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Pedreiro que manteve mulher em cárcere deve indenizar família em R$ 100 mil

Cira Higino foi libertada do cárcere em 2013 na Capital; Ela morreu em 2015

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O pedreiro Ângelo da Guarda Borges, 62 anos, foi condenado a pagar R$ 100 mil de indenização aos filhos, por ter agredido e mantido a ex-mulher, Cira Higino Silva, em cárcere privado por vários ano. O valor já havia sido fixado em decisão de primeiro grau e o acusado recorreu, pedindo a redução do valor indenizatório. O recurso foi negado, por unanimidade, pelos desembargadores da 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Conforme o TJMS, Ângelo e Cira foram casados por 22 anos e, da união, tiveram quatro filhos. Em dezembro de 2013, ele foi denunciado por violência doméstica com lesão corporal, ameaça e por manter a mulher em cárcere privado. Cira, que tinha 44 anos na época, foi resgatada pela polícia junto com os filhos, de 5, 7, 11 e 15 anos. consta no processo que desde o início do relacionamento, Cira foi privada de sair de casa, no Aero Rancho, de manter contato com vizinhos, familiares ou qualquer outra pessoa.

Após as denúncias, vítima ficou abrigada na Casa Abrigo para Mulheres em Situação de Violência, onde recebeu atendimento médico e psicológico. Por conta dos anos de violência sofrida, Cira pediu a condenação do ex-marido por danos morais. Ela morreu em 2015, vítima de câncer.

No ano passado, dois anos após a morte da vítima, juiz condenou o pedreiro e fixou a indenização em R$ 100 mil. Pedreiro recorreu, solicitando a nulidade da sentença ou sua reforma, tendo em vista o falecimento de Cira, que foi sustituída no processo pelos filhos menores, representados pelo avô materno. Ele pedia a redução no valor indenizatóriuo de R$ 100 mil para R$ 40 mil, alegando que o “valor é mais que suficiente para cumprir o caráter pedagógico e sancionatório, considerando-se sua situação financeira.

Em sua defesa, Ângelo alegou que nunca proibiu a família de sair de casa e que as lesões ocorriam por conta de um empurrão que deu na companheira e de relações sexuais entre o casal.

Desembargador relator do processo afirmou que “fixar quantia menor seria ignorar todo o horror e as agressões e psicológicas sofridas pela mãe e os filhos, que é inaceitável que uma pessoa faça tanto mal à própria família, em decorrência de seu comportamento agressivo e doentio, mantendo-os em cárcere privado por mais de 20 anos, em condições subhumanas à vida”.

Conforme análise dos desembargadores da 5ª Câmara Cível, relatos de testemunhas demonstram que o pedreiro é extremamente violento e que bebia frequentemente, agredindo os filhos e a mulher sem nenhum justificativa. Em uma das agressões, umas das crianças, então com 3 anos, teve o braço fraturado pelo pai.

O CASO

Cira Higino da Silva e os filhos viviam em condições precárias na residência, sem acesso à água encanada. Conforme um dos policiais que atendeu a ocorrência, em dezembro de 2013, a família evacuava em um buraco no quintal e não tinham nem sabão para lavar a roupa. A vítima já não tinha os dentes da frente e tinha vários hematomas por conta das agressões sofridas ao longo de 22 anos.

O caso foi denunciado depois que vizinhos viram quando Ângelo teria 'pescado' a mulher com uma enxada e a agrediu com uma panela de pressão. A agressão deixou mais sequelas na mulher, que ficou com um corte no rosto e os glúteos deformados. Isso porque uma das vizinhas teria dado um pão para a mulher dividir com as crianças e o marido descobriu.

Dos filhos, o único que ia para a escola era o de 11 anos. O mais velho, de 15, parou de estudar a mando do pai, que alegava que era hora de trabalhar. Para falar com o pai, as crianças eram obrigadas a ficar de joelho, se não levavam um soco na cara. Todos os filhos também apresentavam marcas da violência. O de 11 anos, que mais enfrentava o pai, já teve o braço quebrado três vezes.

A equipe policial que socorreu a família conta que as crianças nunca haviam visto um prédio. O mais novo, de 5 anos, não sabia usar o vaso sanitário.

O caso teve repercussão nacional. A mulher e as crianças foram encaminhadas para uma Casa Abrigo e depois foram morar com o pai de Cira. Liuvre das agressões do marido, Cira morreu vítima de um câncer, sem receber a indenização.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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