Cidades

CRIME ORGANIZADO

Com ameaça de transferência de Marcola, divisa MS/SP vive tensão

Plano de resgate e ataques estabelecem PM paulista na região

Da Redação

31/01/2019 - 18h45
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Com menos de 6 mil habitantes, ruas pacatas e cenário típico de uma pequena cidade do interior, Caiuá vive uma mudança de rotina há cerca de um mês, desde a posse de João Dória (PSDB) como governador de São Paulo. 

Helicópteros, homens fortes e altos de camisa social, carros com insulfilme de poucos sorrisos e semblantes sempre invocados.

Não é para menos: são policiais da Rota, espécie de tropa de elite da PM de São Paulo. 

Carregam armamento pesado, entre fuzil de calibre ponto 30, capaz de derrubar aeronaves, metralhadoras de alta capacidade e fazem patrulhas divido em equipes de dois turnos de 12 horas. 

Com ordem de identificar moradores, visitantes e outros elementos.

Não, a pequena Caiuá não apresentou crescimento de criminalidade excepcional. Pelo contrário, teve apenas quatro assassinatos registrados nos últimos dez anos. 

O interesse da cúpula da Segurança Pública paulista no município é outro: às margens do Rio Paraná, é rota de passagem da BR-267, faz divisa com Presidente Epitácio, o Mato Grosso do Sul e entrou em rota de alerta após Dória anunciar os planos de enfim transferir Marcos Willians Herbas Camacho, 51 anos, do Presídio de Segurança Máxima Estadual de Presidente Venceslau para uma unidade federal com o mesmo status. 

Camacho, mais conhecido como Marcola, é o principal líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que controla o tráfico de drogas e armas nas fronteiras de Paraguai e Bolívia. 

E é dos vizinhos sul-americanos, por Mato Grosso do Sul, que as autoridades paulistas temem que venha a esperada reação da quadrilha caso a atual gestão daquele estado cumpra os planos de transferência.

NORDESTE

Oficialmente, a gestão Dória diz que ainda avalia se concluirá ou não a promessa feita em campanha de transferir Marcola.

Nos bastidores, o governador paulista já teve duas reuniões com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre o assunto. 

"Essa è uma decisão (transferência que oportunamente vamos praticar, mas todas as nossas ações estão sendo feitas em conjunto com o Governo Federal", disse Dória, a jornalistas da região de Presidente Prudente, em visita à cidade, na última semana.

Dória estava acompanhado dos novos secretários de São Paulo da Segurança Pública, general do Exército João Camilo Pires de Campos, e da Administração Pública, o coronel aposentado da PM, Nivaldo Restivo. Junto deles, o comandante da Rota, tenente-coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo. 

Exceto o governador, todos permaneceram ou mantiveram seus braços-direitos até a última terça-feira (29) na cidade. A presença de tanta gente do primeiro quadro da força pública a poucos quilômetros de Mato Grosso do Sul é inédita.

Campos, primeiro membro das Forças Armadas a chefiar o principal secretário estadual de Segurança Pública do País desde os anos 1970, vem mantendo elo estreito não só com Moro, seu gabinete e as cúpulas da Polícia Federal e do próprio Exército. 

"A expectativa é que o caso de Marcola seja federalizado até março", disse uma fonte da Rota ao Correio do Estado

Na avaliação da tropa de elite, a transferência de Marcola só não foi consumado com todas as pompas por Dória e o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por motivos alheios, como a onda de violência em Fortaleza (CE), as acusações contra o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) e a tragédia de Brumadinho (MG). 

"Por isso não ocorreram ações das forças federais em São Paulo ou nos estados vizinhos, como o Mato Grosso do Sul. Aconteceram coisas que exigiram a atenção imediata do Governo Federal, que pela primeira vez atuará na Segurança Pública paulista desde a Ditadura Militar", avaliou o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, que atua em Presidente Prudente e participou de mais de cinco reuniões desde as posses de Bolsonaro e Dória para tratar da transferência de Marcola.

Sem tecer opiniões particulares sobre a medida, Gakiya avalia que Moro e seu estafe tem outras dúvidas: onde abrigar Marcola? 

