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Com focos em aldeias e frigoríficos, Dourados vira epicentro de Covid-19

Saúde adota medidas para tentar conter a disseminação da doença em reservas indígenas da região

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Após o registro de casos do novo coronavírus em aldeias e a partir de frigoríficos da região, Dourados, a 230 quilômetros de Campo Grande, tornou-se o novo epicentro de Covid-19 em Mato Grosso do Sul . Tendo registrado o maior número de confirmações da doença nos últimos três dias, o município já soma 197 casos. Além disso, há, segundo o boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira, mais 358 casos suspeitos que aguardam fechamento no sistema de informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

De terça-feira para ontem foram mais 17 novos testes positivos na localidade. Conforme dados da SES, a considerar a taxa de incidência de episódios confirmados, que é contabilizada tomando por base cada grupo de 100 mil habitantes, Dourados, com quase 221 mil habitantes, já tem incidência de 489,9. Guia Lopes da Laguna é a primeira de MS e está entre as primeiras do País, com 2.061,6 (204 casos). Campo Grande registra 262 casos e uma taxa de incidência de 29,2 por 100 mil habitantes.

Somente a chamada região da Grande Dourados – Caarapó, Deodápolis, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados, Itaporã, Jateí, Nova Alvorada, Rio Brilhante, Vicentina e Juti – soma, segundo o último boletim da Secretaria de Saúde, 345 testes positivos do novo coronavírus.  

INDÍGENAS

A maior preocupação das autoridades de saúde é a população indígena. O primeiro caso de contaminação dentro do grupo no Estado foi de uma trabalhadora de um frigorífico de Dourados. Segundo boletim divulgado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), no Estado, mas especificamente na região de Dourados e Caarapó, os números duplicaram em 24 horas e passaram de 34 para 74 casos confirmados em indígenas e dois suspeitos. Com a rapidez de contaminações, esse índice é quase a metade do número total de testes positivos na cidade.

Os casos confirmados e suspeitos na região de Dourados estão concentrados nas aldeias da etnia guarani-kaiowá (91%) e menor incidência na tribo terena (9%).  

O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, disse que são mais ou menos 50 ações de enfrentamento que estão sendo realizadas na região, principalmente com a população indígena, como unidades sentinelas e comitê de enfrentamento, mas grande parte das ações é organizada em conjunto com outras entidades.  

“A preocupação é com todas as cidades de Mato Grosso do Sul, sim, mas principalmente na região de Dourados, nós estamos dialogando. É uma união de esforços entre o governo do Estado com entidades no enfrentamento da Covid-19”, explicou

O governo de MS recebeu a doação de 10 mil máscaras de tecido da Energisa para entrega aos indígenas. A entrega simbólica foi realizada nesta quarta-feira, na Casa de Cursilhos de Dourados, onde também está instalada uma iniciativa de controle da doença que envolve diversas instituições públicas e privadas. Na instituição, estão em quarentena indígenas que testaram positivo para o novo coronavírus. Desde a semana passada, os casos confirmados foram levados para o local para serem monitorados.  

Além das máscaras, o Grupo Energisa tem atuado em outras frentes, como o investimento de R$ 1,5 milhão para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para a produção de testes para diagnóstico de Covid-19 em nível nacional. Diante da disseminação da Covid-19, reunião entre secretários de Governo, prefeitos da região da Grande Dourados e representantes do frigorífico JBS/Seara definiu pela testagem para o novo coronavírus de todos os 4,2 mil funcionários das indústrias.  

Junto a isso, a prefeitura de Dourados começou a instalar barreiras sanitárias na região. A primeira foi montada no final da Avenida Presidente Vargas, antes do trevo da Perimetral Norte, saída para a cidade de Itaporã e que dá acesso também a Maracaju e Guia Lopes da Laguna, onde foram registrados mais de 200 casos de Covid-19.

Ministério Público do Trabalho acompanha evolução de casos nas plantas frigoríficas

O aumento de casos de Covid-19 entre funcionários de frigoríficos em Mato Grosso do Sul está levando o Ministério Público do Trabalho (MPT) no Estado a um rigoroso acompanhamento do setor, inclusive com a realização de fiscalização por parte da Vigilância Sanitária nas plantas frigoríficas.

De acordo com o MPT, em abril a instituição havia notificado quase 30 indústrias com unidades ativas em Mato Grosso do Sul para que seguissem recomendação específica sobre práticas sanitárias capazes de barrar o contágio e a disseminação do novo coronavírus, tanto em relação aos empregados diretamente contratados quanto aos demais prestadores de serviços internos e externos. Mas os episódios da doença acabaram aparecendo e crescendo a partir de algumas plantas, como a de Guia Lopes da Laguna e de Dourados.

Ainda conforme o Ministério Público do Trabalho, até agora seriam 122 trabalhadores contaminados na unidade da Seara Alimentos (JBS) e 14 na da BRF (fusão entre Sadia e Perdigão), ambas em Dourados; 109 no Frigorífico Brasil Global Agroindustrial, em Guia Lopes da Laguna; e 30 no Frigorífico Franca Comércio de Alimentos, situado em Bonito.

