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APÓS LIMINAR

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Alunos excluídos da UFMS
conseguem frequentar as aulas

Eles tiveram a condição de cotista posta em xeque pela instituição

NATALIA YAHN E MARESSA MENDONÇA

22/02/2019 - 12h31
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Dois dos 18 acadêmicos de Medicina que tiveram a matrícula indeferida no curso da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a consequente perda da vaga, conseguiram junto a Justiça Federal no Estado decisão favorável para continuarem estudando.

As decisões são liminares, ou seja, até o julgamento final do caso os alunos vão poder frequentar as aulas normalmente e o cancelamento da matrícula está suspenso.

Para discutir o assunto o diretor da Faculdade de Medicina (Famed), Wilson Ayach, convocou uma reunião no fim da tarde de ontem com os acadêmicos e teria sido supreendido com a informação dada por um dos advogados presentes, a respeito da liminar. 

Um acadêmico, que nega ter envolvimento com as denúncias, disse que o diretor informou não ter como avaliar a renda dos acadêmicos que fraudaram o sistema de cotas. “Ele disse sinto muito, as coisas vão continuar como estão”. O aluno de medicina que aceitou falar com a reportagem, com a condição de não ser identificado disse que os envolvidos “tentam achar um culpado, enquanto as denúncias vieram de vários lugares, inclusive amigos próximos desses “fraudadores”, que estavam indignados”.

“É muito frustrante observar colegas alegando ganhar R$ 1,5 mil por mês, andar com carros de R$ 40 mil, viajando para Londres. Depois alegam perseguição. Não me surpreende a qualidade dos médicos de hoje e a falta de empatia pelo paciente. A falta de empatia por outros colegas já começou no processo seletivo. Ontem o diretor alegou que se eles declararam que são pobres, a faculdade não pode fazer nada, as bancas não avaliam a renda, aceitam qualquer declaração”.

A primeira vitória  dos alunos que teriam fraudado o sistema de cotas foi confirmada pelo advogado Abadio Baird, que representa dez dos estudantes. “Dos processos, seis estão na 1ª Vara Federal, com uma liminar já deferida. Dois estão na 2ª Vara Federal, com uma liminar já deferida. E  outros dois estão na 4ª Vara Federal e nenhum foi apreciado. Obviamente, dado aos casos serem análogos, presumo que os juízes da 1ª e 2ª Vara devem seguir o que acabaram de decidir”.

Na sexta-feira (15), a UFMS cancelou a matrícula dos acadêmicos após verificar que as informações prestadas por eles para terem acesso à política de cotas sociais para o ingresso na instituição eram falsas. A decisão ocorreu após denúncia sobre o caso publicada pelo Correio do Estado, em novembro de 2018.

No dia 5 de fevereiro deste ano, 23 estudantes tiveram de se apresentar à banca de verificação da condição de cotista. Um resultado preliminar foi divulgado no dia 7 de fevereiro, confirmando as informações de apenas dois acadêmicos. Os estudantes tiveram prazo para entrar com recurso e o resultado final foi divulgado há uma semana.

Dos 21 estudantes, apenas três tiveram o recurso aceito e os demais acabaram com as matrículas canceladas. Em alguns casos, os acadêmicos estavam no 4º ano. A reportagem do Correio do Estado entrou em contato com a instituição para saber se a atuação desta banca de verificação vai se estender para outros cursos.  Em nota, a UFMS respondeu que, “as denúncias são apuradas”, mas não detalhou se ocorre uma investigação partindo da própria instituição. Os alunos poderão aproveitar as matérias caso façam outro vestibular. 

Confirma na íntegra a nota da instituição, divulgada na quarta-feira (20):

“A UFMS esclarece que, depois do período de recurso estipulado, os acadêmicos que continuam como indeferidos no resultado final da Banca de Verificação da Veracidade da Condição de Cotista perdem o direito à vaga e têm suas matrículas canceladas. As disciplinas cursadas podem ser reaproveitadas em outras instituições ou na UFMS, depois de novo processo seletivo. Todas as medidas administrativas estão sendo tomadas, de acordo com as normas da Universidade. Com o objetivo de inibir as fraudes e manter a idoneidade do processo seletivo para todos os cursos, a UFMS adotou a verificação de cotas desde o segundo semestre de 2017. A quantidade de cotas e todas as etapas do processo são divulgadas no site da Instituição”. 

