O promotor Eduardo José Rizkallah informou hoje que vai recorrer da decisão que soltou o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, acusado de matar o empresário Adriano Correia do Nascimento, em 31 de dezembro de 2016. Ele ainda feriu duas pessoas e o crime aconteceu em Campo Grande.
“(Vou) Recorrer não só da soltura, mas tem várias questões naquele despacho que necessita recurso. A questão da fraude processual, que o juiz rejeitou", afirmou o promotor.
Ele explicou que entende que houve tentativa de "maquiar" a cena do crime e induzir a investigação ao erro porque o PRF trocou de roupa e não foi preso em flagrante.
“Quando o policial que deveria ter sido detido em flagrante e não foi. Acabou aparecendo horas depois, com a farda completa. E você vê os policiais falando com ele como se ele estivesse fardado na hora da abordagem. Isso é fraude, é uma inovação no estado das coisas conforme artigo 347 do Código Penal, que é inovar no estado de objeto qualquer coisa na cena do crime com objetivo de enganar o juiz, perito ou jurado”, pontuou o promotor.
Rizkallah referiu-se ao fato de que Moon teve tempo de colocar a farda completa de PRF. Quando atirou contra Adriano e outras duas pessoas, ele estava apenas com a calça de policial. Toda essa cena foi filmada por testemunhas.
“Uma coisa é você fazer a abordagem à paisana e outra coisa de farda. A diferença fundamental é que, num caso a vítima está vendo que é um policial, em outro a vítima pode ter dúvidas se é mesmo um policial”, acrescentou o representante do Ministério Público Estadual.
O promotor ainda informou que o PRF não apresentou documento que comprovasse que ele era da corporação. No carro do atirador, foi encontrado um papel sulfite dobrado que seria o termo de posse dele na instituição, explicou a acusação.
Moon está em liberdade provisória desde quarta-feira (1º) e é monitorado por tornozeleira eletrônica. Ontem (2), ele começou a trabalhar no setor de informática da Polícia Rodoviária Federal e está com o direito de portar arma de fogo suspenso, após decisão do juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete de Almeida.
MONITORADO
O novo ambiente de trabalho de Moon é no prédio da superintendência da PRF, que fica na Rua Antônio Maria Coelho, no Jardim dos Estados. O horário de expediente que ele cumprirá será o mesmo dos demais funcionários, das 7h30min às 17h30min, com intervalo de duas horas de almoço.
Desde que saiu da cadeia, Moon é rastreado por tornozeleira e o prazo determinado pelo juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri para esse tipo de monitoramento é de seis meses.
ADMINISTRATIVO
O policial rodoviário federal responde a processo por homicídio pela morte do empresário Adriano Correia do Nascimento, em 31 de dezembro do ano passado, e dupla tentativa de homicídio por causa de dois passageiros que estavam na caminhonete de Adriano.
Paralelo à Justiça, o policial responde a processo administrativo que foi aberto na corregedoria da PRF. A atual fase desse procedimento é de instrução e serão feitas oitivas. Conforme a assessoria de imprensa da Polícia Rodoviária Federal não é descartada a coleta de testemunho das vítimas que sobreviveram aos disparos.
Foi informado que não há prazo específico para a conclusão dessa apuração, que pode resultar na expulsão de Ricardo Moon da instituição.