CUIDADOS

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) baixou portaria e instrução normativa estabelecendo os cuidados que frigoríficos devem manter quanto à Covid-19. As regras são obrigatórias e foram elaboradas em conjunto pelos ministérios da Agricultura e da Saúde e a Secretaria de Trabalho e Emprego do Ministério da Economia, com a participação da Procuradoria-Geral do Trabalho. O anúncio foi feito pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em audiência virtual à Comissão Externa do Coronavírus da Câmara dos Deputados.

Em menos de um mês, é a segunda vez que o governo se dirige ao setor produtivo de proteína animal por causa da pandemia. No dia 11 de maio, o Mapa também publicou o manual com orientações para frigoríficos em razão da pandemia da Covid-19. As 70 medidas descritas no manual são facultativas.

*Colaborou Bruna Aquino

CORONAVÍRUS

Atraso da vacina atualizada da Covid atrai críticas de fora da política ao governo Lula

No início da semana, a pasta atribuiu a demora na compra das vacinas ao processo de compra

19/04/2024 16h00

Integrantes da comunidade científica, profissionais de saúde, entre outros grupos, lançaram nesta semana um abaixo-assinado cobrando do Ministério da Saúde a entrega das vacinas preparadas para novas variantes. Myke Sena / Ministério da Saúde

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O atraso na compra da vacina atualizada da Covid tornou o governo Lula (PT) alvo de críticas que extrapolam o campo da política e grupos como o centrão.

Integrantes da comunidade científica, profissionais de saúde, entre outros grupos, lançaram nesta semana um abaixo-assinado cobrando do Ministério da Saúde a entrega das vacinas preparadas para novas variantes e mais medidas para fortalecer o combate à doença que matou ao menos 3.012 pessoas em 2024 —cerca do dobro das 1.544 mortes confirmadas por dengue no mesmo período.

"É inadmissível o total abandono que estamos vivendo em um país reconhecido mundialmente por nossas campanhas de vacinação e por um governo eleito com esta pauta", afirma o texto publicado no site "Qual Máscara?", que reúne informações sobre o combate ao novo coronavírus.

Procurada nesta sexta-feira (19), a Saúde não se manifestou sobre as críticas. No início da semana, a pasta atribuiu a demora na compra das vacinas ao processo de compra e afirma que faz o possível para agilizar o contrato.

O documento recebeu originalmente 15 assinaturas. Mais de 1.780 pessoas aderiram à carta após o texto ser divulgado nas redes sociais.

A conduta negacionista de Jair Bolsonaro (PL) na pandemia e o desdém do ex-presidente pelas vacinas foram fortemente explorados por Lula na campanha eleitoral de 2024. A falta de novas doses, agora, levanta críticas à gestão petista.

Em fevereiro, a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, afirmou no X que a vacina adaptada à variante XBB chegaria ao Brasil no mês seguinte. Em março, a ministra Nísia Trindade prometeu começar a vacinar grupos prioritários em abril.

O imunizante, porém, ainda não foi comprado, o que fez a Saúde adiar o começo da campanha de imunização da Covid-19.

Integrantes da Saúde esperam fechar nesta sexta-feira (19) a compra da vacina da Moderna. O Departamento de Logística da pasta já deu aval para adquirir 12,5 milhões de doses, por R$ 725 milhões.

A ideia do ministério é que um primeiro lote chegue ao Brasil em cerca de uma semana. Como é preciso distribuir os imunizantes aos estados e municípios, a nova projeção é de começar a campanha em maio.

"Vai haver uma necessidade anual de atualização [das doses]. O Brasil é que dormiu no ponto, não comprou as vacinas", afirma Monica De Bolle, professora de economia na Universidade Johns Hopkins e mestre em Imunologia e Microbiologia pela Universidade de Georgetown. Ela também assina a carta publicada no site "Qual Máscara?".

De Bolle diz que a vacina bivalente, última ofertada pelo SUS, já está desatualizada e não protege corretamente contra as formas predominantes da Covid-19.

"A bivalente tem dois pedaços da proteína Spike, que é a de superfície do vírus, a principal, que conecta o vírus às nossas células. Essa vacina tinha a versão original da Spike, ainda do vírus que emergiu de Wuhan, e mais uma versão da Spike de uma variante da Ômicron que não está mais em circulação", explica. "Como nem o vírus original de Wuhan nem essa variante específica estão em circulação, a bivalente é uma vacina que não adianta muita coisa."

A Anvisa aprovou há quatro meses o uso no Brasil da vacina da Pfizer para a variante XBB. Em março, concedeu o mesmo aval para o imunizante da Moderna.

O ministério afirma que planejava uma compra de imunizantes no meio de 2023, mas aguardou estas novas versões surgirem no mercado. A Saúde abriu um processo de compra emergencial das 12,5 milhões de doses após o aval dado à Pfizer.

