O julgamento do policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, acusado de matar Adriano Correia do Nascimento, foi adiado. O júri estava sendo realizado normalmente desde às 8h da manhã de hoje, até que um dos juradors passou mal, o que levou ao adiamento.
Hoje pela manhã, duas testemunhas foram ouvidas, Agnaldo Spinosa da Silva e Vinicius Ortiz. Eles estavam junto com Adriano na caminhonete na ocasião do crime. Depois, o policial rodoviário federal prestou depoimento. Ele disse que a vítima o forçou a agir em legítima defesa.
Por volta das 11h, um dos sete jurados passou mal. Ele foi socorrido por uma equipe médica e o júri suspenso, mas, como o jurado não conseguiu retornar aos trabalhos, o Conselho precisou adiar o julgamento do caso para o dia 30 de maio deste ano.
De acordo com o juiz Carlos Alberto Garcete, apesar do trabalho realizado hoje ser levado em conta, todo o rito do julgamento terá que ser refeito em maio, com novos jurados e depoimentos, tanto das testemunhas, quanto do acusado.
Moon responde por homicídio doloso, além duas tentativas do mesmo crime. O caso aconteceu na madrugada do dia 31 de dezembro de 2016, em uma briga de trânsito da Capital.
DEPOIMENTO
Dois anos após o crime, com plenário lotado de colegas policiais, vestidos com camisetas azuis com escritas de “força Moon” e “estamos com você”, Ricardo falou que ofereceu oportunidades para Adriano esperar a Polícia Militar.
O acusado começou seu depoimento explicando como os fatos aconteceram. Ele estava indo para a rodoviária de Campo Grande pela avenida Ernesto Geisel, quando foi fechado pela caminhonete Toyota Hilux conduzida por Adriano, e tinha os passageiros Aguinaldo Espinosa da Silva, na época com 51 anos, e Vinicius Cauã Ortiz, que fez 17 anos no dia do crime.
O policial declarou que quando foi fechado, foi para a faixa da esquerda e voltou para o meio. “Para evitar a colisão, joguei carro na faixa da direita. Passei a Hilux e ele jogou em cima de mim invadindo a faixa da esquerda. Buzinei para ele me ver, chegando na rua 26 de agosto, o semáforo ficou vermelho e parei na faixa da direita, e ele parou atrás de mim, achei estranho, já tinha assustado por causa da fechada. A rua estava deserta e escura e ele parou atrás de mim, não tinha motivo para parar atrás de mim”.
Moon relembrou que foi policial civil em São Paulo e durante seu tempo de atuação na cidade paulista recebeu ameaças do PCC e era PRF na região de fronteira. Por isso, achou que fosse uma ameaça criminosa contra sua vida.
Segundo depoimento dado por Moon, ele desceu do carro com uma lanterna apontando para dentro da caminhonete, viu Adriano e Aguinaldo, mas não viu Vinicius no banco de trás.
Um ponto de divergência apontado pela promotora de justiça, Lívia Carla Guadanhim, é de saber como Moon viu que os dois estavam com os olhos vermelhos e lacrimejando se estava escuro e ele não se aproximou tanto dos dois, conforme depoimento dado anteriormente pelo PRF.
“Sai do carro, coloquei a mão na pistola sem sacar, fui avançando e me identificando como policial e com lanterna iluminando a cabine e não tinha visto Vinicius, quando cheguei mais perto e vi ele. Pedi para Vinicius mostrar as mãos e ele se negou, Aguinaldo começou a gritar, dizendo que eu não era policial”.
Segundo Moon, Adriano estava exaltado com olhos lacrimejantes. “Vi que se tratava de pessoas embriagadas. Perguntei para o Adriano se tinha bebido ele falou que não. Aguinaldo falou que quem tinha bebido era eu. Aguinaldo pediu pra ver minha identificação e falei que ia mostrar depois”.
O policial explicou que na época do crime, não tinha carteira funcional, era apenas uma folha sulfite com termo de posse na carteira. “Para pegar a folha, eu ia ter que largar tudo, correndo risco deles rasgaram o único documento que eu tinha provando que eu era policial”.