Os atuais e futuros moradores da Rua Martine de Moraes no bairro Rita Vieira, em Campo Grande, vivem um transtorno diário. Uma parte da via - cerca de um quilômetro - não tem pavimentação asfáltica, não tem iluminação pública e rede de abastecimento de energia, além da falta de coleta de lixo. Com a rua totalmente sem iluminação tem sido algo de vândalo que jogam lixo e também esconderijo para usuário de drogas, confirma a proprietária de uma chácara que tem no local EmíliaThal, de 68 anos.
“Tem 40 anos que tenho essa chácara aqui. Nessa rua eu pago dois IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), taxa de lixo e iluminação. Eu não tenho coleta de lixo porque o caminhão não passa aqui e não tem iluminação”, destaca.
De acordo com ela, para conseguir o abastecimento de energia foi preciso que colocasse um gerador no fundos da chácara ligado na rede de distribuição da rua de trás. “O relógio fica nos fundos. Se não tem ninguém o funcionário da Energisa passa e não faz a leitura. A conta vem por histórico de consumo, faz pela média”, reclama.
Ainda conforme relato de Emília, ela já buscou várias vezes a Prefeitura de Campo Grande para que fosse instalados postes de iluminação na via e a rede de abastecimento. “Eles falaram que tem que instalar 30 mil lâmpadas na cidade e não tem dinheiro. Eu conheço todo mundo da ouvidoria, secretaria de Obras, de tanto que vou lá. O projeto para colocar a energia ficou em R$ 94 mil e disseram que não tem dinheiro”, ressaltou.
Quem também sofre com a falta de serviços na rua é o casal Arnaldo Souza Lima, de 49 anos, e Aparecida Ribeiro, de 53 anos, eles moram em uma casa cedida pela igreja que fica na rua Roterdam - rua de trás da casa - e só tem luz elétrica na residência porque a igreja fornece. “Aqui quando a gente tem que ir ao médico no centro saímos de madrugada, não tem como ver nada. Fica gente usando droga nesses matos, já queimaram até carro aqui na rua”, afirmou Aparecida.
Há um ano a dona de casa Francielle Ketlin Silva Carvalho, de 28 anos, junto com seu esposo comprou um terreno na rua, mas não conseguem construir porque não tem abastecimento de energia na via. “Todos os dias pegamos gente jogando lixo, usando drogas, fazendo a rua de motel. Por não ter iluminação é muito perigoso, assaltos são constantes. Se começarmos a construir do jeito que está é capaz de levarem tudo”. Ela contou ainda que o marido fez faixas pedindo para que não joguem lixo na rua, mas não adiantou. “Foram todas picotadas em menos de uma semana e ainda entraram dentro do meu terreno e jogaram um monte de lixo para nos amendontrar!”.
Em nota a assessoria de imprensa da Energisa - responsável pela distribuição de energia em Campo Grande - informou que a responsabilidade pela implantação é avaliada considerando os critérios da Resolução Normativa ANEEL 414/2010. “Sendo analisada - caso a caso - mediante as documentações apresentadas pelo interessado.
A solicitação de fornecimento pode ser feita em qualquer agência de atendimento (solicitar ligação nova em perímetro urbano). É preciso apresentar documentos que comprovem a posse do imóvel”, destacou. A prefeitura foi procurada, mas não respondeu a demanda.