Cidades

118 anos

A+ A-

"Me apaixonei", dizem empresários que descobriram novo caminho profissional

Nunca é tarde para se reinventar

Silvia Frias

26/08/2017 - 07h00
Continue lendo...

“Me apaixonei”.  Com a mesma frase, os empresários Renato Genzio Leone Jr., 55 anos, e Luciene Lemes de Aurélio Colino, 36 anos, definiram o sentimento que tiveram ao descobrirem novo caminho profissional. São trajetórias completamente diferentes que apresentam similaridades. Em comum, Campo Grande como cenário da mudança, a força de vontade e a crença de que, apesar das dificuldades, haviam descoberto o que realmente gostavam de fazer.”

Renato Genezio  Leone Jr., 55 anos
Morava em São Paulo e sou engenheiro agrônomo formado. Terminei universidade e entrei como trainne aos 18 anos no Citibank, trabalhei por seis anos até ser gerente da carteira rural. Tinha um amigo que tinha fazenda em Mato Grosso do Sul, me convidou para vir, fiquei 15 dias em Campo Grande, me apaixonei pela cidade. Foi em outubro de 1990. Fiquei maravilhado pela forma da cidade urbanizada, pelo modo de vida interiorano em uma capital em ascensão, uma gama de oportunidades, estava em franco crescimento, a cidade estava amadurecendo. Voltei decidido a sair do trabalho, meu chefe viu que não tinha jeito, me mandou embora.

Tinha 24 anos. Quando vim para cá, com a minha esposa, a proposta era fazer mudança radical ou eu trabalharia como engenheiro no que me interesasse. Vim para fazer coisas que não tinha possibilidade de fazer em São Paulo e coisas que não teria coragem dentro do Citibank. Montei pizzaria, precisava me relacionar, conhecer pessoas, não tem coisa melhor para fazer isso do que mexer com comida. Trabalhei nisso por dois anos, minha network aumentou consideravelmente. A gente veio numa velocidade muito acima do que exigia. Paralelo à pizzaria, dei aula de inglês, tive programa de rádio, montei sistema de informática. Minha esposa dominava três idiomas, trabalhou  como professora.



Renato veio para Campo Grande aos 24 anos, acompanhado da esposa

Aí, trabalhando com a pizzaria, recebi convite para trabalhar com empresa de sementes, como engenheiro agrônomo. Fiquei dois anos e meio, era empresa familiar, tinha ideias diferentes que não casavam. Optei por sair e montei conveniência em posto de combustíveis, mais um ano e meio nisso. Depois, como tinha know-how, trabalhei como consultor e montei uma pizzaria para um amigo, fiquei dois anos nisso. No meio disso tudo, comecei a buscar o que realmente queria e comecei a fazer Mestrado em Engenharia Florestal. Para finalizar os estudos, tive que arrendar uma marcenaria, era sobre introdução de espécies de madeira utilizadas na indústria carvoeira na indústria imobiliária. Eu me apaixonei quando conheci o beneficiamento de madeira na área de mobiliário, minha vida era marcenaria. Antes eu até fazia alguma coisa, mexia uma coisa ali, restaurava para amigos, mas era informal. 

Nem concluí mestrado, não quis a bagagem que eu tinha, não precisava. Fiquei dez anos pegando trabalhos, executando. Em 2006 recebi convite da ONG Gira Solidário para participar da formatação da Escola Pau Brasil (projeto que oferece curso de marcenaria, desing e produção de móveis para jovens aprendizes). Era um projeto grande, o Stephan Hofmann, coordenador do projeto, queria montar escola nos padrões europeus. Ficamos juntos seis anos, com o Fred Lei (outro colaborador) tocando os projetos.

Nisso, a minha empresa continuava existindo, mas não tinha o formato que eu queria, que era trabalhar com sustentabilidade, tratamento de efluentes, queria montar empresa ecologicamente correta. Então, quando surgiu a proposta da ONG, pensei: “era isso que eu precisava”. Os meninos do projeto eu fui contratando para trabalhar na minha empresa, aí constituí a Wood Design Marcenaria.

Constituí minha vida aqui. Me separei, casei de novo, tenho dois filhos, de 13 e 7 anos. A crise afetou o País inteiro, todo mundo sentiu, a gente sente como qualquer cidadão, mas eu nunca parei de trabalhar, deu uma estagnada dois ou três meses do começo de 2017, depois a gente retomou. Como eu trabalho como reutilização de matéria-prima, é um diferencial. Nunca pensei em desistir, jamais; sempre soube que aqui ia dar certo.

Luciene Lemes de Aurélio Colino, 36 anos
Comecei a trabalhar aos 16 anos, como secretária em consultório. Me formei em curso técnico de enfermagem em 2001, mas nunca exerci a profissão. Na época, ganhei a bolsa em projeto do governo estadual, resolvi fazer, fiz até o final, mas não queria isso. De secretária passei para setor administrativo, sempre na área da saúde. Em 2007 fui  para Guaiaquil (Equador), tinha 27 anos. Minha cunhada mora lá e meu marido quis se aventurar, ter uma experiência de vida diferente. No começo foi difícil,  a gente não sabia falar nada em espanhol, mas aí gente foi se adaptando. Nós abrimos uma pizzaria, ficamos dois anos.


Luciene começou a trabalhar em casa para cuidar da filha, Livia Ester

Minha filha nasceu no Equador, em 2009, se chama Lívia Ester. Quando ela tinha seis meses de idade, a gente voltou para o Brasil, a saudade da família bateu. Vendemos a pizzaria para minha cunhada. Aqui em Campo Grande, voltei como auxiliar administrativo, no mesmo laboratório de prótese que havia trabalhado. Fiquei um ano e meio na função. Nesse período, meu marido ficava com a Lívia, ela era pequenininha, mas aí ele começou a trabalhar fora. Como não tinha ninguém que ficasse com ela, saí do laboratório. Aí pensei em trabalhar em casa, quis artesanato. Já mexia em alguma coisa, mas não como profissão. Deus me deu o dom, me apaixonei. Não foi fácil, acho que as pessoas não dão muito valor a arte. Ia para feira, levava material feito em MDF, biscuit, mas não fazia muito sucesso, acredito que falta de reconhecimento que falei. Só começou a dar certo quando resolvi fazer arte em festa, trabalhar com doces personalizados. Trabalho em casa, sozinha, atendendo buffet. 

Juntei as duas coisas, desenvolvo o tema, um pacote fechado para decorar a mesa. Uso MDF, biscuit, scrapbook, tudo personalizado. Atendo três festas por semana, levo uns dois dias por encomenda. E toda semana tem, graças a Deus. Minha renda é toda com festas infantis. Ano passado a crise afetou, foi ruim, mas este ano já voltou ao normal, está sendo muito melhor. 

Campo Grande é um lugar legal para trabalhar, mas sinto falta de achar material, tenho que comprar muito pela internet. Mas a demanda é muito boa, graças a Deus; as pessoas aqui gostam muito de novidade, principalmente na área infantil. Para mim, aqui é bom. Cuido da minha filha, a Lívia está com 8 anos; levo para escola, trabalho, faço a correria atrás do material para as festas, tem almoço, trabalho mais um pouco. Sou apaixonada no que faço, essa é que a verdade.

Encontro Internacional

Conservação no Pantanal vira pauta mundial durante encontro de exploradores em Nova Iorque

Presidente do IHP, Ângelo Rabelo, foi indicado junto com outros brasileiros para tratar temas nacionais nos Estados Unidos

23/04/2024 18h25

A entidade existe há 120 anos e reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global que desempenharam ou realizam ações para transformar positivamente o mundo Divulgação IHP

Continue Lendo...

O grupo The Explorers Club, que reúne autoridades e pessoas com reconhecimento global que desempenham medidas que envolvem promoção da ciência e da conservação, discutiu em um de seus encontros a situação do Pantanal. O presidente do IHP, sediado em Corumbá (MS), Ângelo Rabelo, participou das reuniões realizadas em Nova Iorque, durante o encontro anual do clube. Ele apontou que é preciso haver atenção mundial com relação à conservação do Pantanal e da riqueza cultural do território.

A entidade existe há 120 anos e reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global que desempenharam ou realizam ações para transformar positivamente o mundo. Os encontros ocorreram entre sexta-feira (19) e domingo (21). Foram realizados diversos encontros e reuniões entre os participantes do clube, bem como ocorreram discussões sobre temas globais a serem trabalhados para promoção da conservação do Planeta.

 

Ângelo Rabelo, que atua em ações de conservação no Pantanal há cerca de 40 anos, pontuou que há diferentes esforços em andamento para prevenir incêndios florestais e promover desenvolvimento sustentável. Na semana passada, os governos de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, junto com o governo federal, assinaram termo de cooperação visando a união de esforços na defesa, proteção e desenvolvimento sustentável do Pantanal. Além disso, um fundo foi criado para financiar ações que ajudam a proteger o bioma, porém até hoje somente o governo de MS fez aporte de recursos (R$ 40 milhões) e o setor pública busca outras linhas de subsídio para essas ações. A promoção do Pantanal para o exterior pode contribuir nesse propósito, como já ocorre com a Amazônia, por exemplo.

