Totem de autoatendimento da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (PC-MS), instalado em 2017 na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que deveria ser usado para registro de boletins de ocorrência (BOs), denúncia, consulta de veículos e documentos, não está mais funcionando há pelo menos seis meses.
O delegado-geral da PC, Marcelo Vargas, afirma que o totem servia como base para a instalação em outros pontos de Campo Grande e até do Estado. “[Queremos instalar] em aeroportos, rodoviárias e outros locais outros totens. Nós temos este instalado no campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que é um projeto piloto”,disse ao Correio do Estado, aparentemente sem ter conhecimento de que o equipamento não funciona mais.
Conforme apurado pela reportagem no local, um problema na internet do equipamento fez com que ele fosse desligado e desde então permanece desse jeito. O motivo para o desligamento seria a falta de procura da população acadêmica e demais pessoas ao totem. O aparelho só poderia ser usado para registrar extravio de documentos ou objetos e por oferecer poucos serviços, acabou obsoleto no campus da universidade.
Fonte ouvida pela reportagem - que pediu para não ter o nome revelado -, que trabalha na UFMS, disse que a maioria dos universitários prefere acessar ao site da Delegacia Online de MS, pelo celular, para registrar os boletins já que o serviço é oferecido dessa forma, mais acessível. “As pessoas não vão se deslocar, vir até o lugar pessoalmente, se podem fazer pelo celular, que é mais rápido e prático”, disse o servidor.
A UFMS foi a primeira universidade federal do Brasil a receber o serviço policial, ainda em 2017, após assinatura de um Termo de Cooperação entre o Governo do Estado, sob o comando de Reinaldo Azambuja, o então secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, além do reitor da universidade, Marcelo Turine, e o delegado-geral Marcelo Vargas.
A instalação do Posto de Atendimento da Delegacia Virtual, por meio do totem, segundo o Governo Estadual, era “facilitar o acesso dos acadêmicos da UFMS e dos bairros localizados no entorno aos serviços oferecidos pela Polícia Civil do Estado (PCMS) no ambiente virtual”, dizia nota divulgada na época.
Procurada, a assessoria de imprensa da universidade disse que o equipamento está passando por uma “manutenção no sistema de comunicação”. Ainda na nota a assessoria afirmava que em poucos dias o equipamento voltaria a funcionar, o que ainda não aconteceu.
MEDIDAS
O totem de autoatendimento é uma demanda da delegacia para “desafogar” as Delegacias de Pronto-Atendimento Comunitário (Depacs). O objetivo é que as Depacs passem a atender com prioridades casos complexos. Vargas também contou que um aplicativo da Polícia Civil está sendo desenvolvido para a população poder ter os serviços com mais comodidade direto no celular.
Outra medida para estimular a população a usar os meios digitais para o registro de BOs, foi - ainda em dezembro - a criação de uma taxa de cobrança para fazer o bo de extravio de documento ou objeto presencialmente na delegacia. O Legislativo sul-mato-grossense aprovou em regime de urgência o projeto 320/2019, que reduz algumas taxas de alvará de segurança da Polícia Civil e cria dois novos itens de cobrança.
Segundo Vargas, a modificação atende demanda de ajuste nos termos para a cobrança. “Desde de 1999 nós não tínhamos uma atualização. Por exemplo, naquela época ou existia uma pensão ou um hotel. Então tinham muitas pensões com poucas acomodações e elas pagavam o mesmo valor que o dono de um hotel grande com muitos quartos. Impossível o comerciante cumprir a lei vigente”, explicou ele.
O registro de BO de extravio, feito presencialmente, agora passa a ter custo de R$ 14,38 para o comunicante. A opção de BO online continua isento de qualquer cobrança. Vargas explicou que a medida serve para incentivar a população a realizar o procedimento através da internet. “Hoje cerca de 40% dos boletins registrados nas Depacs no Estado são de fatos relacionados a extravios, tudo que não é crime. E para se resguardar, a gente não tem como fazer a priorização de um caso ou de outro. Entre crimes de mais complexidade e outros, quando chegam na delegacia”, opinou.
“O objetivo não é nem arrecadar com a taxa, mas desestimular a população e estimar o uso da delegacia digital e agora, mais para o fim de 2020, o aplicativo e os outros totens”, finalizou o chefe da delegacia estadual.