Cidades

MEIO AMBIENTE

Em duas décadas, lagos do Amor e de parque podem desaparecer

Pesquisadores dão sobrevida de 17 anos, a exemplo do que ocorreu no Rádio Clube

RENATA VOLPE

18/03/2019 - 07h00
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Campo Grande pode perder mais dois de seus cartões-postais. O Lago do Amor pode desaparecer em 17 anos por conta do assoreamento e o do Parque das Nações Indígenas corre o mesmo risco, se nenhuma atitude for tomada pelo poder público. Os lagos podem sumir assim como o do Rádio Clube Campo, que deu lugar à areia em 2014 e agora só está na memória dos campo-grandenses. 

Os alagamentos e o assoreamento do lago do clube localizado na Rua Spipe Calarge começaram a virar notícia ainda em 2009. As fortes chuvas enchiam o lago assoreado e alagavam a via, que ficava bloqueada por dias. Mesmo após várias notícias e promessas de revitalização, como aconteceu em 2012, a argila tomou lugar do lago no clube, que desapareceu cinco anos atrás. 

O que causou o assoreamento da lagoa, além da chuva, foi o asfaltamento da Avenida Marquês de Pombal e a canalização dos loteamentos que ficam nos bairros próximo ao Rádio Clube Campo. Sete anos atrás, a então presidência do clube havia prometido recuperar os 3.500 m² que o lago tinha quando criado, em 1970. Em 2012, o lago foi reduzido a 1.000 m², por conta do assoreamento. Patos foram adquiridos na época para embelezar o lago, mas perderam seu habitat com o sumiço da água. A prefeitura até começou uma obra de revitalização no local, mas os serviços de nada adiantaram.

LAGO DO AMOR

Criado em 1971, o Lago do Amor foi feito para ser uma das principais atrações de Campo Grande. Com 5 mil m² e 3,50 m de profundidade, o local se tornou, na época, o segundo maior lago artificial do Brasil, sendo ultrapassado apenas pelo Paranoá, em Brasília (DF). 

Infelizmente, se nada for feito, o lago que fica na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) pode também desaparecer por conta do assoreamento. Entre agosto de 2008 e março de 2017, o volume de água foi reduzido a 58.500 m³ o mesmo que 23 piscinas olímpicas.

A situação é monitorada pelo grupo de pesquisa Hidrologia, Erosão e Sedimento (Heros), da UFMS, há dez anos. Segundo levantamento, o assoreamento deve-se ao sedimento formado principalmente por areia que se desloca de outros bairros toda vez que chove. 

Em 2011, o grupo Heros passou a notar que a areia começou a tomar o local. O lago é formado pelas águas dos córregos Cabaça e Bandeira, que cortam a região urbana da Capital. De acordo com a engenheira ambiental e mestranda do Programa de Tecnologias Ambientais da UFMS Maria Eduarda Ferreira, daquela época até agora, o lago teve perda de 38% no volume de água. “A perda vem sendo gradativa desde 2008. Também teve perda de área de 39%, que é o espelho da água que está diminuindo”.

Ela alerta para o possível desaparecimento do lago. “Corre risco de desaparecer sim, até 2036, se nada for feito, se não ocorrer mudança”.

Uma das possibilidades seria a dragagem da areia do lago, mas ficaria inviável por questões financeiras. “Não tem estudo sobre os valores de quanto seria para fazer a dragagem da areia. Precisaria saber também se é possível reutilizar o sedimento”.

Lixo é o que mais se vê na beira do Lago do Amor. A reportagem do Correio do Estado esteve no local e observou que os jacarés e as capivaras, que vivem no lago, disputam a água com garrafas PET, copos de plásticos, canudos, marmitas de isopor e até garrafa de álcool. 

PROBLEMA ANTIGO

Em 2016, depois de quatro anos desde a última revitalização, o Lago do Amor, que continuava em estado avançado de assoreamento, virou objeto de investigação do Ministério Público Estadual (MPE).

Na época, a promotora de Justiça do Patrimônio Histórico e Cultural, Luz Marina Borges, comandava a apuração e, segundo a abertura do inquérito, o assoreamento do lago já estaria comprovado em razão da formação de praias artificiais nas margens. 

A prefeitura foi questionada pela reportagem e respondeu que o lago é de responsabilidade federal. A UFMS foi procurada, mas não enviou resposta. 

