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Falta de acessibilidade deixa pessoa com deficiência em "prisão domiciliar"

Realidade de quem convive com as dificuldades é de perda de direitos

Gabriela Couto

21/09/2018 - 12h34
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Um buraco na calçada aqui, o fim do piso tátil que termina em uma lixeira ali ou um ônibus público não adaptado para receber um cadeirante. Nada disso faz diferença na rotina de muita gente, mas para 560 mil habitantes de Mato Grosso do Sul esses detalhes se tornam grande obstáculos quando se trata de conseguir chegar ao seu destino. 

"Me sinto sem poder ir e vir. É um direito garantido que é retirado da gente", conta Rogélio Vitorino Barreto, 31 anos, que possui hidrocefalia e usa cadeira de rodas. Ele participou hoje pela manhã do evento que marcou o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, realizado na Praça Ary Coelho, em Campo Grande.

Com ele estava Jaqueline Malavazi da Costa, que tem paralisia cerebral. "Temos que planejar nossa vida antes de sair de casa. São poucos os lugares que possuem acessibilidade. Se reclamamos as pessoas não se colocam na nossa pele. Sempre deixam as melhorias que precisamos para depois". 

O desafio dos familiares que compartilham o dia a dia com pessoas que têm alguma limitação físca é constante. Como é o caso da Juliana Alves de Moraes, que é mãe do Arthur Alves dos Santos , 6 anos. O menino possui mielomeningocele e utiliza cadeira de rodas há quatro anos.

"Não são todas as calçadas que estão niveladas e arrumadas como deveriam. Muitas possuem buracos e são inclinadas. Já deixei de sair de casa muitas vezes para evitar de passar por momentos horríveis na rua", desabafa. 

Há seis meses ela não utiliza o transporte público. "Desisti literalmente. Mudei meu orçamento para pagar Uber. Um dos dias mais assustores da minha vida foi quando estávamos descendo da rampa do ônibus e tinha uma valeta entre a calçada e o veículo. Estava chovendo muito e foi Deus que segurou o guri. Ele ia cair numa poça enorme". 

Para a arquiteta de projetos de acessibilidade e sustentabilidade, Deborah Rezende, a maior dificuldade das pessoas com deficiência são mesmo as calçadas. "Não é problema só para cadeirantes, nem deficientes visuais. É para todos. Quem é responsável pela calçada é o dono do lote e nem sempre ele mantém como deveria. A Prefeitura está fazendo uma revisão neste assunto", acrescentou. 

DIFICULDADES

Órgãos públicos como Prefeitura, Câmara Municipal, Assembleia Legislativa passaram por reformas e adequações recentemente para poder atender as pessoas com deficiência. Mas ainda há muito o que ser feito além de banheiros, vagas exclusivas e acesso aos locais. Nem mesmo parquinhos de criança na Capital ou o Aeroporto Internacional de Camp Grande atendem o mínimo necessário para receber esse público. 

Conforme o coordenador da Apoio às Pessoas com Deficiência, David Marques, a cidade avançou muito nos últimos 20 anos, mas ainda é preciso mais para uma inclusão natural. "O ideal era que não precisasse de ações para que isso acontecesse. Pedimos para as demais secretarias buscarem as adequações e aos poucos estão sendo atendidas. Isso necessita de projeto e recursos para sua realização".

O presidente do CREA/MS, Dirson Artur Freitag, afirma que pelo histórico das capitais brasileiras, Campo Grande está no top cinco. "Pelas informações, percepção e discussões que estamos fazendo a nível federal para esse diagnósticos temos muito para fazer, mas ainda temos um caminho menos longo. Nossa preocupação com a mobilidade sempre esteve relacionada com a inclusão da acessibilidade neste contexto". 

OPERAÇÃO DA PF

Fraude em ponto eletrônico da saúde na Prefeitura de Corumbá gera prejuízo de R$ 6 milhões

Polícia Federal deflagrou operação para combater crime e identificou servidor que ficava 5 minutos no expediente

19/04/2024 12h30

Polícia Federal deflagrou operação contra fraude do ponto em Corumbá Foto: Divulgação

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A Polícia Federal deflagrou a Operação Esculápio nesta sexta-feira (19) para combater prejuízo milionário que servidores da saúde em corumbá estavam causando no serviço público com fraudes em ponto eletrônico.

