Cidades

ESQUECIDOS

Primeira aldeia urbana da Capital agora é só mais um bairro

Mudanças estruturais das residências gerou inclusive cobrança de IPTU mais caro

GABRIELA COUTO

07/01/2019 - 13h00
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A maior aldeia urbana do país perdeu muito das suas características iniciais. O Conjunto Habitacional Marçal de Souza inaugurado em 1995, com 135 ocas de alvenaria mais parece um bairro como outro qualquer de Campo Grande.

Inicialmente, as casas que tinham telhados parecidos com as ocas tradicionais, não poderiam sofrer alterações estruturais. Mas hoje o que se vê são edificações totalmente modificadas na sua fachada.  Além disso, são poucas as moradias que ainda não tiveram seus muros levantados para garantir mais segurança contra a violência da cidade.

Os indígenas terão inclusive que pagar um IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) mais caro neste ano, já que os “puxadinhos” feitos de forma irregular serão cobrados pela Prefeitura.

“Tá uma briga isso aí. Veio muito caro. Tem gente que vai ter que pagar R$ 2 mil. O pessoal está se organizando para ir na justiça”, conta o zelador do Memorial Indígena, Alcides de Souza, 67 anos.

Secretário municipal de Finanças e Planejamento, Pedro Pedrossian Neto, disse ao Correio do Estado que será feita a revisão nos lançamentos do IPTU dos moradores da aldeia, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur). Os indígenas que atenderem os critérios, poderão ter isenção do imposto.

O próprio City Tour da Capital não tem passado mais no local. A aldeia era um dos pontos de visita para os turistas que faziam o passeio para conhecer a cidade.

A promessa era que o endereço voltasse a fazer parte do roteiro na semana passada, mas não foi o que aconteceu.

Quem é de fora e visita o bairro pode perceber algumas peculiaridades do conjunto habitacional.

Não são só indígenas que moram lá. Fora isso, a miscigenação está estampada no rosto dos pequenos que hoje são bisneto de terenas. São raros os que conseguem falar o dialeto dos seus antepassados.

“O índio mesmo já se acabou. Hoje eu penso que deveria ter aula para retornar a ser índio de novo”, comenta Alcides. Ele mesmo não sabe falar a língua terena.

Silvana Dias da Silva, 23 anos, morava na Aldeia Limão Verde e revela que a própria mãe não a ensinou. “Os outros falam e a gente não entende. Hoje estamos todos misturados e só somos lembrados no Dia do Índio”, lamentou.

Ao entorno do lugar também é possível ver prédios e condomínios “engolindo” a pequena aldeia urbana. Apenas o centro cultural permanece imponente entre as casinhas.

Porém o museu chegou a ficar anos abandonado e só recentemente, com parceria do Governo do Canadá, foi revitalizado. Os usuários de drogas tinham invadido o local durante quatro anos e roubaram tudo. Até mesmo os artefatos comercializados foram levados. Restou apenas um fogão.

O memorial é um espaço para resgatar a cultura indígena e era a “menina dos olhos” da líder indígena Enir Terena. Ela que durante muitos anos lutou para manter a cultura do seu povo faleceu em 2016, devido a problemas cardíacos.

Não houve um substituto imediato para sua função, no entanto o filho Daniel da Silva, 36 anos,  tem assumido a figura do cacique. “Minha mãe sempre incentivou o Daniel, mas ele não queria. Depois que passamos por dificuldades ele viu que precisva continuar a luta, para que o trabalho da nossa mãe não tenha sido em vão”, conta a filha mais nova de Enir, Luriane da Silva, 23 anos.

* Matéria atualizada às 17h48 para acréscimo de informações.

Cidades

Brasil fica entre os 10 países mais violentos do mundo em ranking; veja lista

O levantamento lista as 50 nações com os níveis de violência mais severos e classifica a situação como extrema, de alta intensidade ou turbulenta

12/12/2025 21h00

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O Brasil está entre os 10 países mais violentos do mundo, de acordo com o Índice de Conflito da instituição Armed Conflict Location & Event Data (Acled), divulgado nesta quinta-feira, 11

A Acled é uma organização sem fins lucrativos e independente que monitora, avalia e mapeia dados sobre conflitos e protestos. Ela recebe apoio financeiro do Fundo de Análise de Riscos Complexos da Organização das Nações Unidas (ONU).