No dia seguinte a divulgação da nota pelo UFMS, o advogado que representa dez acadêmicos também fez observações sobre o caos. “Os acadêmicos excluídos cumpriram todos os requisitos exigidos pelos editais pertinentes ao ingresso na Universidade Federal, tanto que estão matriculados há vários anos”, afirmou Baird. 

Ele também informou que os um dos avaliadores da Banca de Verificação da Veracidade da Condição de Cotista se atrasou e assinou parecer de um aluno que não participou da mesma e também criticou o processo de exclusão.

“Os avaliadores em momento algum apresentaram os motivos pelos quais os acadêmicos não eram cotistas, mesmo que os alunos avaliados tenham apresentado Laudo Médico atestando cor de pele “parda”. O processo de exclusão foi faccioso, basicamente um “tribunal racial”. Não fora oportunizado aos acadêmicos sequer o direito de provarem a condição de cotista, de modo não se respeitou o devido processo legal, algo inadmissível para uma Instituição de Ensino”, disse o advogado.

Em uma das decisões, da 2ª Vara da Justiça Federal cuja a titular é Janete Lima Miguel, de acordo com o advogado, decidiu também pela proteção psicológica do acadêmico, que não deve sofre bullying. “Um dos acadêmicos excluídos teve seu pedido liminarmente deferido na Justiça para reingresso imediato. E ainda há determinação judicial para que a UFMS e a Famed tomem todas as iniciativas possíveis e plausíveis para coibir a prática, ainda que velada, de intimação sistemática, seja física ou psicológica, vedando qualquer tipo de bullying”.

A reportagem entrou em contato com a UFMS e questionou sobre as liminares e como será a reinserção desses alunos ao curso, mas não obteve resposta até o fechamento desse texto. Também foi solicitada entrevista com o diretor da Famed, mas ele não foi encontrado, não atendeu as ligações e não atendeu respondeu aos e-mails enviados.

“Enfim, isso é a medicina, isso é a realidade, a direção vai fazer de tudo para protegê-lós e deixar a situação como está, isso ficou bem claro na reunião de ontem. Enquanto isso, casos de quem realmente precisa das cotas continuarão raros e a medicina continuará elitista, fazer o que né?”, finalizou o acadêmico.

Segurança

Agendamento online para passaportes está indisponível temporariamente

Polícia Federal detecta tentativa de invasão do ambiente de rede

18/04/2024 20h00

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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A Polícia Federal (PF) informou, nesta quinta-feira (18), em Brasília, que está temporariamente indisponível o serviço de agendamento de emissão de passaportes pela internet. A decisão foi tomada após a instituição detectar, no início desta semana, tentativa de invasão ao ambiente de rede da PF.

O serviço de agendamento será retomado após a verificação de integridade dos sistemas, porém, ainda não há previsão de quando isso ocorrerá. A nota da PF diz que o governo trabalha para restabelecer o serviço online.

Para os atendimentos marcados previamente em uma unidade emissora do documento de viagem, a instituição garante que serão realizados normalmente na data e horário marcados, quando o solicitante deverá apresentar a documentação original necessária e o atendente público fará a conferência das informações cadastradas, além de coletar dados biométricos (impressões digitais e fotografia facial).

A Polícia Federal recomenda aos cidadãos que não tiverem viagem ao exterior programada para os próximos 30 dias que aguardem a normalização do serviço.

Os brasileiros que irão para o exterior nos próximos dias e, comprovadamente, necessitarem da emissão de passaporte comum podem enviar a documentação que prove a urgência para o e-mail da unidade da Polícia Federal mais próxima. Os contatos das superintendências estaduais da PF e das delegacias onde são emitidos passaportes estão disponíveis no link.

