Polícia Civil investiga se o empresário Anderson Ferreira de Souza, 35 anos, dono da Pax Anjos da Paz, e o dentista Marco Aurélio Dorsa, 52, encobriram crimes com esquema de venda e falsificação de atestados de óbito. Ambos foram presos e, em audiência de custódia na manhã de hoje, juiz arbitrou fiança no valor de cinco salários mínimos para o dentista e de três para o empresário.
Conforme o delegado Hoffman D'ávilla Cândido e Souza, Dorsa se passava por médico e usava carimbo falso em nome de outro profissional para emitir os documentos. Por certidão, cobrava entre R$ 300 e R$ 500. Caso foi denunciado à polícia pelo médico que teve os dados usados de forma indevida.
Segundo o delegado, esquema pode ter sido usado para encobrir crimes, como por exemplo, vítimas que tenham sido assassinadas e a certidão de óbito conste como morte natural. Outra hipótese é que tenham sido falsificados atestados de óbito de criminosos que estão vivos. Todas as hipóteses serão investigadas pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários (Dedfaz).
Dentista e empresário foram presos e responderão por estelionato, falsidade ideológica e falsificação de documento público. Dentista também responderá por exercício ilegal da profissão.
Conforme o delegado, o flagrante é apenas a "ponta do iceberg". Há suspeita que esquema envolva outras pessoas, inclusive com a formação de uma organização criminosa que atue também no interior do Estado. Ainda segundo Hoffman, esquema era feito para pular etapas, ganhar mais clientes e lucrar com a família das vítimas.
“Eles se aproveitavam do momento de fragilidade da família para induzi-los a pagar por um serviço ilegal. Ou seja, eles lucravam com a dor da familia”
ESQUEMA
O médico, tratado no boletim de ocorrência como vítima, disse que recebeu ligação de uma servidora do Serviço de Verificação de Óbito (SVO), por conta de inconformidades no preenchimento da declaração de óbito de uma mulher. Ao verificar, ele descobriu que seu carimbo havia sido usado falsamente por terceiros e, por este motivo, procurou a polícia. Os agentes funerários responsáveis pelo plantão na ocasião foram acionados pelos investigadores para prestar esclarecimentos.
Um dos agentes, que é funcionário da Pax, disse que, a pedido do patrão Anderson, levou a declaração para Dorsa, lhe pagou com R$ 300 e depois recebeu o documento preenchido. Dorsa, por sua vez, foi detido em sua clínica odontológica no Bairro São Francisco. Questionado sobre envolvimento no esquema, disse que havia jogado os carimbos em uma rua nas proximidades. Os policiais fizeram buscas e encontraram os objetos, um deles em nome do médico que fez a denúncia.
Todo o material foi apreendido. Dorsa responde sozinho pelo crime de exercício ilegal da medicina e, junto com Anderson, foi autuado em flagrante também por falsidade ideológica e falsificação de documento público.