Cidades

70 mil filiados

Suspeita de pirâmide, empresa
de bitcoins atrasa pagamentos

Minerword é alvo de investigações nas polícias Civil e Federal e na CVM

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Você aplicaria seu dinheiro em uma empresa que promete devolver o dobro do valor investido em até 1 ano, por meio de um parque de “mineração” de moedas digitais na China e outro no Paraguai (que ainda não está pronto), e não reconhecida pelos órgãos oficiais que regulam as transações financeiras?

Nos últimos dois anos, parte dos 70 mil filiados da Minerworld, motivados por essa promessa de renda, investiram nos sistemas informatizados desta empresa. Agora, vários deles começam a relatar atrasos nos pagamentos, ao mesmo tempo que há investigações ou determinações de abertura de inquéritos em três órgãos: Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Polícia Federal e Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 

Em agosto do ano passado, o juiz Márcio Alexandre Wust determinou que a 6ª Delegacia de Polícia de Campo Grande abrisse inquérito com informações repassadas pelo Ministério Público Federal, para investigar suposto esquema de pirâmide financeira com o uso da moeda digital bitcoin. Há a suspeita de que a empresa se sustente não com o valor auferido com os bônus oriundos da validação de transações de bitcoins em todo o mundo (a mineração desta criptomoeda), mas com a entrada de novos investidores, o que configuraria a pirâmide, ou pelo eufemismo utilizado no mercado: marketing multinível. Também há inquérito aberto na Polícia Federal, que não liberou o conteúdo das investigações.

A CVM, órgão governamental que protege e regulamenta os investimentos financeiros no Brasil, já avisou que nela não há registro algum da Minerworld.

“Por esse motivo, foi aberto o processo 19957.005648/2017-58, em decorrência de outras denúncias ou consultas recebidas pela CVM. Verificamos que foram identificados indícios de crime contra a economia popular; exigência de pagamento inicial; promessa de retorno financeiro extraordinário (100% em um ano); promessa de indicação de ganhos com a indicação de novos afiliados(…); falta de informação sobre riscos envolvidos; fornece pouca informação sobre a empresa”, indica consulta no órgão governamental. 

ATRASOS

Um dos indícios de que os pagamentos na empresa suspeita de pirâmide não vão bem são os atrasos, que se intensificaram no fim de 2017, e conforme relatos de afiliados (alguns preferiram manter o sigilo) continuam neste início de 2018.

“No mês de dezembro, eles não cumpriram os prazos, e mudaram a forma de saque, que não ocorre mais em real, mas em bitcoins e só por meio da plataforma deles, mediante pagamento de uma taxa”, afirmou o afiliado que pediu para não revelar sua identidade. 

Há afiliados da empresa, contudo, que não escondem a indignação e vão às redes sociais para demonstrá-la. É o caso de Kleber Santos, que já publicou vídeos, e ainda está organizando uma ação coletiva contra a empresa de mineração de moeda digital. “Não estão pagando, e não estão cumprindo o contrato”, diz Kleber. 

Para justificar os atrasos, a Minerworld alega problemas para recebimento de seus ativos em “plataformas trader”  localizadas fora do País. A empresa, que afirma nunca ter se redimido de resolver a situação, informou que nos últimos dois meses do ano foram efetuados saques de 624 bitcoins (R$ 29 milhões na cotação de sexta-feira, 12). A empresa, porém, não revela a quantia de bitcoins já minerada, nem tampouco o quanto recebeu de seus filiados no momento da adesão.

A Minerworld também admitiu que os atrasos ainda não foram resolvidos. “Tão logo o sistema processe e faça o cruzamento dos dados, a empresa fará a quitação dos vencimentos”, respondeu a empresa, em nota. 

INVESTIGAÇÕES

Sobre as investigações da Polícia Federal, Polícia Civil e CVM, a Minerworld informou que jamais recebeu qualquer intimação. Fontes da Polícia Civil e Federal, porém, informaram que não é praxe intimar os investigados enquanto as provas estão sendo levantadas.

