Desde que foi retomada as obras do Corredor Sudoeste, a implantação das estações de pré-embarque quase prontas nas ruas Guia Lopes e Brilhante nos últimos dias são motivo de dor de cabeça para comerciantes que não tinham ainda a ideia de como o corredor iria funcionar desde o início do projeto há quase quatro anos.
A obra teve início em 2016, no gerenciamento de Alcides Bernal, e começou a ser realizada pelo Exército através de convênio, que posteriormente, em 2018, foi rompido e assumido por empreiteiras.
Neste ano, estão sendo instaladas as estações e esta etapa na visão dos comerciantes e moradores da região vai mais atrapalhar do que de ajudar, principalmente no que diz respeito aos comércios que ficam em frente aos quatro terminais da região.
“Não tem lógica nenhuma, esses pontos aqui, acredito que é dinheiro jogado fora, ninguém da prefeitura veio conversar com nós comerciantes, simplesmente chegaram e fizeram. A gente já sofreu com o recapeamento e agora com esses pontos, tem erro de logística aqui” disse o lojista Cleiton Melo de 40 anos.
O segundo terminal de transbordo na Rua Brilhante, fica em frente a garagem de carros onde trabalha o gerente Carlos Eduardo, 40 anos. Segundo o funcionário, as vendas caíram bastante desde que construíram a estrutura porque prejudicou o estacionamento do lado esquerdo. “Isso queimou nosso ponto aqui na região, porque a pessoa não consegue estacionar, nós aqui da loja só estamos conseguindo entrar na garagem com os carros porque ainda não tem o fluxo de ônibus, mas quando começar a funcionar, como vamos fazer?”, disse.
Ainda segundo Eduardo, o setor de vendas ficou mais desfavorecido na região desde o recapeamento da Brilhante no ano passado. “As vendas não caíram por causa da pandemia, começou com as obras de asfalto e agora com esse ponto, eles dizem que vão melhorar, mas eu não vejo como”, contou.
E as reclamações não se basearam apenas no enfraquecimento do comércio. O trânsito ficou mais perigoso depois das instalações das estações segundo os comerciantes.
“O trânsito na Brilhante a partir das 17h é intenso, essa estrutura ‘no meio da rua’ que ainda não está pronta já causou acidentes, porque ficou uma faixa estreita onde todo mundo quer passar, imagina quando começar a funcionar com os ônibus? Acredito que em vias mais largas até funcionaria, mas aqui, sem condições”, contou o comerciante Cleiton.
Amanda Nantes, de 38 anos, trabalha em loja de produtos naturais e contou a reportagem do Correio do Estado que o trânsito está um caos nos últimos dias. “Não tem nexo nesses pontos, já teve um acidente aqui na frente porque não tem espaço para os carros, esses dias um motorista passou em alta velocidade por dentro do ponto, com o fluxo de movimento aqui não vai dar certo”, explicou.
Para os motoristas, além de não ter visão nos cruzamentos, o último ponto da rua Brilhante causa preocupação já que foi instalado bem na curva da via que termina na avenida Gunter Hans onde terá estações de embarque. O serviço será feito entre os terminais Bandeirantes e Aero Rancho, com custo orçado em R$ 12 milhões que precisa ser licitado.
Outra reclamação de Amanda é a exclusão do estacionamento para seus clientes já que o ponto fica bem em frente à loja. “Isso vai diminuir ainda mais os nossos atendimentos, porque a pessoa vai ter que estacionar em ruas laterais para vir aqui, isso tende a piorar a situação que estamos vivendo agora, não entendo a finalidade e o pior é que a prefeitura nem pediu nossa opinião”.
O Correio do Estado entrou em contato com o secretário de obras e infraestrutura do município, Rudi Fiorese, sobre o posicionamento diante das críticas nas obras, principalmente na logística das estações de embarque. Em reposta a reportagem, Fiorese disse que o projeto foi realizado de acordo com a necessidade da via. "Se colocarmos as estações no passeio teríamos o problema de "tampar" a (fachada) agravado. Outro ponto é a largura em alguns trechos dos passeios que não é suficiente para a instalação das estações", explicou.
CORREDOR
Atualmente, a obra está na fase da implantação de estações de pré-embarque. Às 16 licitadas (foram incluídas as 4 previstas para o corredor da Rua Bahia) vão custar R$ 831.381,21. Serão três estações de 10 metros de comprimento e 13 estações de 5 metros, com 2,5 metros de cobertura.
As maiores terão 15 assentos e as menores seis, além de uma estrutura de concreto, na qual os usuários também poderão se acomodar. Na Rua Brilhante, as estações de pré-embarque estão programadas para as esquinas com as ruas Cyriaco Maymone, Mario Quintanilha, Manoel Proença e Marechal Deodoro.
A Avenida Bandeirantes terá estações nas esquinas com as ruas Campinas, Hermenegildo Pereira, Bélgica, Tenente Antônio João de Figueiredo, Argemiro Fialho, Salgado Filho e 26 de Agosto.
*Colaborou Daiany Albuquerque