A história se repete com o lago do Parque das Nações Indígenas, outro cartão-postal da cidade. O assoreamento começou a ser notado em 2011, quando o governo estadual (responsável pela manutenção do local), fez uma revitalização completa, sendo repetida em 2014. Nas duas ocasiões, foi retirada areia da barragem do lago. 

Ontem, populares se reuniram para “um abraço coletivo” em torno do lago. A manifestação foi para chamar atenção do governo. “A parte da prefeitura nós vamos honrar. Se tivesse sido feito há anos, não estaria como está agora”, disse o prefeito Marcos Trad, que estava no parque na hora do protesto. (Leia mais sobre a manifestação no Portal Correio do Estado)

 

 

 

Atenção

Ciclone intenso vindo do Sul pode provocar tempestades e ventos de mais de 100 km/h em MS

Ciclone atinge a região Sul, mas os efeitos devem ser sentidos em MS e em outros estados da região Centro-Oeste e Sudeste

07/12/2025 10h03

As previsões são de chuva para a semana

As previsões são de chuva para a semana FOTO: Paulo Ribas/Correio do Estado

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A chegada de um novo ciclone chegando na região Sul do Brasil deve trazer tempestades e ventos fortes para Mato Grosso do Sul ao longo desta semana. 

Segundo o meteorologista do Metsul, Luiz Fernando Nachtigall, um centro de baixa pressão extremamente profundo, não costumeiro para a região, com valores de pressão atmosférica observados em ciclones tropicais no Hemisfério Norte e em ciclones extratropicais poderosos mais ao Sul do continente, vai avançar para o Sul do Brasil ainda no começo da semana. 

“A atmosfera extremamente aquecida, com valores ao redor e acima de 40ºC, associada aos valores de baixa pressão atmosférica é uma combinação explosiva e de altíssimo risco de tempo severo. Vários estados serão afetados na primeira metade da semana com uma grande onda de tempestades que afetará o Sul e estados do Centro-Oeste e do Sudeste no final da segunda e durante a terça-feira”, afirmou o meteorologista. 

As previsões são de chuva para a semanaCiclone atinge a região Sul, mas os efeitos devem ser sentidos em MS / Fonte: Metsul

As chuvas, embora irregulares, devem ser de valor excessivo, podendo acumular volumes de 100 milímetros a 200 milímetros em setores isolados. 

O Rio Grande do Sul deve ser o mais afetado pela condição, porém, os efeitos devem atingir Mato Grosso do Sul ao longo da semana, até a quinta-feira. Também são esperados vendavais intensos com rajadas acima de 100 km/h em todas as áreas afetadas. 

“Desenha-se, portanto, uma sequência de dias de altíssimo risco meteorológico entre a segunda e a quinta-feira, quando o ciclone começará a se afastar. Leve muito a sério o que está vindo”, alertou Luiz Fernando. 

Como o Correio do Estado já havia adiantado, as condições meteorológicas esperadas para a nova semana são de chuvas intensas e alívio no calorão. 

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, Mato Grosso do Sul está, novamente, em alerta de perigo para chuvas intensas, especialmente na metade norte do Estado. 

Na segunda-feira (8), é esperado um aumento de nuvens ao longo do dia, que favorece a formação de chuvas em várias regiões do Estado. 

Em algumas localidades, são esperados acumulados significativos, que podem ultrapassar os 40 milímetros em 24 horas. 

A formação de um sistema de baixa pressão atmosférica, junto com a passagem de cavados, cria um ambiente favorável para a ocorrência de tempestades, que podem vir acompanhadas de raios, rajadas de vento e possível queda de granizo. 

Como o tempo pode mudar rapidamente, o Cemtec recomenda que a população fique atenta aos alertas emitidos pelos órgãos oficiais, como a Defesa Civil. 

A ocorrência das chuvas deve aliviar o calor, já que as máximas não devem ultrapassar os 32ºC em todo o Estado, e as mínimas variam entre 21ºC e 25ºC. 

Em Campo Grande, a máxima esperada para a segunda-feira é de 27ºC. 

Eventualmente, são esperadas rajadas de vento entre 60 e 80 km/h, podendo acontecer, em pontos isolados, rajadas superiores a 80 km/h. 

São esperadas chuvas durante todos os dias da semana, com alertas pontuais de tempestade em pontos isolados do Estado. 
 