Agendamento regular
Habitualmente, quando o serviço virtual de agendamento para emissão de passaportes está operando, o cidadão interessado preenche o formulário eletrônico na internet, escolhe uma das datas e horários disponíveis e, por fim, marca o posto de atendimento da PF onde deseja ser atendido.

O cidadão não deve ir diretamente a uma delegacia da Polícia Federal sem fazer o agendamento prévio para passar pelos procedimentos de emissão do documento.

A entrega do passaporte ocorrerá na mesma unidade apontada no primeiro agendamento online do serviço e não poderá ser modificada.

Após o atendimento presencial, a retirada do documento poderá ser feita entre seis e dez dias úteis até 90 dias corridos. Depois desse prazo máximo, o documento será cancelado, com total prejuízo da taxa paga.

O custo comum para emissão de um passaporte é R$ 257,25. Se houver urgência, serão somados R$ 77,17, como taxa adicional de emergência, gerada durante o atendimento. Total: R$ 334,42

Contudo, se a remissão for de um passaporte ainda válido que tenha sido extraviado ou perdido, o valor cobrado na taxa comum dobra: R$ 514,50 ao todo para desembolso.

Briga interna

PCC vive maior racha em 20 anos, e Marcola tem poder testado pela 1ª vez

Advogado de rivais de líder da facção confirma desavença, mas nega surgimento de um novo grupo criminoso

18/04/2024 19h00

Marcelo Victor/ Correio do Estado

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A rebelião de três supostos integrantes do alto comando do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra o chefe máximo do grupo marca uma das mais maiores crises vividas pela facção nos últimos 20 anos e testa pela primeira vez o poder de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Integrantes de órgãos de inteligência do governo paulista, delegados das polícias Civil e Federal e advogados ouvidos pela reportagem confirmaram a existência do racha entre membros da chamada "Sintonia Final" e apontam para mudanças que já começaram a ser percebidas em alguns pontos da capital.

As primeiras informações sobre o racha no PCC surgiram em fevereiro, quando os serviços de inteligência interceptaram uma mensagem atribuída a membros da ala mais radical da facção. Nela, Camacho estava sendo excluído do PCC e tinha a sua morte decretada por supostamente ter delatado colegas.

Marcola sempre negou ser chefe ou integrante do PCC, mas os investigadores afirmam o contrário. Procurada, a defesa de Marcola não quis comentar o assunto.

Na liderança dos rebelados está Roberto Soriano, o Tiriça, apontado pela polícia como um dos mais temidos integrantes da cúpula do PCC, seguido por Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, todos presos no sistema federal.
Dias depois, porém, um novo "salve", em resposta à primeira mensagem, foi interceptado pelos órgãos de inteligência. Nele, a cúpula do PCC trazia à tona a rebelião do trio, classificada como calúnia e traição, e dizia que a atitude havia custado a expulsão dos rebelados, além da decretação da morte de todos.

O motivo da discórdia teria sido uma conversa entre Marcola e um funcionário da Penitenciária Federal de Porto Velho, quando o primeiro passava por atendimento de médico, em julho de 2022. O preso teria dito que Soriano seria um psicopata e insinuado que agia contra agentes.

A conversa foi usada pelo Ministério Público contra Soriano, que acabou condenado a 31 anos pela morte de uma psicóloga da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), em 2017. Irritado com a situação, o preso condenado teria convencido os colegas de que Camacho cometera um erro imperdoável.

Na resposta interceptada, os criminosos afirmam que analisaram o teor da conversa e "fica claro que não existe nenhuma delação por parte do irmão [Marcola] e sim um papo reto de criminoso com a polícia".

"A Promotoria pegou esse áudio e criou um cenário falando o que bem entendia. Todos sabemos que promotores vão sempre criar um cenário favorável a eles", diz trecho da mensagem que informa que a gravação estava disponível a todos que quisessem acessá-la para tirar as próprias conclusões.

