Depois de quase dois meses de início das obras, comerciantes da região central de Campo Grande já acusam a prefeitura de quebrar acordo que teoricamente mantinham para minimizar os impactos financeiros do impedimento de circulação de veículos na Rua 14 de Julho por conta do Reviva Centro, projeto que promete modernizar e reurbanizar o coração da Capital em até dois anos, ao custo de R$ 50 milhões.
De acordo com comerciantes e fontes da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (Acicg), ficou acertado com o poder municipal que os trabalhos em um novo 'lote' da 14 de Julho só começariam após a conclusão total do 'lote' anterior. Ou seja, liberando o máximo possível de tráfego, minimizando os impactos gerados pela obra.
Mas, no momento, quatro quarteirões da via estão isolados para circulação de veículos com obras em andamento, mais precisamente o trecho entre a Avenida Fernando Corrêa da Costa e a Rua Sete de Setembro, praticamente o último ponto antes da Praça Ary Coelho e Avenida Afonso Pena.
Desde meados de julho, a prefeitura interditou o trânsito no 'segundo lote' de obras, que se inicia na Rua 26 de Agosto, despertando as reclamações dos comerciantes desse quarteirão em específico e obrigando o assunto a ser tratado com a prefeitura em encontro com a Acicg.
"Foi falado exatamente isso para nós, que não começariam um quarteirão sem terminar o outro. Acumulando desse jeito fica muito ruim para todo mundo. O novimento só despenca", disse Dênis Heleno, 32 anos, desde janeiro dono de um ponto de venda de salgados ma interdita via.
A lógica da maioria dos comerciantes é óbvia: com a completa interdição, ao invés de realizar ela de forma parcimoniosa, o público, mesmo o a pé, tende a evitar a circulação, apesar da calçada liberada. "Não terá mais lógica o camarada andar, se expor à poeira. Não há mais atrativo algum", disse o barbeiro José Rangel, 51 anos, há 23 deles na 14, apontando queda de até 50% de movimento no salão.
"Queremos explicações, por isso essa reunião será importante. O entendimento era realmente dee que iriam iniciar as obras em uma quadra somente após a liberação da outra. A gente enfrenta muita dificuldade e isso só agravará a situação", disse Kelby Cristina de Vicari, 51, hoje responsável pela lotérica da família, há 33 anos no local.
Dênis Heleno e sua lanchonete: os clientes sumiram, os tratores viraram a companhia
'ACELERA CAMPO GRANDE'
Segundo o Correio do Estado, foi justamente a pressão dos comerciantes que fez com que a prefeitura alterasse o cronograma para acelerar as obras e reduzir de 60 para 38 dias o tempo de execução em cada uma das dez quadras previstas para passar por intervenção ainda neste ano. Desta forma, a meta é entregar sete trechos concluídos até novembro deste ano.
Inicialmente, a previsão era de entregar até dezembro todo o trecho entre as avenidas Fernando Corrêa da Costa Afonso Pena, equivalente a quatro quadras.
Apesar das alterações, a coordenadora de projetos especiais da prefeitura, Catiana Sabadin, ressalta que o contrato com a Engepar Engenharia, responsável pela execução do projeto, é de 20 meses e este prazo não sofrerá alterações. “Estamos tentando antecipar o cronograma e entregar no fim do ano que vem, mas isto depende das intercorrências. Não é uma obra simples.”
A maior parte dos comerciantes afetados havia adquirido estoque na expectativa de que seriam impactados pelas obras apenas no início de 2019, com encerramento do período das festas de final de ano, ocasião responsável por movimentar as vendas.
Os comerciantes ainda tentam negociar com a prefeitura outras medidas para amenizar as perdas causadas pelas obras do Reviva Centro, na Rua de 14 de Julho. Além da proposta de redução da alíquota do Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), eles debatem a redução da taxa do lixo, da Cosip e também uma possível intermediação com as concessionárias para a negociação das contas de água e luz daquela região para amenizar as perdas.
OUTRO LADO
Por meio de nota, a prefeitura informou que não há o compromisso de liberar um trecho de obras antes de finalizar outro, visto que hoje existem duas frentes de trabalho atuando em ritmo acelerado para antecipar a entrega das obras. Mesmo assim, o Executivo municipal mostra certa preocupação para evitar interdições completas dos trechos isolados para trabalho das equipes.
"A preocupação da coordenação do Programa é não fechar mais que dois cruzamentos ao mesmo tempo, visando diminuir o impacto causado no trânsito na região central", admite o texto. "
Neste momento as obras estão acontecendo simultaneamente em cinco quadras, com dois cruzamentos bloqueados. Para o próximo bloqueio se faz necessária a liberação de um dos cruzamentos", pondera.
De acordo com a nota, o próximo cruzamento a ser bloqueado será o da Rua 14 de Julho com a Rua 7 de Setembro, previsto para o final deste mês. Para que isso aconteça, foi solicitado para a empresa executora que finalize todas as tarefas e libere o trecho na Rua 14 de Julho, entre a Avenida Fernando Corrêa da Costa, após o cruzamento da Rua 26 de Agosto.


