As autoridades de saúde em Mato Grosso do Sul ressaltam diariamente a necessidade do isolamento social para frear o crescimento dos números da pandemia de Covid-19, recomendando evitar sair de casa a não ser para trabalhar e casos essenciais ou de emergência, como ir ao supermercado. Apesar disso, o Estado registra mais de 100 casos por dia desde o mês passado. Ontem (28), haviam 7,5 mil casos confirmados e 75 mortes.
A taxa de isolamento do período em que haviam poucos casos e nenhuma morte em decorrência do vírus, foi a fase em que o maior número de pessoas permaneceu em casa. Segundo a psicóloga Gabriela Silva Molento, o desrespeito ao isolamento social pode ser causado por aspectos políticos e econômicos, mas também pode ser atribuído a questões íntimas, ligadas à forma como se encara a realidade.
Gabriela explica que fazemos parte de uma cultura hedonista, que valoriza o imediatismo e a busca de soluções fáceis, que nega a frustração e dá maior importância a satisfação do prazer individual e imediato, sem pensar nas consequências.
“Sabemos que o não cumprimento das instruções básicas que podem prevenir a proliferação do vírus vai influenciar no resultado da realidade e para isso certos prazeres e hábitos como rodas de tereré, situações de aglomeração, saídas de final de semana e entre outros, terão que ser sacrificados por um tempo, e isso frustra”, avalia.
O entretenimento e do consumismo são atribuídos pela especialista como uma maneira de os indivíduos lidarem com a frustração. Mas isso gera dependência emocional, que pode resultar em problemas de ansiedade, vícios, compulsões e comportamentos incoerentes.
“O desrespeito ao isolamento social pode ser em razão das pessoas não se autoconhecerem o suficiente para saberem lidar com suas frustrações e emoções de forma equilibrada, saudável, e direcionada para o crescimento pessoal e o bem-estar social”, pontua Gabriela.
Embora a pandemia exponha o lado mais frágil e vulnerável das pessoas, ela também oferece ao ser humano condições de experimentar a empatia e a solidariedade não só do cuidado individual, mas também coletivo.
“Precisamos fortalecer esses valores que beneficiam a vida, a saúde, a nossa essência, o mundo sensível da alma que nos preenche de um verdadeiro sentido existencial. E isso só é possível através do autoconhecimento, como já dizia o filósofo Sócrates há mais de 2000 ano atrás: conheça a ti mesmo”, finaliza.