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Crédito facilitado anima construção civil

Setor projeta lançamentos e novos investimentos; redução de juros era o estímulo que faltava

DANIELLA ARRUDA

22/08/2019 - 09h00
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Perspectiva de ajuste fiscal, inflação baixa, tendência de novos cortes nos juros básicos da economia até o fim do ano e a redução nos juros para operações de compra de imóveis reanimam o mercado imobiliário e da construção civil de Mato Grosso do Sul, que espera a aprovação da reforma da Previdência para retomar investimentos e lançamentos no Estado.

De acordo com representantes do setor ouvidos pelo Correio do Estado, uma primeira leva de empreendimentos pode ser lançada no fim de novembro, depois da aprovação da reforma – prevista para outubro – e antes do Natal; porém, uma recuperação mais consistente é esperada somente em 2020, depois do Carnaval, entre março e abril.

O anúncio de linhas de crédito imobiliário pela Caixa Econômica Federal, com taxas que variam entre 2,95% e 4,95% ao ano, foi a cereja do bolo na maré de otimismo que chegou ao setor no início do mês, depois que a reforma da Previdência foi aprovada. O banco público também anunciou a troca do fator de correção: sai a Taxa Referencial (TR) e entra o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Não é só Mato Grosso do Sul, o Brasil inteiro estava esperando isso [redução da taxa de juros no crédito imobiliário]. Ainda falta [ser aprovada, definitivamente, a reforma da] Previdência, mas o cenário já é positivo. Se isso ocorrer e a taxa Selic cair para 5,5% até o fim do ano, o mercado imobiliário agradece. Financiamento imobiliário é o fluido que faz a engrenagem rodar. Vai facilitar na parte de compra e venda e tudo mais”, destacou o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi-MS), Marcos Augusto Netto.

Ainda de acordo com o dirigente do Secovi, há vários empreendedores aguardando pela aprovação para lançar empreendimentos, com projetos já maduros, mas se não houver uma sinalização sobre o rumo que as contas públicas vão tomar no País, eles não vão ser lançados. Outro ponto a ser considerado, segundo ele, é que em cenário de juros baixos na economia, os investimentos em imóveis passam a ser mais atrativos que as aplicações Daniella Arruda financeiras.

“É aquele investidor que compra o imóvel no lançamento e espera para revender depois. Então é um processo positivo”, comentou.

CENÁRIO 

A redução das taxas de financiamento imobiliário acompanha principalmente as quedas da Selic e os juros básicos, atualmente em 6% ao ano. De acordo com as previsões do mercado financeiro, o índice pode cair para até 5% ao fim de 2019. Assim, o juro médio dos empréstimos para compra da casa própria ficou em 7,73% ao ano em junho, segundo dados do Banco Central (BC), considerando os financiamentos para pessoas físicas com recursos direcionados.

Com o empurrão para baixo que a Caixa, e também o Banco do Brasil, deram na terça-feira, a tendência é que esta taxa média fique ainda menor. Em relação a essa nova modalidade de crédito, o dirigente do Secovi-MS avalia que o novo produto apresenta vantagens e desvantagens, mas o grande diferencial é que essa linha “vai tirar um pouco a dependência do crédito das chamadas fontes de funding, que são a caderneta de poupança e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço [FGTS]”.

“O perigo é: qual vai ser a inflação? Enquanto ela estiver baixa, tudo bem. Mas se você tem um produto para financiamento imobiliário indexado à inflação, você pode ter mais bancos oferecendo crédito. A ideia de atrelar [a linha de crédito] à inflação é permitir que se tenha dinheiro de outras fontes para o financiamento imobiliário e ele se torne mais atrativo para os donos do dinheiro. Com mais oferta de dinheiro no mercado, há um aquecimento na concorrência e isso pode resultar na redução dos juros”, pontuou.

NOVA MODALIDADE

Com a adoção do IPCA nos contratos, a Caixa reduziu os juros na ponta. O efeito é que, nas simulações do banco, as prestações iniciais ficarão mais baixas. “Vamos manter linhas atuais e oferecer linhas novas, com o IPCA”, destacou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, durante evento com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Os novos contratos indexados ao IPCA valerão para novos financiamentos e serão opcionais. Quem quiser, poderá fechar contratos com atualização pela TR. A diferença é que, nos contratos atrelados à TR, as prestações iniciais tendem a ser maiores. Para analistas, porém, empréstimos para a compra da casa própria corrigidos pela inflação representam risco porque, se o IPCA aumentar no período do contrato, o custo do financiamento também aumentará.

Os novos contratos terão prazo máximo de 360 meses e a quota máxima de financiamento será de 80% do valor do imóvel. As novas condições valem tanto para financiamentos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), cujo valor do imóvel é de até R$ 1,5 milhão, quanto para os contratos que estão fora do SFH, os do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que financiam imóveis acima desse valor.

Prestação fica menor, mas dívida sobe 

O uso do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPCA) para corrigir os contratos de financiamento imobiliário reduzirá o valor da parcela na largada, mas custará ao mutuário uma dívida maior no fim quando comparado com os contratos corrigidos pela Taxa Referencial (TR).

Por outro lado, a modalidade deve facilitar a venda desses créditos no mercado financeiro, desenvolvendo a chamada securitização, e, de quebra, adicionar mais recursos para a compra da casa própria no País. Estudo realizado pela equipe de análise de mercado imobiliário do JPMorgan mostra que a dívida total do mutuário pode subir, o que serve como contraponto à propaganda do governo federal de que o crédito ficará mais barato.

O endividamento cresce porque, além do juro, a dívida passará a ser corrigida pelo IPCA em vez da TR – que atualmente está zerada. Por isso, esse montante total tende a crescer mais no longo prazo, apontou o JPMorgan. A inflação média anual medida pelo IPCA nos últimos dez anos foi de 5,85%, segundo dados do IBGE. Nesse período, a inflação em um ano chegou a bater 10,67% em 2015. A TR média, por sua vez, foi de apenas 0,82% no período.

Por essa diferença entre os dois indicadores, o JPMorgan estima que a dívida total atrelada ao IPCA poderá ser cerca de 13% maior que o financiamento que segue a TR. Para um imóvel de R$ 500 mil, com 80% do valor financiado em 360 meses, a parcela a 8,75% mais TR seria de R$ 3.987, enquanto a IPCA mais 4,35% seria de R$ 2.684, uma queda de 32,7%, segundo o JP Morgan. A dívida final a valor presente, no entanto, seria de R$ 605,9 mil no primeiro caso e R$ 686,8 mil no segundo, uma elevação de 13,3%.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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