Duas são as opções: Porto Velho (RO) ou Mossoró (RN). "Qualquer outra, de imediato, incluindo Campo Grande, pela proximidade com o Paraguai, é atrair um risco desnecessário", disse.

A promessa e empolgação de Dória parte da premissa de que não houve reações por parte da facção entre o final do ano passado e este mês depois que o juiz Paulo Eduardo Sorci, da 5ª Vara das Execuções Criminais, autorizou a transferência de cinco líderes do PCC acusados de integrar a cúpula da organização criminosa e emitir ordens para execução de crimes de dentro de presídios de segurança máxima de São Paulo. 

O pedido foi feito pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, sob o argumento que é preciso isolar o grupo para que eles deixem de emitir ordens ao restante da quadrilha.

Os presos atuam como "sintonia de estados e países" da organização criminosa. Entre eles estão Almir Rodrigues Ferreira (Nenê da Simioni), que teria dado ordens para ataques a prédios públicos e ônibus em Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Minas Gerais; e Claudio Barbará da Silva (Barbará), apontado como responsável por ordens de tráfico de drogas e compra de armas e munições para os estados de Roraima e Ceará. 

Os demais são Cristiano Dias Gangi, Jose de Arimatéia Pereira de Carvalho e Reginaldo do Nascimento.

Também devem ser transferidos outros dois membros da quadrilha: Rogério Araújo Paschini e Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, acusado pelo sequestro da mãe do jogador Robinho.

Todos estavam na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e foram transferidos para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em junho passado, depois da Operação Echelon, que expediu 63 mandados de prisão e 55 mandados de busca e apreensão. 

O grupo teria assumido o comando da quadrilha após outros 14 detentos, incluindo Marcola, terem sido colocados em isolamento na penitenciária de Presidente Bernardes, em 2017.

AÇÕES

Na avaliação da cúpula da segurança paulista, o "reforço" de Marcola, cuja principal base de sustentação dentro da facção está na fronteira com o Paraguai, teriam três rotas de Mato Grosso do Sul para chegarem à cidade onde a liderança do PCC está presa: Bataguassu, Brasilândia e Três Lagoas (veja mapa abaixo).

O plano da PM consiste em manter forte armamento e abater desde veículos às aeronaves estranhas e suspeitas que circulem ou sobrevoem o espaço do principal presídio paulista.

O plano, levado a Moro por Dória, deve ser repassado aos estados vizinhos em reunião futuras. Forças federais, no entanto, já possuem dados obtidos pela inteligência do Ministério Público Federal, que deve receber o caso de Marcola nos próximos meses.

Desde a eleição de Dória, pelo menos dois planos de resgatar Marcola foram revelados pelo Ministério Público Estadual de São Paulo. 

Ambos teriam sido frustrados após a escuta obtida dos celulares clandestinos dos integrantes do PCC.

Não à-toa que a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) vem desencadeando operações na região da fronteira, como no último dia 18, quando policiais do DOF, Polícia Civil e Polícia Militar, com o objetivo de impedir ataques do crime organizado, como o que vitimou o ex-candidato a prefeito de Ponta Porã Francisco Chimenez, tio do narcotraficante Jarvis Pavão, em Ponta Porã, na fronteira com o município paraguaio de Pedro Juan Caballero.

Ações contam com apoio de helicóptero da PM e, durante as primeiras horas da operação, foi apreendido um fuzil, que estava em uma caminhonete. 

Veículo também foi apreendido e não foram informados detalhes sobre o motorista.

O secretário Antônio Videira disse que o objetivo da operação é “sitiar” a região por tempo indeterminado, até que o risco de ataques no lado brasileiro da fronteira diminua, aumentando a segurança.

“Além dos policiais, também temos servidores da inteligência da Sejusp para auxiliar nas ações, com apoio do helicóptero. Isso ocorre sem comprometer o policiamento que foi reforçado em Paranhos, Sete Quedas e Coronel Sapucaia”, disse. 

