"Campo Grande não é mais província, é uma metrópole."
Assim, de maneira direta, o prefeito da Capital, Marcos Trad (PSD), se pronunciou durante a manhã deste sábado (7), no desfile de comemoração pela Independência do Brasil, para defender o projeto da Prefeitura de comprar o Hotel Campo Grande para transformá-lo em unidade de habitação.
Cercado de críticas, seja de entidades de classes e até de vereadores, o projeto foi novamente defendido pelo prefeito.
Edifício localizado na Rua 13 de Maio, desativado em 2002, será o primeiro exemplo de retrofit do Centro de Campo Grande. O local será reformado caso a Agência Municipal de Habitação de Campo Grande (Emha) consiga viabilizar verba de R$ 38 milhões para transformar o prédio, um dos mais simbólicos das décadas de 1970 e 1980 da Capital, em um edifício de habitação popular.
"Quando quis trazer pessoas para morar no centro, eu não estou trazendo animal, estou trazendo pessoas que vão consumir, gastar, em um projeto totalmente salutar", disse Trad. "A gente tem que mostrar que Campo Grande não é mais província, é uma metrópole. Trazer pessoas para morar no centro é ocupação de espaço vazio."
Segundo o prefeito, o projeto seguirá a tendência da gentrificação, que ele mesmo fez questão de explicar durante a fala aos jornalistas.
"Isso que eu estava dizendo, que o principio cientifico, filosófico e humanístico chamado de gentrificação e que poucas pessoas conseguem entender essa terminologia, quando quis trazer pessoas para morar no Centro", exemplificou.
Ainda de acordo com o mandatário municipal, o projeto seguirá as orientações já divulgadas anteriormente. "50% seria locação para universitários e acadêmicos e 50% para moradores definitivos e faixa de 1 a 3 salários mínimos", apontou.
Para exemplificar a justificativa pelo projeto, o prefeito citou uma das inaugurações que fez durante a semana. "Semana passada no Conjunto Jose Antônio Pereira, que tem 25 anos de moradia, eu inaugurei a primeira unidade de saúde. Há 25 anos as pessoas que ali moram, que são mais de 7 mil, quando adoecem tem que andar quase cinco quilômetros e ir pro Vila Almeida. Se eu estou trazendo para o Centro, aqui nós temos unidade de saúde, posto de segurança, escola", disse.
O CASO
O projeto do Hotel Campo Grande já foi apresentado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, e aguarda aprovação. No mês passado, o Correio do Estado revelou que as vistorias no edifício já haviam sido realizadas. O objetivo será transformar os 260 aposentos em unidades habitacionais, com área inferior a 40 metros quadrados.
Também será necessária uma definição quanto à modalidade de financiamento das moradias. Elas poderiam ser enquadradas no programa Minha Casa Minha Vida, ou inaugurarem um novo programa de habitação popular do governo federal, que estimulará a locação de imóveis a famílias de baixa renda.
Segundo o prefeito Marcos Trad, o valor para a compra do hotel seria de R$ 13 milhões e a reforma ficaria em R$ 25 milhões.
O projeto de retrofit (revitalização da estrutura interna e funcional de um edifício) é bom lembrar, não será financiado com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que banca o programa Reviva Campo Grande.
No início da semana, o diretor-presidente da Emha, Enéas Carvalho, foi à Camara Municipal rebater as críticas feitas por alguns dos vereadores ao projeto.