“Sobre a CVM, a Minerworld entende que não está na área de atuação do órgão, uma vez que não oferecemos valores mobiliários. Atuamos com hash de mineração”. 

Apesar de, em seus contratos firmados em território brasileiro, com afiliados brasileiros, usar CNPJ de empresa Bit Ofertas de Informática (ME), uma microempresa com endereço na Rua 15 de Novembro, em Campo Grande, a Minerworld alega que não precisa de autorização da CVM para atuar no País. “É uma empresa paraguaia que atende pessoas de todo o mundo, inclusive brasileiros, portanto, está submetida aos órgãos competentes daquele território”, informou a empresa.

A Bit Ofertas pertence a Jonhnes De Carvalho Nunes, diretor de marketing. O presidente da Minerworld é Cícero Saad. Atualmente, ele é réu em acusação por “estelionato”, em processo que tramita na 4ª Vara Criminal de Campo Grande. Saad, que já se defendeu no processo, nega a acusação do Ministério Público Estadual.

O QUE É BITCOIN?

Bitcoin é uma moeda digital, ou criptomoeda, descentralizada (sem ligação com nenhum banco central). As transações em bitcoins - sempre no mundo virtual - são validadas por mineradoras, que adicionam registros destas transações ao livro público de bitcoins.

O trabalho de mineração consiste em encontrar novos blocos de transações (tarefa cada vez mais difícil no mundo virtual), para que as mineradoras sejam recompensadas por isso. 

Na última sexta-feira, quando a cotação do bitcoin chegou a R$ 47,2 mil reais, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) proibiu gestores de fundos de investimentos brasileiros de investirem em criptomoedas.

*Editada às 15h32 para acréscimo de informações.

Ribas do Rio Pardo

Motorista ignora parada e capota carro roubado no interior de MS

Homem confessou aos policiais que veículo era produto de furto e que receberia R$ 1,5 mil para levar carro até Minas Gerais

24/12/2025 15h45

Foto: Divulgação / PRF

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Um motorista foi preso em flagrante pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na tarde desta terça-feira (23), após desobedecer a uma ordem de parada, fugir em alta velocidade e capotar um carro roubado na BR-262, em Ribas do Rio Pardo, no interior do Estado. Apesar da gravidade do acidente, o condutor saiu ileso.

De acordo com a PRF, a equipe realizava fiscalização de rotina no km 150 da rodovia quando deu ordem de parada a um Nissan/Versa. A sinalização foi feita por meios físicos, sonoros e luminosos, mas o motorista ignorou a determinação e iniciou a fuga.

Durante a perseguição, o condutor passou a dirigir de forma extremamente perigosa, com manobras em alta velocidade, ultrapassagens pela contramão e também pelo acostamento, colocando em risco outros usuários da via. Já no km 165, ao tentar ultrapassar um veículo pelo acostamento, ele colidiu lateralmente com o retrovisor de outro automóvel.

Após a colisão, o motorista perdeu o controle da direção, saiu da pista e capotou o veículo. Com o carro imobilizado, os policiais se aproximaram e deram voz de prisão ao condutor, identificado como Régis Yuri do Nascimento. Ele não sofreu ferimentos e foi algemado por precaução, diante do receio de nova tentativa de fuga.

Ainda no local, o homem confessou aos policiais que sabia que o veículo era produto de furto e que receberia R$ 1.500 para transportá-lo de Uberlândia (MG) até Campo Grande. Os agentes também constataram que o Nissan/Versa, modelo 16SL CVT, de cor cinza, estava com as placas adulteradas.

Durante a ocorrência, a PRF apreendeu o automóvel e um telefone celular da marca Samsung. A princípio, foram constatados os crimes de adulteração de sinal identificador de veículo automotor e desobediência. O caso foi encaminhado à Polícia Civil de Ribas do Rio Pardo.

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CRISE

Santa Casa "esquece" de médicos em acordo e incerteza sobre o 13º continua

Hospital anunciou fim da paralisação dos enfermeiros, farmacêuticos e parte administrativa na manhã desta quarta-feira (24), mas 'acordão' não contempla os médicos celetistas

24/12/2025 14h30

Santa Casa e médicos celetistas ainda não entraram em acordo sobre o 13º salário

Santa Casa e médicos celetistas ainda não entraram em acordo sobre o 13º salário Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A Santa Casa de Campo Grande e os médicos celetistas da entidade ainda não entraram em acordo sobre o pagamento do 13º salário e a previsão é incerta.

Nesta quarta-feira (24), o hospital anunciou que entrou em acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem do Estado de Mato Grosso do Sul (Siems), Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de MS (Sintesaúde), Sindicato dos Técnicos e Tecnólogos em Radiologia de MS (Sinterms) e Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de MS (Sinfarms).

Na proposta feita pela Santa Casa e aceita pelas classes acima consta o pagamento de 50% do benefício na manhã desta véspera de Natal e o restante no dia 10 de janeiro, que será feita com dinheiro da 13ª parcela que o Governo do Estado transfere aos hospitais filantrópicos de MS e não está prevista em contrato. Com isso, a paralisação parcial chegou ao fim.

Porém, dentro deste ‘acordão’ feito entre o hospital e os sindicatos não estão contemplados os médicos celetistas. Segundo o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (Sinmed-MS), não houve sequer uma proposta da instituição para a classe, que, até o momento, não ameaça entrar em greve para que os serviços essenciais à população não parem.

Para garantir o pagamento do 13º, o sindicato entrou com pedido de liminar na Justiça na última terça-feira (23), pedindo para que o benefício fosse quitado integralmente dentro de 48 horas. Além disso, o Sinmed-MS pede indenização por danos morais no valor de R$ 500 mil, que seria revertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

ACUSAÇÃO

Nesta terça-feira, o Sinmed enviou uma nota à imprensa acusando a Santa Casa de lockout, ou seja, que o hospital estaria pressionando uma greve da classe para gerar pressão no poder público.

Ainda no comunicado, o Sinmed-MS disse que os ofícios do hospital chegaram após o sindicato convocar uma assembleia com a categoria, na noite de segunda-feira, para debater sobre uma proposta feita pela instituição de como seria feito o pagamento do 13º salário. 

Na oferta, constava o parcelamento do benefício com início em janeiro de 2026, sem a inclusão de juros ou correções pelos atrasos.

Firmes na posição de não parar com as atividades, os médicos celetistas decidiram por não acatar a sugestão da Santa Casa. Além de entrar com pedido de liminar determinando o pagamento imediato do benefício, o sindicato também pede responsabilização de gestores e audiência de conciliação entre as partes para que o problema seja resolvido logo.

“Nunca vimos esse tipo de atitude na história da Santa Casa. O problema da falta de pagamentos e do 13º salário é de responsabilidade exclusiva deles como empregadores. Eles nos chamaram apenas um dia antes do vencimento do prazo para dizer que não pagariam, demonstrando total falta de gestão e de respeito com os médicos celetistas”, esclarece o presidente do Sinmed-MS, Marcelo Santana.

GREVE

Com duração de cerca de dois dias, a greve dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa impactou a população campo-grandense logo na semana de festividades natalinas, já que 30% dos funcionários das áreas citadas ficaram sem trabalhar, afetando atendimento e alguns serviços considerados essenciais.

Os serviços afetados pela paralisação dos funcionários foram: consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto-socorro e unidade de terapia intensiva (UTI), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros e corredores), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha.

Esta foi a segunda greve no setor de serviços essenciais em Campo Grande nos últimos sete dias. Na semana passada, todos os motoristas de ônibus ficaram quatro dias parados também por causa de atraso em pagamentos salariais, situação que foi resolvida somente no final da tarde de quinta-feira (18), após audiência de conciliação selar acordo entre as partes.

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