O pedreiro Eli José de Oliveira Silva, 56 anos, morreu com suspeita de febre amarela no último domingo (14), em um hospital particular de Santo André (Grande São Paulo), onde mora. Segundo os familiares, ele pode ter contraído a doença após viagem com a família a Dourados.
Em nota, a prefeitura de Santo André disse que Silva procurou a unidade médica com dores nas costas, vômito, febre e mal estar. Disse ainda que estava com o quadro por três dias e que chegou a ir até uma unidade de pronto-atendimento médico onde pensou se tratar de gripe. No mesmo dia, no entanto, seu estado se agravou e ele veio a óbito.
Em um primeiro momento, a prefeitura alega não ter como confirmar que a morte foi causada por febre amarela e que o resultado será conhecida em até 30 dias, prazo para emissão do atestado de óbito pelo Serviço Verificador de Óbitos local.
Oficialmente, Silva sofreu um infarto agudo, com ruptura de vasos sanguíneos no coração. No entanto, houve comunicação oficial por parte da prefeitura ao Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo.
PESCARIA
Ainda na nota, a prefeitura de Santo André diz que o pedreiro esteve em Mato Grosso do Sul entre os dias 23 de dezembro e 6 de janeiro, com a mulher e um sobrinho. Nenhum deles tomou a vacina contra a febre amarela, apesar de, segundo familiares, se hospedarem com regularidade na cidade para pescarem na região.
No texto, o Executivo da cidade paulista aponta que Dourados como área de risco para contaminação pela doença.
Segundo o Ministério da Saúde, as regiões Centro-Oeste e Norte são endêmicas, ou seja, onde a doença se manifesta localmente, mas sem risco de contaminação em outros locais. São Paulo, no entanto, passou a ser considerada área de risco em alerta desde a última terça-feira (16)
O secretário municipal da Saúde de Dourados, Renato Vidigal, afirmou que a cidade ainda não foi informada sobre a situação. No entanto, aponta que não há motivo para alarde.
"A população não precisa se alardar, não temos nenhum caso, até porque, quem já tomou pelo menos uma dose da vacina na vida já está protegido. Fora isso, Dourados tem estoque de vacina e segue muito firme os critérios do Ministério da saúde", disse.
Segundo Edvan Marcelo Moraes Marques, enfermeiro do setor, em Mato Grosso do Sul, e consequentemente em Dourados, não foram registrados casos da doença nos anos anteriores, 2016 e 2017, e nem neste ano, seja em humanos ou casos silvestres (em animais).
“Trabalho na saúde em Dourados há 17 anos e não lembro algum caso desta doença. Mas posso afirmar que nos anos mais recentes não tivemos casos”, disse. Edvan lembra que todas as cidades de MS fazem parte de uma região endêmica e, por isso, sempre receberam atenção redobrada acerca da doença. Assim, é mais difícil encontrar alguém que não tenha tomado esta vacina ao longo da vida.
Genro da vítima, Daniel Bruno Souza Ribeiro, 34, disse ao Portal Correio do Estado que os médicos contaram à família que há 90% de chances de ser febre amarela. "Ele voltou de Dourados já muito mal, com muita dor pelo corpo", disse.
Segundo ele, o pedreiro tinha a pesca como uma das principais paixões. "Sempre ia ao Mato Grosso do Sul, pelo menos uma vez por ano. Tinha amigos na cidade (Dourados), conhecia locais baratos para se hospedar. Deveria ter se cuidado mais, coitado. Ficamos todos muitos tristes, mas agora sabemos que na verdade foi sorte minha sogra e o menino (sobrinho) não terem se contaminado também", completou.
* Colaborou Luana Rodrigues