Denunciado no final de mês de junho à Câmara, Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) e ao Ministério Público Estadual (MPE), o rombo de R$ 109,7 milhões nos cofres do Instituto Municipal de Previdência de Campo grande (IMPCG) continua sem investigação. Tão falada entre os vereadores quando o rombo foi divulgado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), ao que tudo indica, ficará só no discurso.
Um dos que levantou a bandeira para que a CPI fosse aberta, Chiquinho Telles (PSD), afirma que ainda é possível que a apuração ocorra mesmo em período eleitoral. No entanto, é consenso entre os parlamentares o temor da investigação se transformar em palanque eleitoral, até mesmo porque o pré-candidato à prefeitura da Capital, Coronel David (PSC) foi quem trouxe o caso à tona.
Outro fator que emperra a abertura da CPI da Previdência é o fato do desequilíbrio financeiro do IMPCG já ter sido alvo de apuração durante a CPI das Contas, que teve relatório encaminhado ao MP. Na época, no entanto, o foco não era a previdência e por isso não houve tantos detalhamentos em relação ao rombo.
Presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, Carla Stephanini (PMDB) afirma que agora é necessário aguardar posicionamento do MPE, no entanto, segundo ela, a Casa estaria preparada para investigar o rombo se CPI fosse aberta.
ROMBO
Enquanto em dezembro de 2012 o saldo em conta do IMPCG era de R$ 110.651.899,00, esses recursos caíram para R$ 18.006.248,15 em 30 de abril deste ano. O Conselho de Administração alegou que constava em conta movimento R$ 874.552,19 e outros R$ 17.131.695,96 estavam em aplicações financeiras.
Em 25 de junho, o Correio do Estado divulgou o rombo milionário no fundo municipal e informou que o saldo da conta era de R$ 874.552,19. Os outros R$ 17,131 milhões não foram mencionados porque nem mesmo o IMPCG confirmou esse detalhe à época.
O dinheiro do fundo só pode ser usado para pagamento aos servidores inativos e o seu uso para outros fins é considerado ilegal. Ricardo Trefzger Ballock, diretor-presidente do Instituto e secretário de administração de Alcides Bernal (PP), informou em nota oficial que o fundo "nunca adquiriu cotas de fundos de investimentos vinculados aos fundos do doleiro Fayed Traboulsi."
Esquema do libanês que atua no Distrito Federal, foi desbaratado pela Polícia Federal na Operação Miqueias. Em áudio interceptado pela PF, ele mencionou que se encontraria com Alcides Bernal em 8 de novembro de 2012, que nessa época já tinha sido escolhido como futuro prefeito da Capital.
A intenção do encontro era fazer "negócios" com a Prefeitura de Campo Grande e o intermediador dessa reunião é o atual presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA).