Além do problema com a manutenção das viaturas que ficam dias paradas, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tem seu efetivo de veículos de socorro reduzido todos os dias por conta da retenção de macas nas unidades de saúde de Campo Grande. Ambulâncias chegam a ficar paradas por mais de 24 horas por conta disso, aumentando o tempo para socorro da população.
Na manhã de hoje (16), por exemplo, três viaturas do Samu estavam paradas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Universitário. Em uma delas, a equipe estava fazendo troca de material, que é quando descartam o usado e pegam um novo.
“Quando trazemos um paciente, já tem o procedimento comum de passagem de serviço e detalhes do paciente. Isso leva uns 15 minutos. Ai se tem a retenção e falam que é rápido, esperamos. Se avisam que deve demorar, voltamos para a base e a ambulância fica inativa, não tem maca reserva. Então fica uma a menos”, explicou o socorrista de uma das viaturas.
O socorrista explicou ainda como funciona a retenção de macas pelas unidades. “Como as UPAs sempre estão lotadas, quando chegamos e não tem mais leito para o paciente, eles usam a nossa maca como leito. Colocam o paciente em algum canto e aplicam medicação, fazem o procedimento na nossa maca. Então temos que esperar, não tem como tirar o paciente dali na hora”, comentou.
E enquanto a maca não é devolvida à viatura, uma ambulância a menos fica disponível para o socorro e atendimento da população que aciona o Samu.
“Em alguns casos rápidos, esperamos em média de meia hora até uma hora. Mas já teve caso de ficar maca retida mais de um dia”, lembra.
Na semana passada, o Correio do Estado noticiou o problema com a manutenção de viaturas do Samu. Ao todo, são 10 ambulâncias básicas habilitadas e qualificadas, financiadas pelo Ministério da Saúde, Estado e Município. Dessas dez, oito encontravam-se paradas para conserto, e duas tinham acabado de ser encaminhadas para oficina, contudo, no último dia 9 o Samu não tinha mais nenhuma viatura disponível para atendimento.
Dias depois a situação foi “resolvida”. Na quarta-feira (11) sete viaturas foram liberadas da oficina e na sexta-feira (13) as nove já estavam em operação.
Mesmo com a confirmação da situação pelo socorrista do Samu, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) nega que macas fiquem retidas para atendimento nas UPAs da Capital. Em nota, a administração municipal informou que recentemente novos equipamentos, incluindo macas, foram adquiridos para substituição dos antigos nas unidades de saúde.
“Os pacientes atendidos pelas unidades do Samu e transportados às UPAs são encaminhados para urgência/emergência que realiza a classificação de prioridade de atendimento. Havendo a necessidade para remoção até um hospital, o precedimento é realizado. Caso contrário, o paciente é atendido na UPA e a unidade do Samu com a maca é liberada. Recentemente foram adquiridos cerca de mil itens, entre camas, colchões, macas e materiais de uso geral com investimento próprio de aproximadamente R$ 708 mil, para substituição de materiais antigos”, diz a nota.
BOMBEIROS
O Corpo de Bombeiros da Capital, que também realiza atendimento em acidentes e outros tipos de socorro, e sofre com a mesma questão de retenção de macas nas unidades de saúde. Na manhã desta segunda-feira, por exemplo, uma viatura ficou indisponível para novos resgates enquanto a maca estava retida na UPA do Leblon e outra na UPA Vila Almeida.
A reportagem solicitou ao setor de comunicação da corporação como estava a situação de atendimento das ambulâncias e se era frequente o problema de retenção de macas, mas até o fechamento dessa matéria não houve retorno dos dados.