Preso nesta quarta-feira (26) no Paraguai, o doleiro brasileiro Bruno Farina optou por uma extradição rápida ao Brasil para responder às acusações de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.
Com mandado de prisão expedido durante a Operação Câmbio, Desligo, em maio, Farina é acusado pelo Ministério Público Federal de atuar no grupo chefiado por Dario Messer, conhecido como o "doleiro dos doleiros", que ainda está foragido.
Ele tinha mandado de prisão internacional e foi encontrado pela Interpol no mesmo condomínio onde Messer vivia, na fronteira paraguaia com o Paraná.
Não há data para que essa extradição aconteça, mas a expectativa é que ela ocorra nas próximas semanas.
Segundo a juíza Alicia Pedrozo, que comandou a audiência de custódia de Farina nesta quinta (27), ele "manifestou na audiência que está de acordo com essa extradição abreviada para elucidar sua situação processual".
De acordo com a magistrada, a defesa do doleiro informou, por escrito, que não iria se opor com recursos à possibilidade de que essa extradição ocorra rapidamente.
"Não há um prazo [para a extradição]", afirmou Alicia Pedrozo. "Os prazos na extradição se referem ao envio de documentos etc. Na extradição abreviada se prescindem de muitos trâmites. Então, sempre se trata de fazer o mais rápido possível, sempre respeitando todas as garantias."
"Já estamos analisando os documentos para ver o que decide o juízo", acrescentou.
Ao ser preso, Farina disse à imprensa paraguaia que, no Brasil, havia apenas uma investigação contra ele –na verdade, o juiz Marcelo Bretas aceitou denúncia do Ministério Público em junho e o tornou réu.
Também negou que houvesse fugido da Justiça. "Estava escondido porque minha advogada do Brasil me pediu um tempo para conseguir um habeas corpus, só por isso", disse o doleiro.
No entanto, em junho, ele já teve dois pedidos de habeas corpus negados pelo Supremo Tribunal Federal.
"Foi uma decisão de minha advogada, não minha. Eu não sou um fugitivo. Estava aguardando uma decisão de minha advogada."
Questionado quando será extraditado ao Brasil, disse: "Quando vou? Depende da Justiça do Paraguai. Quero ir agora."
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, Farina e outro doleiro, Augusto Larrabure, operaram US$ 22 milhões entre 2011 e 2017.
Como Messer, ele foi delatado pelos doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, e Cláudio Barboza, o Tony. A colaboração resultou na Câmbio, Desligo, um desdobramento da Lava Jato no Rio.
Apesar de viver no mesmo condomínio onde Messer vivia, Farina diz que não o conhece. Procurada, a defesa do doleiro preso não retornou à reportagem.