Motivo de publicidade praticamente eleitoreira e muito discurso do prefeito Alcides Bernal (PP), as 42 casas entregues na sexta-feira (1º) aos antigos moradores da favela Cidade de Deus, que agora vivem no bairro Vespasiano Martins, não estão prontas. A denúncia foi feita na manhã de hoje na Câmara Municipal e será encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE).
Equipe do vereador Eduardo Romero (Rede Sustentabilidade) foi até bairro ontem (4) e constatou uma série de problemas. Fotos feitas pelos assessores revelam que casas estão sem acabamento e em muitas delas a estrutura hidráulica e elétrica está exposta.
Ainda segundo a denúncia do vereador, durante a construção das casas, houve acidente de trabalho que deixou dois operários feridos, mas o caso acabou sendo “abafado” pela prefeitura. A administração desconhece qualquer incidente durante as obras.
Diante dos problemas, outro vereador foi até as casas na manhã de hoje, Marcos Alex (PT) conta que ao chegar no bairro, foi hostilizado e agredido por moradores. O carro do vereador, modelo Gol, foi apedrejado e o vidro traseiro ficou destruído. O vereador não se feriu e afirmou que não denunciará o caso à polícia.
As denúncias revoltaram vereadores, que ressaltaram o fato das casas não serem gratuitas aos moradores e ainda que a entrega simbólica feita por Bernal é sinônimo de irresponsabilidade.
Na semana passada, o prefeito "correu" para inaugurar centros de educação infantil e até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que não está funcionando. A pressa tem relação com o prazo estipulado pela justiça eleitoral para inaugurações em caso de política que irá concorrer a reeleição. Desde ontem as ações não podem ser mais feitas.
Em resposta às acusações do vereador, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que já havia sido combinado com os moradores que cada um poderia fazer o acabamento como quisesse. Para isso, a prefeitura fornecerá materiais básicos, mas o moradores arcarão com o serviço.
CASAS
Segundo a prefeitura, a construção dos imóveis de 46 metros quadrados foi realizada por convênio com organização não-governamental. Elas dispõem de dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço.
Os ex-moradores da favela assinaram contratos com a Emha, em março, sendo beneficiados com subsídio de 40% dos imóveis. Este inclui custo do terreno (R$ 40 mil) e construção da casa (R$ 12 mil). Os valores serão pagos em até 25 anos.
A Prefeitura de Campo Grande apresentou, no mês passado, cronograma de entrega dos imóveis a quem vive sob a lona e sem banheiro. Na lista estão Vespasiano Martins (15 de Julho), Lageado (10 de Setembro), Jardim Canguru (10 de Setembro) e Bom Retiro (10 de Outubro).
*Matéria atualizada às 13h30 para acréscimo de informações.