O ranking analisa a intensidade dos conflitos em todos os países do mundo com base em quatro indicadores: letalidade, perigo para civis, difusão geográfica e número de grupos armados.

Veja a lista:

1 - Palestina

2 - Mianmar

3 - Síria

4 - México

5 - Nigéria

6 - Equador

7 - Brasil

8 - Haiti

9 - Sudão

10 - Paquistão

O levantamento lista as 50 nações com os níveis de violência mais severos e classifica a situação como extrema, de alta intensidade ou turbulenta. Os dados foram colhidos entre 1º de dezembro de 2024 e 28 de novembro de 2025.

O Brasil aparece na sétima posição, com um conflito classificado como extremo - atrás até da Ucrânia, que enfrenta uma guerra contra a Rússia desde 2022. Segundo o índice, nos últimos doze meses, o Brasil registrou 9.903 eventos de violência política - expressão usada pela Acled para definir o uso da força por um grupo com propósito ou motivação política, social, territorial ou ideológica, incluindo violência contra civis e força excessiva contra manifestantes, por exemplo.

Apesar do resultado negativo, o País caiu uma posição em relação ao levantamento do ano passado. A instituição aponta que a violência de gangues foi um dos fatores que alimentou os conflitos no Brasil.

O mesmo motivo se repete no Haiti, no México e, principalmente, no Equador, que subiu 36 posições em apenas um ano, com mais de 50 grupos armados envolvidos ativamente em atos de violência no período, incluindo quase 40 gangues. "Mais da metade dessas gangues estiveram envolvidas nos mais de 2,5 mil ataques contra civis", afirma a Acled.

Praticamente todas as pessoas na Palestina foram expostas à violência, o que fez do território o pior classificado na lista. "A Palestina também apresenta o conflito geograficamente mais difuso, o que significa que a Acled registra altos níveis de violência em quase 70% da [Faixa de] Gaza e da Cisjordânia", disse a organização. Em letalidade, a região só perde para a Ucrânia e o Sudão. Em segundo lugar no ranking geral está Mianmar, seguido por Síria, México e Nigéria.

No geral, os conflitos se mantiveram em níveis estáveis ??nos últimos 12 meses, com 204.605 eventos registrados no período, contra 208.219 eventos no levantamento anterior. "Esses eventos violentos resultaram - em uma estimativa conservadora - em mais de 240 mil mortes", aponta a Acled.

O ranking é feito com base em dados coletados quase em tempo real pela organização, em mais de 240 países e territórios, ao longo dos 12 meses anteriores à análise.

A Acled também listou 10 países e regiões que, segundo suas projeções, enfrentarão conflitos armados, instabilidade política e emergências humanitárias em 2026. Entre eles estão a América Latina e o Caribe, devido à crescente pressão dos Estados Unidos na região, o que pode alimentar uma maior militarização da segurança e da violência no ano que vem.
 

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POLÍCIA

Suspeito de furtar condomínios de luxo é preso em Campo Grande

Ele foi flagrado pelas câmeras de segurança escalando muros e tentando acessar áreas internas de residenciais de alto padrão

12/12/2025 18h15

Divulgação: Polícia Civil

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A Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos (DERF) prendeu, na manhã de quinta-feira (11), um indivíduo responsável por uma sequência de tentativas de furtos em condomínios residenciais de Campo Grande. A ação das autoridades interrompeu a onda de invasões que vinha assustando moradores de diferentes bairros da Capital.

O suspeito, de 20 anos, já possui extenso histórico de práticas de furtos, inclusive qualificadas e em tentativa, além de outras ocorrências criminais registradas ao longo dos últimos anos. Ele foi flagrado pelas câmeras de segurança escalando muros e tentando acessar áreas internas de residenciais de alto padrão.

As imagens, nítidas e detalhadas, captaram o momento em que o suspeito escalava a muralha do residencial, tentando vencer a cerca elétrica e chegando, inclusive, a tomar um choque ao tentar romper a barreira de proteção.

Em outro episódio, o mesmo autor foi flagrado dentro do terreno de uma residência de outro condomínio, fato igualmente tratado como furto qualificado tentado.

Com a identificação e o histórico criminal reiterado, a DERF empreendeu investigações que resultaram na prisão do suspeito nesta quinta-feira, retirando de circulação um dos autores de furtos mais contumazes da região.

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