Segundo as investigações, 11 servidores públicos da área de saúde da Prefeitura de Corumbá reiteradamente fraudavam seus pontos eletrônicos, não cumprindo a carga horária contratada, mas recebendo o salário integral. 

Ao longo da investigação, a Polícia Federal em Corumbá identificou que houve casos em que a permanência do profissional na unidade de saúde do Centro Municipal de Especialidade Odontológica (CEO) foi de apenas 5 minutos. O foco da operação nesta sexta-feira foi concentrado nessa unidade especializada, que fica no bairro Universitário.

Além do prejuízo indireto causado pelo retardamento no atendimento à população local, estima-se que o prejuízo direto aos cofres seja da ordem de R$ 6.000.000,00.

Esse cálculo foi obtido a partir da apuração dos salários pagos aos profissionais de saúde em valor integral, porém sem que eles cumprissem a carga horária. A Polícia Federal não detalhou há quanto tempo essa fraude vinha sendo praticada e como houve a denúncia.

Na ação, cujos mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Corumbá, foram sequestrados bens móveis avaliados em R$ 1.500.00,00 e bens imóveis avaliados em R$ 5.000.000,00 dos servidores públicos.

Dentro do Centro Municipal de Especialidade Odontológica trabalham principalmente dentistas e os serviços prestados são de cirurgia, endodontia, prótese dentária, radiologia, periodontia e odontopediatria. Os investigados poderão responder por estelionato, peculato e peculato eletrônico.

A Prefeitura de Corumbá divulgou nota e sugeriu que não foi a responsável pela denúncia. Conforme apurado, o governo municipal não teria conhecimento oficial dessa fraude até que ocorresse a operação.

"Com relação a Operação Esculápio, realizada nesta sexta-feira, pela Polícia Federal, a Prefeitura de Corumbá esclarece que não foi alvo da ação e que até o momento não foi formalmente informada sobre o teor das investigações. A Secretaria Municipal de Saúde está à disposição da autoridade policial para auxiliar no que for necessário", divulgou.

Ainda não há confirmação se os servidores investigados pela Polícia Federal também vão passar por processo administrativo.

"GUERRA CIVIL"

Maior ameaça à democracia no mundo é a polarização, diz o ator Wagner Moura

Ator diz que filme"Guerra Civil" soa um importante alarme sobre esses riscos

19/04/2024 10h30

Wagner Moura em "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana Foto: Divulgação

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Para Wagner Moura, "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana, soa um importante alarme sobre os riscos da polarização que assombra países como Estados Unidos e Brasil nos últimos anos.

"Este é um filme que mostra que a polarização é a maior ameaça à democracia no mundo moderno", diz ele sobre o longa dirigido por Alex Garland, um blockbuster americano que acena também para a realidade política brasileira, em sua opinião.

"Guerra Civil" conta a história de um grupo de jornalistas, do qual Moura faz parte, que tenta chegar a Washington para entrevistar o presidente dos Estados Unidos, um líder do qual não sabemos muito, mas que pelas dicas do roteiro é claramente fascista, nas palavras do ator baiano.

"Mas eu acho, sinceramente, que ligar esse personagem a figuras reais é um desserviço ao filme. Não há na trama uma agenda ideológica. E você sabe que eu sou uma pessoa que não tem medo de falar as coisas", diz Moura ao ser questionado sobre a proximidade do personagem com líderes que acirraram a era de polarização em que vivemos, como Donald Trump e Jair Bolsonaro.

O filme é uma distopia política cheia de imagens do que poderia ser os Estados Unidos caso o racha entre democratas e republicanos, ou liberais e conservadores, se acentue. Na trama, forças favoráveis e contrárias ao presidente vivido por Nick Offerman se enfrentam e destroem a nação. São várias as imagens de pontos icônicos do nacionalismo americano bombardeados, como a Casa Branca.

"A gente sabe muito bem o que é a polarização. O mundo todo sabe. E para os americanos o filme gera uma dissonância cognitiva, porque eles estão acostumados a ver essas cenas em filmes sobre guerras no Oriente Médio. Agora estão vendo em Washington", diz ainda Moura.

GUERRA CIVIL

- Quando Estreia nesta quinta (18), nos cinemas
- Classificação 18 anos
- Elenco Wagner Moura, Kirsten Dunst e Cailee Spaeny
- Produção EUA, Reino Unido, 2024
- Direção Alex Garland

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