Com o fechamento do comércio e de bares e restaurantes por meio de decreto da Prefeitura de Campo Grande por conta do Covid-19, o novo coronavírus, os moto entregadores tem sido cada vez mais requisitados. Além da entrega de alimentos, que já era comum mesmo antes mesmo da pandemia, outros locais que antes não dispunham do serviço têm solicitado a ajuda desses profissionais.
De acordo com o mototaxista Adeildo Góis, de 57 anos, com a paradeira por conta da quantidade reduzida de pessoas circulando nas ruas, ele decidiu trabalhar como entregador, enquanto o comércio e outros serviços permanecem fechados.
“Estou trabalhando de moto entregador para seis lojas, quase não dou conta, é muito serviço. Só de uma das lojas eu faço umas 15 entregas, antes quando eu fazia só mototáxi eram seis corridas por dia, no máximo”, contou Góis.
Um das lojas que o moto entregador atua trabalha com materiais de elétricos e de construção. Segundo o trabalhador a demanda tem sido tanta que o local decidiu contratar outro entregador para ajudar no serviço. “Sozinho já não estava dando conta, precisou contratar mais um”.
Segundo o presidente da Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motorista Autônomo de Mato Grosso do Sul (APPLIC-MS), Paulo Pinheiro, a demanda dos motos entregadores aumentou cerca de 60% durante esta semana de comércio fechado.
“Com o vários restaurantes pizzarias e fast food fechados sem atender ao público em seus locais, a melhor alternativa sem dúvidas alguma é o sistema de entrega em domicílio. Os aplicativos estão tendo realmente uma grande demanda, o que estamos pedindo a eles é que em todo momento usem álcool em gel e máscaras protetivas, isso é fundamental para que não sejam atingidos por esse inimigo invisível”, orientou Pinheiro.
Para suprir esse aumento da demanda, o número de motos entregadores também cresceu. Só dos que estão cadastrados nas plataformas de aplicativos de entrega, o número saltou de cerca de 1.200 para 2 mil profissionais em Campo Grande.
Diferente do que acontece com o motoristas de aplicativos que, conforme o sindicalista, com uma queda de 40% nas corridas, alguns decidiram trocar de ramo. “Ao contrário dos veículos de aplicativos que com tudo isso teve em torno de 40% diminuídas as corridas. Muitos estão trocando o carro pela moto, mas a questão que não sabemos até onde isso poderá chegar”.
A falta de profissionais do setor já fez até com que empresas que trabalhavam os esses profissionais terceirizassem o serviço deles a locais que ainda estão funcionando. É o caso do moto entregador Diego Maurício de Oliveira, de 30 anos.
Atuando como contratado em uma empresa de materiais para escritório, agora ele também faz entregas para outros setores, como peixarias e restaurantes. “Ligaram para o meu chefe para ver a possibilidade de eu também trabalhar com eles e meu chefe aceitou, agora faço em torno de 50 entregas por dia, principalmente na hora do almoço, antes o máximo era 20 durante o dia inteiro”.
À noite o rapaz também atua com entrega por meio de aplicativo. Segundo ele, antes da pandemia ele fazia em torno de cinco corridas e agora faz, pelo menos 15. “Tem um amigo meu que inclusive recebeu férias coletiva na empresa que ele trabalha e virou moto entregador, porque a gente não sabe até quando isso vai durar e se vai manter o emprego”, relatou.
Na quinta-feira (26), porém, a Prefeitura retrocedeu sobre algumas restrições e liberou os restaurantes de abrirem a partir de hoje, porém com capacidade reduzida. Já as lojas de materiais de construção voltaram a funcionar na segunda-feira.