PMA

Pescador quebra Piracema e é multado em R$ 33 mil por Pintado de 21 kg em MS

A PMA abordou o homem durante fiscalização na região de Dourados

07/12/2025 08h15

Peixe foi apreendido pela PMA

Peixe foi apreendido pela PMA Reprodução

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Um motorista foi multado em mais de R$33 mil na última sexta-feira (5) em Dourados, a 226 quilômetros de Campo Grande, por estar transportando um peixe de espécie proibida durante a Piracema. 

Segundo o 2º Batalhão da Polícia Militar Ambiental (MS), o condutor foi abordado pela equipe perto da ponte do Rio Dourado, na MS-156, ao ser flagrado em alta velocidade. 

Durante a fiscalização, o homem admitiu estar carregando um peixe da espécie pintado de 21 quilos e de 1,40m, pescado dois dias antes no Rio Dourado. Segundo ele, a pesca estava guardada na casa de um amigo e ele teria voltado para buscá-la. 

Os policiais se dirigiram até a residência indicada pelo motorista. O morador negou ter armazenado o animal, mas a equipe encontrou sangue, cheiro forte no freezer e indícios de que o peixe teria sido guardado ali. 

Com as evidências, o morador admitiu que teria guardado o animal para o autor. 

De acordo com a PMA, o caso configura infração ambiental por pesca durante o período da Piracema e pelo transporte e armazenamento irregular do pescado, conforme a Lei Federal nº 9.605/98, o Decreto Federal nº 6.514/2008 e o Decreto Estadual nº 15.166/2019.

O pescador recebeu multas de R$ 18.420,00 pela pesca de em R$ 15.420,00 pelo transporte e conservação irregulares do peixe, totalizando R$ 33.840,00, além de um auto de infração pelo armazenamento ilegal do animal. 

A Polícia Militar Ambiental reforça que é ilegal a prática da pesca durante o período da Piracema pois é época essencial para a reprodução das espécies nativas. Assim, as equipes continuarão intensificando as fiscalizações. 

Piracema

Piracema iniciou no dia 5 de novembro nos rios de Mato Grosso do Sul. Com isso, qualquer tipo de pesca (pesque e solte, amadora e profissional) está proibida até 28 de fevereiro de 2026, bem como o transporte de pescados.

A pesca continua permitida para ribeirinhos – que precisam do peixe para se alimentar – na quantidade necessária para o consumo do dia, não sendo permitido estocar. Neste caso, é permitido pescar com varas em barrancos.

A Piracema é o período de reprodução dos peixes, em que os animais completam seu ciclo de vida sem interferência da ação do homem. O termo tem origem da língua tupi e significa “migração de peixes rio acima”, conforme o Dicionário Michaelis.

O objetivo é combater a pesca ilegal e predatória para que os peixes possam subir os rios para se reproduzirem.

Operação Piracema, da Polícia Militar Ambiental (PMA), fiscalizará rios de todo o Estado, em pontos georreferenciados identificados como áreas de maior incidência de pesca ilegal, realizando:

  • bloqueios terrestres e aquáticos
  • vistorias em estabelecimentos comerciais
  • verificações de estoque declarado de pescado
  • operações noturnas e diurnas em locais estratégicos

A Operação Piracema conta com o emprego do Sistema de Gerenciamento da Informação Ambiental (SIGIA), ferramenta tecnológica que permite o mapeamento e monitoramento em tempo real das ações fiscalizatórias. O sistema possibilita análise georreferenciada, coleta de dados e apoio à tomada de decisões estratégicas.

CRIME

Pescar durante a piracema é crime ambiental inafiançável. Portanto, quem desrespeitar a regra será autuado, multado, conduzido até uma Delegacia de Polícia e responder por processo administrativo e criminal. Além disso, pescados, barcos e apetrechos serão apreendidos.

Quem for flagrado praticando pesca predatória, durante o período de defeso, está sujeito à prisão em flagrante e à aplicação das seguintes penalidades:

  • multas de R$ 700,00 a R$ 100.000,00, acrescidas de R$ 20,00 por quilo ou fração do pescado apreendido;
  • apreensão de petrechos, embarcações, veículos e demais materiais utilizados na prática ilegal;
  • pena de detenção de um a três anos, conforme o artigo 34 da Lei de Crimes Ambientais.

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