A rapidez da resposta gerou dúvidas nos órgãos de inteligência. Pensou-se, em um primeiro momento, tratar-se de um trabalho de contrainformação de membros PCC, com o intuito de tirar a atenção de um suposto plano de resgate em curso. A dúvida foi descartada com o decorrer dos dias.

Os serviços de inteligência apontam que apenas a segunda mensagem foi compartilhada pelos chamados "sintonias de rua", o que indica que os criminosos tomaram o lado de Marcola na guerra. Entre eles estariam as lideranças das principais favelas, como Paraisópolis e Heliópolis, redutos da facção.

Um sinal disso foi o fato de que pontos de venda de drogas que pertenciam ao grupo rebelado que foram tomadas e repassadas para criminosos ligados ao chefe do PCC. Em uma dessas biqueiras, na região do Sacomã, zona sul da capital, vizinhos das biqueiras afirmam que todos os gerentes ligados a Tiriça foram trocados.
Até mesmo um time de futebol ligado a esse criminoso teria sido desativado por conta do decreto.

No sistema prisional paulista, conforme funcionários ouvidos, até agora não houve nenhuma grande alteração. Os presos estariam em "compasso de espera", aguardando os desdobramentos fora do presídio.

Delegados da PF ouvidos pela Folha afirmam que Marcola, de fato, ainda possui um grande prestígio entre a massa carcerária e possui fortes aliados. Avaliam, porém, que essa guerra interna possa enfraquecer consideravelmente a liderança do criminoso, no poder há cerca de 20 anos.

Procurado pela reportagem, o advogado Rogério Santos, defensor de Roberto Soriano e Abel Pacheco de Andrade, confirmou a existência do racha. Ele afirma, entretanto, desconhecer os motivos que levaram ao rompimento e quem tomou tal decisão.
"Ele [Abel] apenas disse o seguinte: o Marcola foi afastado do PCC. Isso ele me disse, mas não me disse que tinha sido decretado, até porque eu sou advogado, eu não estou ali pra levar e trazer recado de preso", afirmou.

Ainda conforme Santos, embora tenha havido de fato um racha, os clientes negam peremptoriamente qualquer iniciativa ou conversa para criação de nova facção, o PCP (Primeiro Comando Puro), muito menos de eventual ligação desta com o CV (Comando Vermelho), inimigo do PCC.

O advogado afirma que tal notícia, sustentada até por promotores de Justiça, tem como o objetivo fomentar ainda mais a desavença entre os chefes da facção, o que pode colocar em risco até mesmo a vida dos familiares dos envolvidos.

Integrantes de órgão de inteligência ouvidos pela reportagem também descartam a possibilidade de união de membros do PCC e do CV, porque nenhum dos lados aceitaria eventuais traidores. Essas pessoas acreditam que são informações plantadas para tornar o racha do PCC em uma guerra sangrenta, o que ainda não começou.

A última grande disputa sangrenta entre chefes do Primeiro Comando ocorreu no final de 2002 quando Marcola entrou em rota de colisão com César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha, e José Márcio Felício, o Geleião, os dois principais chefes até então. Os colegas ficaram do lado de Camacho na briga interna: Cesinha, Geleião e as mulheres de ambos foram sentenciados à morte pela facção e por anos o PCC tentou matá-los.

Cesinha foi assassinado, e Geleião morreu de Covid.

Na ocasião, a advogada Ana Maria Olivatto, 45, ex-mulher de Camacho, foi assassinada a tiros em Guarulhos. A principal suspeita de mando do crime era Aurinete Carlos Félix da Silva, a Netinha, mulher de Cesinha.

Segundo a polícia, foi esse episódio que colocou Marcola no topo de organização e que mudou os rumos da facção criminosa. O grupo colocou o caráter assistencial que tinha em segundo plano para se tornar uma espécie empresa voltada ao tráfico internacional de drogas. Caso Camacho seja destituído do comando, apontam os policiais, o PCC tende a mudar de perfil e se tornar um grupo muito mais violento.
 

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