Subiu para oito o número de casos suspeitos de sarampo em Mato Grosso do Sul. Além dos cinco investigados pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande, há ainda outros três nas cidades de Taquarussu, Sonora e Nioaque, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Enquanto isso, 20.121 crianças ainda não foram vacinadas, das 158.083 que deveriam ter sido imunizadas em MS até sexta-feira, último dia da campanha nacional contra a doença e também contra a poliomielite.
Um dado preocupante é que, até o momento, apenas 70,50% das 47,5 mil crianças que fazem parte do público-alvo em Campo Grande foram imunizadas. Da meta de 47.574, apenas 33.541 receberam as vacinas. Ainda na Capital, dos cinco casos que a Sesau está investigando, três são de crianças (1, 2 e 5 anos) e um adulto (28 anos), quanto ao quinto não há informações.
“Nós tivemos a reintrodução do vírus do sarampo no Brasil com a entrada dos venezuelanos, além disso, a Europa já teve milhares de casos. Nós podemos ter o risco da reintrodução do vírus aqui no nosso município, então é importante que todos estejam protegidos”, orienta a coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Campo Grande, Mariah Barros. O último caso da doença no Estado ocorreu em 2002, em Campo Grande.
Como forma de tentar reverter o quadro e impedir o avanço do sarampo, a prefeitura da Capital fará dois dias D da Campanha de Vacinação neste sábado e domingo. Cinco unidades de saúde de Campo Grande estarão abertas para tentar atingir a meta de vacinar 95% das crianças de 1 ano a menores de 5 anos, tanto contra o sarampo quanto contra a poliomielite.
Haverá atendimentos nos Centros Regionais de Saúde (CRSs) Nova Bahia, Tiradentes, Aero Rancho, Coophavila e na Unidade Básica de Saúde 26 de Agosto. As equipes serão reforçadas para atender a população das 6h15min às 17h45min, sem intervalo para o almoço.
“Os quatro CRSs estarão funcionando em regime de plantão e também a UBS 26 de agosto, com o objetivo de alcançar essas crianças que os pais não tiveram tempo de [levar para] vacinar durante a semana”, disse Mariah.
Os pais e responsáveis devem comparecer às unidades básicas de saúde (UBSs/UBSFs) com seus filhos, levando a caderneta de vacinação para avaliação e registro da imunização. Durante todo o ano, as vacinas estão disponíveis nos postos de saúde.
ESTADO
Conforme o Ministério da Saúde, das 158.083 mil crianças de 1 ano a menores de 5 anos que deveriam ser vacinadas no Estado, 138.172 (87,40%) receberam as imunizações até a tarde desta sexta-feira.
Contra o sarampo é aplicada a tríplice viral, que protege também contra a caxumba e a rubéola. Para essa vacina, serão seguidas algumas determinações específicas do Ministério da Saúde informadas pelas enfermeiras que atenderem os pacientes.
Já contra a poliomielite será utilizada a vacina oral poliomielite (VOP), conhecida como gotinha, em crianças que já tenham recebido uma ou mais doses da vacina inativada poliomielite (VIP), independentemente do intervalo entre a dose de rotina e a ser administrada na campanha. A VIP será administrada em crianças que ainda não foram vacinadas contra a doença.
SURTO
Até o dia 28, foram confirmados 1.553 casos e 6.975 permanecem em investigação no Brasil. Atualmente, o País enfrenta dois surtos de sarampo: no Amazonas, que já computa 1.211 casos e 6.905 em investigação, e em Roraima, com o registro de 300 casos da doença, dos quais 70 continuam em investigação.
Entre os confirmados em Roraima, 9 pessoas foram atendidas no Brasil e estão recebendo tratamento, mas residem na Venezuela.
Até o momento, no Brasil, foram confirmados sete óbitos por sarampo.
RESPONSABILIDADE
Os pais e responsáveis podem ser responsabilizados por não levarem seus filhos à vacinação.
Realmente, “o descumprimento tem previsão no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] de multa”, diz Ricardo de Moraes Cabezón, presidente da Comissão de Direitos Infantojuvenis da OAB-SP.
O ECA, em seu parágrafo único do artigo 14, determina a obrigatoriedade da vacinação de crianças nos casos que forem recomendados por autoridades sanitárias.
Segundo Cabezón, mais comum que a multa, no entanto, é a ação do conselho tutelar por meio de advertências. “Nunca vi a destituição do poder familiar, a aplicação de multa ou alguma consequência mais grave”.
Mas já houve casos em que, a partir de denúncias, os pais foram obrigados por sentença judicial a vacinar os filhos.