 

CAMPO GRANDE

Bioparque Pantanal terá Papai Noel mergulhador em programação especial de Natal

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

14/12/2025 18h00

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

Atração promete encantar visitantes de todas as idades Divulgação/ Gov MS

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O Bioparque Pantanal preparou uma programação especial de Natal para receber o público em dezembro, com uma das atrações mais aguardadas do período: o Papai Noel Mergulhador.

A apresentação está marcada para as 10h dos dias 23 e 24 e promete surpreender famílias e visitantes ao unir magia, educação ambiental e o contato direto com a biodiversidade.

A ação, que já se tornou tradicional no calendário do atrativo, leva o personagem natalino para dentro dos tanques, reforçando de forma lúdica a importância da conservação ambiental e da relação harmoniosa entre o ser humano e a natureza.

Atenção nos horários!

No dia 24 de dezembro, o Bioparque Pantanal funcionará em horário especial, das 8h30 às 14h30, permitindo que o público aproveite a véspera de Natal com uma experiência diferente em um dos maiores complexos de água doce do mundo. O último horário de entrada será até 13h30.

Já nos dias 25 e 31 de dezembro, não haverá visitação. O empreendimento também permanecerá fechado entre 1º e 7 de janeiro de 2026, período destinado à realização de manutenções internas, voltadas à segurança dos visitantes e ao bem-estar dos animais. As atividades serão retomadas normalmente no dia 8 de janeiro.

Bioparque Pantanal

Inaugurado em março de 2022, o Bioparque Pantanal já recebeu mais de 1 milhão de visitantes e se consolidou como referência nacional em turismo científico, inclusivo, sustentável e contemplativo. O espaço é reconhecido pela estrutura moderna e pelo compromisso com a educação ambiental, acessibilidade e conservação da fauna.

A visita ao Bioparque Pantanal é gratuita, mas o agendamento é obrigatório e deve ser feito exclusivamente pelo site bioparquepantanal.ms.gov.br.

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MANIFESTAÇÃO

"Sem anistia", manifestantes protestam contra PL da Dosimetria em todo o Brasil

Atos ocorreram em diversas cidades e classificam projeto como anistia disfarçada aos envolvidos no 8 de Janeiro

14/12/2025 17h00

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo Divulgação/ Agência Brasil

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Manifestantes de diversas cidades brasileiras foram às ruas neste domingo (14) em protesto contra a aprovação do chamado Projeto de Lei da Dosimetria, que altera o cálculo das penas aplicadas aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para os organizadores, o texto representa uma “anistia disfarçada” e abre caminho para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes de seu governo.

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reuniram movimentos sociais, centrais sindicais, estudantes e partidos de esquerda. Pela manhã, manifestações ocorreram em capitais como Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Maceió, Fortaleza, Salvador e Brasília.

Na capital federal, o protesto teve início em frente ao Museu da República e seguiu em direção ao Congresso Nacional. Durante o trajeto, manifestantes entoaram palavras de ordem e exibiram cartazes com frases como “Sem anistia para golpista” e críticas diretas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Campo Grande

Em resposta a aprovação por 291 a 148 votos na última quarta-feira (10), centenas de campo-grandenses liberais se encontraram na esquina da Rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena para protestar contra a tentativa de Anistia das pessoas que foram condenadas pelo 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além de apoiadores, a manifestação contou com a presença de algumas autoridades da esquerda de MS, como o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que foi o primeiro político a chegar no local.

Em conversa com a reportagem, o parlamentar falou sobre o movimento desta manhã e a importância de dar uma rápida resposta ao PL da Dosimetria.

"Mais uma vez, a população dá um recado para a Câmara dos Deputados, que está votando na contramão de tudo aquilo que a população deseja, porque quem atentou contra a democracia, quem quebrou a série dos poderes em Brasília, quem tentou dar um golpe de estado no Brasil tem que ser condenado e pagar por esses crimes. Dar uma lição na história de que nós não aceitamos mais golpes no Brasil", disse o petista.

O ex-deputado estadual e agora candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Partido dos Trabalhadores, como oficializado neste sábado (13) pelo presidente do partido, Fábio Trad também compareceu ao protesto.

