O visual poluído pelo emaranhado de fios velhos ao longo da Rua 14 de Julho já tem data para mudar. A Engepar planeja completar a remoção dos cabos e postes até quarta-feira (13). O procedimento é o ápice do Reviva, que vai renovar a cara de uma das principais vias do Centro da Capital.
A informação foi repassada ao Correio do Estado pelo arquiteto da obra, Amilton Cândido de Oliveira.
O procedimento para remoção dos postes e fios começou no dia 1° de novembro, quando as tubulações subterrâneas foram energizadas. Durante a semana, o que se via ao longo da 14 eram cabos retorcidos jogados no chão à espera de um destino.
Inclusive alguns deles foram dados pelos funcionários da Engepar a dois homens que passavam pelo Centro, conforme flagrado pela equipe de reportagem. A empresa disse que se tratava de fiação telefônica que iria para descarte.
A previsão do município é entregar a via pronta – e já decorada para o Natal – no dia 29 deste mês. Além das calçadas e da rua, já foram instalados os mobiliários e plantadas as árvores que irão ornamentar a via.
HISTÓRIA EMARANHADA
O Reviva Centro foi lançado pela primeira vez em meados de 2011, na gestão do então prefeito Nelson Trad Filho (PSD). O que se prometia na época era um “shopping a céu aberto”. No ano seguinte, o município mandou os comerciantes removerem os letreiros, placas antigas e chegou até a lançar um padrão de fachadas e toldos.
Essa ideia, chamada de “Cidade Limpa”, expôs ainda mais a cara de velha da 14 de Julho. Além da fiação, paredes com infiltrações e pintura gasta deixaram a via ainda mais feia. O problema se agravou quando a prefeitura, sem dinheiro, suspendeu a execução do projeto e o local acabou ficando permanentemente daquela forma.
Nos anos seguintes, o município foi palco de uma crise política com entra e sai de prefeitos. Alcides Bernal (PP) (eleito em 2012, cassado em 2013 e reempossado em 2015), chegou a tentar recursos para viabilizar o Reviva, mas não conseguiu.
na 14 de Julho (Foto: Bruno Henrique)
O projeto foi andar mesmo na gestão de Marcos Trad (PSD). A ordem de serviço foi assinada em maio de 2018 e os trabalhos começaram efetivamente em junho. Mesmo parado para o movimento do comércio de Natal e Ano Novo passados, a obra continuou dentro do prazo.
A intervenção tem recursos do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID). Inicialmente foi orçada em aproximadamente R$ 58 milhões, mas formalizada em R$ 49.238.506,82. Praticam,ente um terço do valor corresponde ao embutimento da fiação.
Em setembro foi aprovado um aditivo de R$ 11.216.603,21. Com esse montante, a revitalização ficou em torno de R$ 2,2 milhões acima do que havia sido prevista. A justificativa é devido à “decorrência da reprogramação dos quantitativos de serviços inicialmente contratados”.
Segundo o poder municipal, o aditivo foi amplamente analisado pelas equipes de fiscalização da Unidade Gestora do Programa (UGP), Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (SISEP) e Consulgal (supervisão de obras), além de passar pela equipe técnica do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que emitiu parecer favorável ao processo.
Como justificativas do valor extra, o Executivo também cita alguns pontos que justificam o aditivo, como o arrasamento da profundidade da rede de drenagem, esgotamento sanitário, com a rede inicialmente locada no eixo da via, alterada a execução para duas redes, uma em cada calçada próximo ao alinhamento predial e alteração nos quantitativos em alguns trechos de pavimentação, em função da revisão do projeto de drenagem e da metodologia de execução da sub-base do pavimento mais apropriada para período de chuvas.
RECLAMAÇÕES
Sobre os trabalhos para retirada de postes e fios, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade divulgou uma nota questionando a interdição da via neste sábado (9), quando as pessoas que receberam pagamento no quinto dia útil costumam ir ao Centro para gastar.
A entidade afirma que o cronograma deveria ter sido organizado para que isso não acontecesse e disse ter pedido com antecedência as datas dos trabalhos para que os comerciantes pudessem se organizar.