo para a Covid-19.
Apreensiva, Silva afirmou que de ontem (3), para hoje, dois pacientes que estão na mesma situação de seu marido morreram sem a vaga em uma UTI. “O boletim com informações não sai, o médico não fala conosco para dar uma notícia, a assistente social também não dá uma posição, está um verdadeiro caos nessa UPA”, afirmou.
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Marilza ressaltou que por possuir pressão alta, o quadro do esposo só se agrava.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apontam que em todo o Mato Grosso do Sul, 291 pessoas estão na fila de espera por uma vaga hospitalar.
A situação é ainda mais grave na Capital, que conta com 166 enfermos na fila por um leito clínico ou de UTI nesta sexta-feira.
Questionado sobre a possibilidade de ampliar a oferta de leitos de UTI, o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), afirmou que o município está fazendo todo o possível no enfrentamento à pandemia.
"Estamos buscando alternativas para aliviar a dor dos campo-grandenses. Nós recebemos a cidade com 116 leitos de UTI, hoje, nós estamos com 338 leitos de UTI", afirmou o prefeito.
Apesar da macrorregião da Capital operar com 107% de ocupação, Trad descartou lockdown e atribuiu o pico de internações aos pacientes do interior.
"É certo que 40% das pessoas que estão ocupando leitos de UTI aqui, não são da Capital", disse Trad.
A macrorregião de Dourados opera com 62 pacientes à espera de um leito. Pela Central de Regulação do Estado (Core), 34 sul-mato-grossenses estão na fila por uma vaga hospitalar.
Pela falta de leitos, a SES transferiu hoje mais nove pacientes com Covid-19 para Porto Velho, capital de Rondônia.
Os doentes são residentes de Dourados e Eldorado, sendo cinco mulheres com idades de 79 anos, 68 anos, 58 anos, 52 anos e de 29 anos e quatro homens de 29 anos, 55 anos, 51 anos e 32 anos.
O transporte aéreo da Força Aérea Brasileira (FAB) segue até às 18h. Na última quarta-feira (2), um paciente do município de Bonito foi encaminhado à Porto Velho.
Hospital Regional
Com superlotação, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), referência no atendimento à Covid-19 opera no limite de sua rede de oxigênio com 139 pacientes em suporte respiratório.
Destes, 125 estão entubados e 14 respiram com o auxílio de cateter de oxigênio.
Por essa razão, a suspensão de regulação de vagas para pacientes que necessitem de ventilação mecânica instituída na noite de quinta-feira (3), permanece no hospital.
A diretora-presidente do HRMS, Rosana Leite de Melo relatou que a instituição só vai admitir nas próximas horas, pacientes que necessitem de cateter de oxigênio.
"O problema não é a reserva de oxigênio e sim a estrutura física do hospital que não comporta tantos pacientes dependendo de oxigênio. Estamos com 139 pacientes, nosso limite são 140, e temos enfermos em máscara com alto fluxo, e estes, podem evoluir para entubação”, relatou Leite.
De acordo com o último boletim da SES, Mato Grosso do Sul possui 1.303 pessoas internadas com Covid-19.
Destes, 761 estão em leitos clínicos. Em situação mais grave, 542 estão hospitalizados em UTIs.
Em MS, 298.091 pessoas já foram contaminadas pela Covid-19. No total, 7.032 pessoas morreram em decorrência da doença no Estado.