Cidades

HERÓIS DE QUATRO PATAS

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Cães do MS encontram restos mortais em Brumadinho

Bombeiros e cães farejadores do Estado auxiliam nas buscas

ALÍRIA ARISTIDES

30/09/2019 - 11h56
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Após mais de oito meses do acontecido, o caso do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho ainda passa por desdobramentos. No último domingo (29), o 248º dia de buscas, foi encontrado em meio a destroços e lama o corpo de mais uma vítima do desastre ambiental: o montador Luciano de Almeida Rocha, de 40 anos. O local onde jazia a vítima foi identificado graças ao olfato apurado de Cindy e Duke, cães farejadores do Mato Grosso do Sul responsáveis por captar cheiros imperceptíveis para humanos e direcionar os militares na extensa área de buscas. 

No cenário desolador em que a lama espessa cobre mais de 290 hectares e em alguns pontos atinge profundidade de até 15 metros, o trabalho das duplas formadas por cães e humanos tem desempenhado papel essencial, sendo responsáveis por localizar cerca de 80% dos corpos soterrados. Ao longo do trabalho de resgate que já se estende por meses, equipes de salvamento de todo o país foram enviadas para auxiliar nos serviços. Na última quinta-feira (26), foi a vez do Mato Grosso do Sul, que enviou à cidade mineira três bombeiros e dois cães do 5º Subgrupamento de Bombeiros Militar Independente (5º SGBM/Ind), unidade da cidade de Coxim.

Os trabalhos no local foram divididos em 22 frentes, com ao todo 147 bombeiros e dois cães, que atuam em áreas também segmentadas para auxiliar o serviço. Após quase um mês sem encontrar novos restos mortais, as buscas indicaram a presença de um corpo soterrado a 2,5 metros de profundidade, a cerca de seis quilômetros do ponto de rompimento da barragem. No sábado (28), uma das frentes trabalhava na área denominada como ‘Remanso 4’ quando identificaram a presença de um coturno com seguimento ósseo humano. Os bombeiros que encontraram o vestígio acionaram as equipes sul-mato-grossenses, que foram direcionadas para o local para realizar varreduras. Através de latidos e mudança de comportamento, os animais demonstraram que havia a presença de restos humanos na região, que foi delimitada. Na manhã do domingo, bombeiros utilizaram escavadeiras para acessar o ponto exato em que estava o homem, identificado na manhã de hoje (30) como sendo Luciano de Almeida Rocha. 

As duplas formadas entre cães e homens, conhecidas como binômios, são fixas, e os animais pertencem ao militar que é responsável pela rotina de treinamentos, que incluem identificação olfativa de drogas, explosivos e corpos humanos. A equipe do Corpo de Bombeiros do Estado é composta pelos binômios Major Fábio Pereira e o cão Duke, da raça pastor belga, 3º Sargento Luciclei da Silva e a cadela Cindy, da raça labrador retriever, além do Cabo Wilson Rogério, atuando como auxiliar. Os cachorros, ambos com sete anos de idade, são certificados a nível nacional para exercer buscas por restos mortais, sendo que somente quatro cães em todo o país possuem a certificação. 

Segundo o Tenente Coronel Fernando Carminati, chefe da Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros Militares do MS (CBMMS), a situação em Brumadinho exige a atuação com cachorros. “O faro desses animais é muito apurado. Eles são treinados para realizar buscas através de cheiros que humanos não conseguiriam fazer”, explica. Ainda de acordo com o Tenente, a missão deve durar 30 dias, com uma pausa de 15 dias entre o trabalho, quando tanto os bombeiros quanto os cachorros devem voltar ao Mato Grosso do Sul para bateria de exames e descanso.     

 Olfato dos animais é essencial para localização das vítimas restantes (Foto: Divulgação Corpo de Bombeiros MS)

ROMPIMENTO DA BARRAGEM

O rompimento da barragem da Vale, na Mina Córrego do Feijão, completou oito meses no último dia 25. Ao todo, o desastre ambiental deixou 270 vítimas, entre mortos e desaparecidos, além de centenas de desabrigados. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, foram confirmadas 250 mortes, incluindo da última vítima encontrada, e as buscas seguem para encontrar as 20 pessoas que permanecem desaparecidas.  

No momento em que foi localizada a 250º vítima, não foi possível verificar se se tratava de um homem ou de uma mulher. Entretanto, após perícia realizada pela Polícia Civil e identificação através de exame da arcada dentária, no início da noite de domingo foi divulgado que os restos mortais pertenciam a um homem e, na manhã de hoje, o nome da vítima foi divulgado. Atualmente, os bombeiros tentam traçar estratégias para encontrar todos os desaparecidos restantes ainda durante o período de estiagem, já que as chuvas previstas para o fim do ano irão dificultar ainda mais o trabalho de buscas. 

No processo que investiga o rompimento da barragem, a Polícia Federal indiciou no dia 20 de setembro sete funcionários da Vale e seis da empresa de consultoria Tüv Süd  por falsidade ideológica e produção de documentos falsos. As investigações apontaram que os funcionários da Vale tinham conhecimento sobre os riscos de rompimento da barragem. Já os empregados da empresa de consultoria seriam responsáveis pelo laudo que atestava, falsamente, a segurança da mesma. 

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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