Cidades

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Em ministério, Mandetta vai priorizar atenção básica de saúde

Escolhido por Bolsonaro, deputado fala em melhorar os índices de gestão clínica

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O futuro ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), afirmou ter como meta, caso efetivamente chegue ao ministério, priorizar a atenção básica de saúde no País. Em entrevista ao Correio do Estado, Mandetta, que já foi secretário de Saúde em Campo Grande, destacou que “está” deputado e, nesta condição, vem fazendo nos últimos oito anos uma análise de praticamente todos os projetos que impactam a área de saúde. Também nesses oito anos frequentou a Comissão de Saúde do Parlasul, em que pôde conhecer a realidade do setor não apenas no Brasil, mas também nos países vizinhos.

Mandetta ressaltou que os números da saúde no Brasil são superlativos, mas os problemas também são superlativos. Segundo ele, a experiência acumulada na Saúde de Campo Grande, por exemplo, foi muito intensa, inclusive a experiência de ter presidido a Unimed, um sistema de saúde suplementar. 

Para ele, esse conjunto de experiências o leva a ter um olhar extremamente qualificado entre a visão executiva, como secretário, e com os oito anos de Legislativo. “É  com essa experiência que a gente vai chegar para tentar fazer um resgate de algumas políticas que deveriam ter sido muito mais priorizadas, a principal delas é a atenção básica.” 

Ele explicou que, até mesmo pela interrupção de políticas, tem-se percebido indicadores piorando, quando deveriam estar melhorando. “A gente assistiu ao retorno da febre amarela em São Paulo,  a cobertura vacinal brasileira caiu, estamos com um surto de sarampo na Região Norte e temos uma fragilidade nos nossos sistemas de fiscalização e monitoramento”, alertou o futuro ministro.

Segundo ele, “são políticas que podem e terão que ser feitas com a estrutura que já está aí, basta decisão política e a organização da rede para que ela retorne ao seu padrão de qualidade”. 

Mandetta enfatizou que, “quando a gente fala de gestão, é preciso lembrar que não se trata só de recursos”. Conforme explicou, é preciso olhar para as gestões administrativa e financeira, mas também não se esquecer de que existe a necessidade de atenção à gestão clínica. 

“Nessa área, o País praticamente não andou. A gestão clínica precisa ser trazida para indicadores de resultados. Ou seja, tudo aquilo que se fizer no setor terá, necessariamente, que produzir algum resultado”, destacou.

Ele citou, por exemplo, no caso da diabetes, o acompanhamento dos pés diabéticos.  Se este acompanhamento de controle efetivamente for feito, espera-se que haja uma redução do número de internações e amputações – isso  é gestão clínica. “Nisso a gente andou muito pouco. Ainda é muito incipiente”, frisou, destacando que esse tipo de gestão ajuda na melhoria dos indicadores da saúde. 

 

UNIDADE DO TRAUMA

Ao ser questionado sobre o funcionamento da Unidade do Trauma da Santa Casa de Campo Grande, na qual cerca de 70 leitos ainda estão inativos, Mandetta mencionou que, quando era secretário de Saúde, “a unidade dentro do complexo Santa Casa era o exemplo de tudo o que não deveria ser feito”. Ele ressaltou, ainda, que a obra começou e ficou parada por muito tempo, inclusive pelo fato de o projeto original ser para uma maternidade. 

O futuro ministro de Bolsonaro disse que a Santa Casa arrumou um convênio para fazer  no local uma maternidade; para isso, seriam realizados serviços de reforma e ampliação. “No meio do caminho, decidiu-se que não mais seria maternidade, mas unidade de trauma. Não mudaram convênio com o Ministério da Saúde. Obviamente, quando veio a fiscalização, embargou-se a obra”, disse.

Conforme Mandetta, houve muito trabalho para acertar a situação, o que exigiu uma atuação em conjunto entre as secretarias de Saúde, conselhos de Saúde, Ministério da Saúde, Ministério Público e outros. A partir disso, surgiu o acordo de que, no local,  só poderia haver atendimento de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Nos últimos anos, tem-se tentado acertar esses pontos. “Acertado o custeio, agora falta trabalhar para o pleno funcionamento da unidade. Terá que trabalhar na sua totalidade. Lá, enquanto ministro, se chegar ao Ministério da Saúde, pode ter certeza de que a União não ficará distante de um assunto como esse. Até mesmo porque, se está vindo dinheiro federal, tem que funcionar, ou dizer por que não está funcionando”.

DÍVIDA DA SANTA CASA

Quanto à dívida da Santa Casa, que hoje é de aproximadamente R$ 210 milhões, e sobre o esforço do governo federal para ajudar as santas casas de todo o País em situação semelhante, Mandetta afirmou que, em 2012, quando foi presidente da Comissão de Seguridade Social, analisou por dez meses as dívidas das filantrópicas e constatou que elas chegavam a R$ 15 bilhões e estavam crescendo R$ 1,3 bilhão ao ano. “Fomos ao governo federal e dissemos que isso não poderia ficar assim, precisava ser enfrentado”. 

Conforme explicou, todos os enfrentamentos propostos não foram suficientes para resolver o problema. Agora, está em discussão o uso de recursos via FGTS, onde o custo da  dívida cairia dos 22% do mercado para 8% ou 9%, mas ainda não há uma questão fechada sobre essa alternativa. “Está sendo analisada a viabilidade”. 

Mandetta afirmou que, no País, há algumas experiências de gestão que são um primor, outras, porém, enfrentam problemas. Para o futuro ministro, “é preciso  sanear as dívidas existentes, é preciso cuidar das determinantes dessas dívidas dali para frente; senão, não vai adiantar nada”.

SAIBA MAIS

Sobre o programa Mais Médicos, Mandetta voltou a afirmar que era um convênio entre Cuba e o PT, e não entre os dois países. Com a saída dos médicos cubanos e abertura de novas inscrições para brasileiros, o futuro ministro defendeu a importância de se redimensionar a questão, olhando para as necessidades de cada município.

 

 

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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