Em obras há oito anos, o Anel Viário de Campo Grande será inaugurado com aspecto de “usado”. Parte do asfalto do trecho que deve ligar a MS-010 (saída para Rochedinho) e a BR-163 (saída para Cuiabá) apresenta buracos, rachaduras e grande quantidade de remendos. Os problemas revelam a qualidade da pavimentação empregada na obra. O trecho deveria ter sido finalizado até maio deste ano, mas houve pedido de prorrogação do prazo de entrega para 2020.
O Correio do Estado percorreu o trecho entre a MS-080 (saída para Rochedo) e MS-010 (saída para Rochedinho). No local, o asfalto está se esfarelando e onde os buracos não tomam conta há remendos com cerca de centímetros de distância um do outro.
Basta circular pelo trecho para perceber que a qualidade da pavimentação é duvidosa, visto que em alguns locais o asfalto que nunca foi usado por veículos pesados já está deteriorado antes mesmo da inauguração da rodovia.
Conforme a prefeitura, a empresa responsável pela obra terá de entregar a pavimentação em boas condições, apesar dos remendos. O município informou que ainda estão em construção duas rotatórias (na MS-010 e MS-080), que devem ser finalizadas até agosto. Está em análise no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) o projeto de uma terceira rotatória, prevista para o entroncamento com a BR-163. A previsão de conclusão da obra é dezembro deste ano.
RECURSOS
As rotatórias sempre foram pontos de entrave da obra e também responsáveis pelo encarecimento da intervenção do Anel Viário. Para tentar agilizar a entrega, em setembro do ano passado, o então ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, prometeu enviar recursos extras de R$ 9,5 milhões.
Porém, 10 meses se passaram e a verba da União ainda não chegou. Em nota, o Dnit informou que “os recursos para complementação da obra do Anel Viário de Campo Grande estão previstos para disponibilização em 2019”, sem especificar datas.
O projeto passou por ajustes para contemplar a construção de colchões drenantes, que não estavam previstos na proposta original. Também foi preciso alterar os projetos das rotatórias, que foram mudadas, por exemplo, para se adequarem à duplicação da MS-080. As alterações exigiram um aditivo de R$ 1.603.513,62 no convênio.
Por conta das adequações nas rotatórias, o valor total da obra deve aumentar, mas a Sisep ainda não divulgou a nova planilha. Até o fim do ano passado, a confirmação era de que, para ser concluída, a intervenção deverá consumir total de R$ 46,5 milhões – já com os R$ 9,5 milhões em recursos da União, além de R$ 950 mil da prefeitura, que representam 10% de contrapartida.
O trecho em obras atualmente faz parte de um total de 24 quilômetros, dos quais 18 km estão concluídos. Para a retomada da intervenção, a administração municipal disse que prorrogou o convênio, vencido em maio de 2017, reprogramou o trabalho com aval do Dnit para inclusão de novas obras e também teria concluído as últimas desapropriações.
ATRASO
Desde que teve início, em 2011, ainda na gestão de Nelsinho Trad, a obra já passou por diversas reavaliações e também paralisações para corrigir valores de aditivos do contrato. Inicialmente, a entrega definitiva ocorreria em julho de 2014. Com o novo prazo, previsto para 2020, a construção deve durar quase 10 anos.