Campo Grande está à beira de uma epidemia de dengue. Depois de dois anos com os casos da doença sob controle, a cidade volta a registrar um número alto de notificações logo no início do ano e a ocorrência de epidemia é iminente.
De acordo com a Superintendente de Vigilância em Saúde da prefeitura, Veruska Lahdo, o grande indicador de que haverá uma epidemia na Capital, já nos próximos meses, é a circulação do vírus tipo 2 da doença. “A gente já vem sinalizando a possibilidade de ter uma epidemia no municípío desde setembro do ano passado. Primeiro, porque as epidemias vem ocorrendo de três em três anos e a última foi em 2016. Outro motivo é que já identificamos dengue do tipo 2 na cidade, quando os mais comuns são do tipo 1 e 3”, disse.
O causador da dengue é um vírus, mas seus transmissores (chamados de vetores) são mosquitos, geralmente do gênero Aedes Aegypti. Já não é novidade que os mosquitos se desenvolvem em água parada e limpa, por isso, no verão, quando a chuvas são frequentes, eles se tornam mais comum. “Nós estamos tendo muito calor e umidade e esse é o cenário propício para proliferação do mosquito. Porque chegou o calor e a chuva, os ovos se desenvolvem, e não precisa nem ser tanta chuva”, lembra.
PREVENÇÃO
Ontem, mais de 30 agentes comunitários de saúde e de combate a endemias fizeram uma força-tarefa com objetivo de vistoriar cerca de cinco mil imóveis e terrenos baldios do Bairro Alves Pereira. A região foi escolhida por ter apresentado o maior índice de infestação do mosquito Aedes aegypti, conforme o último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (Liraa).
“O objetivo é reduzir os índices de infestação e, consequentemente, os casos das doenças transmitidas pelo mosquito. A grande maioria dos focos encontra-se nas residências, em imóveis fechados. Há resistência de moradores para receber o agente de endemias, mas a gente continua batendo na tecla de que a prevenção é simples, não tem mistério, basta não ter o criadouro”, diz.
Os trabalhos da força-tarefa serão estendidos até a sexta-feira (1º) e devem percorrer o Jardim Colibri, Alves Pereira, Nashiville, Vila Antunes, além dos parcelamentos adjacentes.
Cada equipe é composta por oito agentes, que dividirão o campo de atuação por quarteirões. Os terrenos baldios também serão vistoriados e os materiais de grande volume recolhidos com o auxílio de dois caminhões, enviados pela Secretaria de Infraestrutura e Obras (Sisep) para reforçar os trabalhos.
Conforme a prefeitura, além de orientar o morador sobre a necessidade dos cuidados para evitar a proliferação do mosquito, será feito o tratamento e a remoção dos grandes depósitos e materiais inservíveis, além da identificação e eliminação de focos.
Os imóveis que eventualmente estiverem fechados, com ausência momentânea do morador, deverão ser visitados em um segundo momento, em data ainda a ser definida.
Também estão entre os bairros com alto índice de infestação a região do Jardim Universitário, Vida Nova, Cruzeiro, Amambai, Estrela Dalva, Maria Aparecida Pedrossian e Jockey Club.
EPIDEMIA
Em 2016, epidemia de dengue fez com que a Prefeitura de Campo Grande decretasse situação de emergência. Somente no mês de janeiro daquele ano, foram registradas 9.662 notificações de dengue, mais de 5 mil casos foram confirmados durante o ano todo e quatro pessoas morreram em decorrência da doença. No mesmo ano, foram notificados 4.594 casos de zika vírus e 265 de chikungunya.
Já nos anos de 2017 e 2018, foram confirmados 812 e 1.036 casos de dengue, respectivamente, porém, nenhum óbito.