“A maior área úmida do mundo, o Pantanal, está no mapa sobre as grandes explorações e os relatos que indicam locais que são desafiadores no Planeta. Por esse caminho cheio de desafios temos, primeiro, os povos originários que ainda habitam o território, como é o caso dos Guatós. Depois vieram as pantaneiras e os pantaneiros, que também seguem no Pantanal sabendo lidar com a ocupação e a conservação. Depois, temos os registros de outros esforços de pessoas que também se dedicam pela conservação desse Patrimônio Natural da Humanidade”, comentou Rabelo.

O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do Planeta e apesar de ser o menor em extensão territorial no Brasil, abriga 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos, conforme dados do Ministério do Meio Ambiente. Além disso, o Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros por Satélite – PMDBBS, realizado com imagens de satélite de 2009, mostrou que o Pantanal mantêm 83,07% de sua cobertura vegetal nativa. Mais de 90% do bioma está em propriedades privadas, enquanto 4,6% estão classificadas como unidades de conservação, dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção integral e 1,7% a UCs de uso sustentável.

A participação de Rabelo na reunião do The Explorers Club ocorreu porque ele foi nomeado, neste ano, como uma das 50 pessoas a fazer a diferença no Planeta. A escolha foi feita por integrantes do The Explorers Club e o presidente do IHP entrou na lista do EC50 2024. Concorreu com mais de 200 pessoas indicadas. Seus apoiadores na nomeação foram Dereck Joubert e Beverly Joubert, exploradores que atuam diretamente pela conservação da vida selvagem e desenvolvimento sustentável em países africanos. O casal convidou, neste mês, o governador Eduardo Riedel (PSDB) para conhecer iniciativas que são realizadas no continente africano.

Além do presidente do IHP, os brasileiros nomeados nesse grupo chamado EC50 deste ano foram a geóloga Fernanda Avelar Santos, o ictiologista Luiz Rocha, o designer naturalista Lvcas Fiat e o paraquedista profissional Luigi Cani. Além dos brasileiros recém-nomeados, personalidades mundiais fazem parte do Clube, como a ex-astronauta e géologa Kathryn Sullivan, veterana de três missões a bordo de ônibus espacial; o geneticista e biólogo nuclear James Dewey Watson, um dos autores do modelo de dupla hélice para estrutura da mólecula de DNA; bem como o explorador que fez parte do primeiro voo solar ao redor do mundo, concluído em 2016, André Borschberg; e Dominique Gonçalves, criadora do Programa de Ecologia de Elefantes no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, entre outras pessoas.

Também em Nova Iorque, a diretora-executiva do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, localizado em Corumbá (MS), Márcia Rolon, participou dos eventos abertos do The Explorers Club para divulgar o trabalho de diminuir a vulnerabilidade social de crianças e adolescentes da região de fronteira do Brasil por meio da arte.

 

Assine o Correio do Estado

Cotidiano

Com 300 doses disponíveis, vacinação contra dengue deve acabar nesta semana

Aproximadamente 130 doses estão sendo aplicadas por dia; segundo a expectativa da pasta é que a vacinação se encerre até o final desta semana.

23/04/2024 18h15

Gerson Oliveira/

Continue Lendo...

As vacinas contra a dengue com prazo de validade até 30 de abril e que estão disponíveis pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) devem ser aplicadas até o final desta semana. A expectativa da pasta é que nenhuma dose deve ser descartada em Campo Grande. 

De acordo com a secretária, cerca de 130 doses estão sendo aplicadas por dia nos postos de saúde da cidade. Por causa disso, a expectativa é que todas as doses que estão perto do vencimento sejam aplicadas até sexta-feira (26).

A baixa procura do imunizante em Mato Grosso do Sul levou o Ministério da Saúde a informar aos municípios para ampliar a idade de vacinação. Segundo a pasta, pediu para todas as cidades priorizar a faixa etária entre 6 e 16 anos, mas com imunização ampliada para pessoas entre 4 e 59 anos. 

A medida foi tomada para reduzir a perda de doses que estão perto do vencimento, cabendo a cada município definir a estratégia de aplicação.  As doses que estão sendo utilizadas vencem no dia 30 de abril. 
 
Segundo a Sesau, em Campo Grande tem cerca de 300 doses estão espalhadas pelos postos de saúde da Capital. 

 

Assine o Correio do Estado.


 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).