"É um momento muito importante, mas não só para a esquerda, para todos os democratas. Eu convido também a direita liberal que respeita a democracia, aquela direita dos anos 90 que respeitava a vontade das urnas, que não apoiava os Estados Unidos contra o próprio Brasil. Ela deveria estar aqui conosco, porque o que está em jogo aqui hoje não é só uma disputa partidária, é uma questão de civilização e barbárie", destaca.

Paulista ocupada

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi ocupada por manifestantes concentrados nos quarteirões próximos ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O ato reuniu representantes de sindicatos, movimentos sociais, estudantis e partidos políticos contrários ao projeto.

Durante o protesto, o coro de “sem anistia” foi repetido diversas vezes. Cartazes com dizeres como “Congresso inimigo do povo” ganharam destaque, assim como críticas ao comando da Câmara. Parte dos participantes vestiu roupas verde e amarelas para reforçar a rejeição à anistia dos envolvidos nos atos golpistas.

A votação do PL na Câmara ocorreu em meio a um episódio de tensão, após a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora pela Polícia Legislativa. Jornalistas foram impedidos de acompanhar a ação, e profissionais da imprensa relataram agressões.

Parlamentares da oposição avaliam que, com as mudanças previstas no texto, Bolsonaro poderia ter a pena reduzida de 7 anos e 8 meses para cerca de 2 anos e 4 meses em regime fechado, conforme o cálculo atual da Vara de Execuções Penais.

Segundo Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo, a mobilização foi motivada pela gravidade da proposta. “Nós entendemos que isso é uma anistia. Os crimes cometidos contra a democracia são muito graves e não podem ser perdoados. A impunidade abre espaço para novas tentativas de golpe”, afirmou. Ela acredita que a pressão popular pode influenciar a tramitação do projeto no Senado.

Protestos no Rio

No Rio de Janeiro, milhares de pessoas ocuparam as ruas próximas ao Posto 5, em Copacabana. O ato contou com a participação de movimentos sociais, sindicatos, estudantes, parlamentares, artistas e militantes de esquerda.

A manifestação ganhou caráter cultural com a participação de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se apresentaram durante a tarde. O evento foi batizado de “Ato Musical 2: o retorno”, em referência a uma mobilização anterior contra a PEC da Blindagem.

Além do PL da Dosimetria, os participantes protestaram contra a escala de seis dias de trabalho por um de descanso, o marco temporal para demarcação de terras indígenas, o feminicídio e cobraram transparência em investigações envolvendo o Banco Master.

Uma performance realizada por um grupo de mulheres chamou atenção ao comparar parlamentares favoráveis ao projeto a “ratos traiçoeiros”, com a distribuição de animais de borracha e fotos de deputados que votaram pela redução das penas.

A aposentada Angela Tarnapolsky, de 72 anos, afirmou que não poderia se omitir diante do que considera retrocessos democráticos. “Depois de tudo o que vivi desde a ditadura, é impossível aceitar um Congresso com esse nível de retrocesso”, declarou.

O deputado Glauber Braga participou do ato e agradeceu o apoio popular. Com a suspensão de seu mandato por seis meses, ele afirmou que levará o gabinete “para as ruas” e seguirá mobilizado contra o PL da Dosimetria e contra as chamadas emendas Pix, que permitem repasses de recursos públicos sem detalhamento do uso.

O que prevê o projeto

O PL da Dosimetria estabelece que os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito, quando cometidos no mesmo contexto, sejam punidos apenas com a pena mais grave, e não pela soma das penas. O texto também reduz o tempo necessário para a progressão de regime, do fechado para o semiaberto ou aberto.

A proposta pode beneficiar, além de Bolsonaro, militares e ex-integrantes do alto escalão do governo anterior, como Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

Parlamentares da oposição preveem, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o total da redução pode levar ao cumprimento de 2 anos e 4 meses em regime fechado em vez dos 7 anos e 8 meses pelo cálculo atual da vara de execução penal, segundo a Agência Câmara de Notícias. Mas a definição dos novos prazos será do STF e pode ser influenciada pelo trabalho e estudo em regime domiciliar, que diminuem o período de prisão.

O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.

**Colaborou Felipe Machado**

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