O período de lances para a proposta de contrato da vacina começou em 8 de março. Participaram da disputa Pfizer e Moderna, que apresentou menor preço. Mais de um mês depois, ainda não há desfecho da compra. A Saúde espera anunciar a contratação nesta sexta, e atribui o atraso aos recursos apresentados na inédita disputa de duas empresas por um contrato de vacina do SUS.

A carta direcionada à Saúde, publicada no site "Qual Máscara?", também reclama da entrega de doses desatualizadas às crianças.

"Ainda em 2023, as crianças ficaram privadas da dose atualizada da versão infantil da vacina bivalente, tendo de contar apenas com as vacinas produzidas para as cepas originais, que não estão mais em circulação. A vacina mais atual, desenvolvida contra a variante XBB, está disponível para o público do hemisfério norte desde setembro de 2023, com dose de reforço já liberada para a vacinação de idosos nos Estados Unidos desde fevereiro de 2024", diz o texto.

O mesmo documento mostra preocupação com o número de doses da compra emergencial, que não cobre nem sequer grupos prioritários, também aponta falta de dados confiáveis sobre a doença e baixa testagem no Brasil.

A Saúde afirma que também fará outra compra regular de vacinas —o plano da pasta é adquirir cerca de 70 milhões de imunizantes neste ano.

"Países como os Estados Unidos, Dinamarca, Japão, Chile e Paraguai já vacinam a população desde o segundo semestre de 2023 [com doses preparadas para a XBB]. O Ministério alega que as vacinas bivalentes protegem igualmente (o que não é verdade), mas cidades como o Rio de Janeiro sinalizam a falta completa de estoque de vacinas bivalentes para Covid", afirma ainda o grupo, na carta direcionada à Saúde.

Nas redes sociais, o divulgador científico Atila Lamarino também questionou a estratégia do governo Lula sobre a Covid. "Com tantos sinais conflitantes, queria entender qual estratégia pretendem seguir e o porquê", disse em publicação no X.

Questionada sobre críticas que a atual gestão pode receber pela falta de doses no início da semana, Ethel Maciel disse que o ministério fez todo o possível para acelerar o contrato.

"A gente depende da aprovação da Anvisa [do registro da vacina atualizada], que aconteceu em dezembro. A gente iniciou a compra, que está acontecendo agora. Tivemos essa questão do pregão, com duas concorrentes. Do ponto de vista do Ministério da Saúde, tudo o que poderia ser feito para que o processo fosse o mais célere possível, foi feito", disse a secretária.

Servidores

Governo Lula amplia proposta de reajuste para 9,5% para servidores federais da educação

Para o ano que vem, o governo aumentou a proposta de reajuste de 4,5% para 9,5%. E para 2026, saiu de 4,5% para 3,5%

19/04/2024 14h00

O governo também acolheu a maioria dos pedidos para reestruturação da carreira. Foto: Gerson Oliveira

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta sexta-feira (19) uma contraproposta a técnicos e servidores da educação para 2025 e 2026 em numa nova mesa de negociação.

Para o ano que vem, o governo aumentou a proposta de reajuste de 4,5% para 9,5%. E para 2026, saiu de 4,5% para 3,5%. Além disso, os pagamentos já seriam feitos em janeiro de 2026, não em maio, como é praxe.

O governo também acolheu a maioria dos pedidos para reestruturação da carreira.

A proposta foi feita em reunião de lideranças sindicais no Ministério da Gestão e Inovação com integrantes do governo. Em frente à sede da pasta estavam integrantes da categoria em protesto.

Do lado do Executivo estiveram presentes o secretário-executivo-adjunto da Educação, Gregório Grisa, e o secretário de Gestão de Pessoas, José Celso Cardoso.

Também participaram representantes da Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil) e do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica).
De acordo com o governo, há 220 mil pessoas nesta carreira.

"A gente colocou na mesa agora, para avaliação das entidades, para apreciação dos sindicatos, uma proposta de reajuste que representa um avanço expressivo, quando comparada à proposta que o governo fez ainda no final do ano, que era de 4,5% em 2025, 4,5% em 2026", disse Grisa.

"A gente traz a proposta agora, inclusive adiantando para o mês de janeiro de 2025, já ter 9% em 2025. Então a gente dobra a proposta feita anteriormente para essa carreira de técnicos administrativos", completou.

Ao final da reunião, os secretários do governo falaram com jornalistas sobre a proposta. À tarde, a mesa de negociação será com professores.

Docentes de universidades, centros de educação tecnológica e institutos federais das cinco regiões do Brasil entraram em greve no último dia 15, após o governo não prever reajuste às categorias.
Eles exigem aumento salarial de 22%, a ser dividido em três parcelas iguais de 7,06% —a primeira ainda para este ano e outras para 2025 e 2026.

De acordo com balanço de quinta-feira (18) da Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), há 24 instituições paralisadas e outras 11 com indicativo de greve. Já a Fasubra diz que 66 das 69 instituições aderiram à greve.

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