Enfrentando uma onda de calor, com temperaturas chegando aos 39°C e sensação térmica de 43,2°C, Campo Grande ainda sofre com a falta de água em alguns bairros, que já persiste há uma semana. Os relatos do problema surgiram na terça-feira (10), com o aviso da Águas Guariroba, concessionária que administra o fornecimento de água da Capital, de que 43 bairros poderiam enfrentar problemas.
Moradora do Bairro São Francisco, de 27 anos, que preferiu não ser identificada, contou à reportagem que ficou sem água das 14h até às 20h de sábado (13). “Minha mãe estava me ajudando em casa, porque eu estava doente, quando percebeu que acabou a água”, disse ela.
Conforme a empresa, atualmente, a falta do bem líquido é pontual em alguns bairros da cidade, mas ainda permanece em estado de atenção. Apesar disso, a concessionária já verificou uma recuperação gradativa nos reservatórios, contudo, que ainda depende do uso consciente da população. Os investimentos para a melhoria e ampliação do abastecimento, como interligar sistemas dos bairros, novas unidades de bombeamento e perfuração de poços, estão em andamento, mas os impactos em curto prazo foram da conscientização e economia da população.
O diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), Vinícius Campos, informou ao Correio do Estado que enviou um ofício, na terça-feira (10), para a Águas Guariroba, cobrando explicações sobre a repentina falta de água, com prazo de três dias para a resposta, que não foi respeitado. Um novo ofício foi enviado ontem (16) junto de uma advertência e o prazo de 24h, que se encerra hoje, para a resposta.
Em nota, a Águas explicou que o problema foi ocasionado pelo aumento do consumo neste período de intenso calor e estiagem, que atrapalha o reabastecimento dos reservatórios. “Nos primeiros dias de setembro deste ano, o campo-grandense consumiu 20 milhões de litros de água a mais por dia, se compararmos com o mesmo período do ano anterior”, dizia o comunicado, que também pedia um consumo consciente por parte da população.
De acordo com o diretor-executivo da empresa, Celso Paschoal, o sistema de abastecimento de água de Campo Grande conta com 104 reservatórios espalhados pela cidade, que têm capacidade para 97 milhões de litros de água. Por dia, o consumo médio do recurso hídrico na Capital é de 233 milhões de litros. Neste ano, com os dias quentes e secos, o consumo subiu para 267 milhões de litros.
SEM CHUVA
O problema da falta de água só será sanado quando uma chuva significativa ocorrer em Campo Grande, o que não deve acontecer pelo menos até o fim do rigoroso inverno deste ano em Mato Grosso do Sul, de acordo com o meteorologista Natálio Abrahão.
“Entre 22 e 24, deve ter uma chuva significativa no centro-sul do Estado, com chances de chover na Capital”, disse ele. Antes disso, na sexta-feira, há previsão de aumento de nuvens, comchance de chuva no centro-sul, incluindo Campo Grande.
A temperatura média máxima de Mato Grosso do Sul foi de 39,7ºC ontem (16). A temperatura média histórica é de 31,5ºC, ou seja, são 8,2ºC acima desse índice. Conforme informações do meteorologista, seis municípios tiveram temperaturas que passaram dos 41ºC e todas as cidades do Estado tiveram sensação térmica acima dos 40ºC – 13 cidades apresentaram sensação térmica acima dos 45ºC e a média foi 44,1ºC.
A umidade relativa mais baixa foi em Amambai, com 9%, e 21 municípios apresentaram umidade igual ou abaixo de 12%, o que ja é considerado nível crítico.