A combinação de álcool e direção ajudou a tirar a vida da professora Suellen Vilela Brasil, de 32 anos, na noite de sábado, em Campo Grande, mas não tirou da memória dos que ficaram as doces lembranças que a educadora deixou antes de partir.
Descrita como alto astral, doce, alegre, sorridente são alguns dos adjetivos que explicam como Suellen era no dia-a-dia.
“Suelen costumava dizer que era tão feliz; que se sentia como o Sol; radiante com a vida”, contou a amiga de Suellen, a também professora Ivete Busanello Lacerda, de 49 anos.
Amigas há três anos, Ivete agora se apega a um áudio (ouça abaixo) enviado por Suellen na sexta-feira (29). “Foi amizade instantânea. As pessoas achavam que éramos irmãs”, recorda.
Áudio enviado por Suellen à amiga Ivete WhatsApp/ Correio do Estado
Naquele dia, as amigas se encontraram pela última vez. Ivete só ia ter notícia de Suellen no domingo (31), quando ficou sabendo do acidente por uma outra amiga em comum.
“Era uma pessoa formidável, doce, querida. Sabe essas pessoas que não perdem a graciosidade?”, descreveu ela, que está muito abalada.
Quem avisou sobre o acontecido foi a professora Kássia Rosa, que foi coordenadora de Suellen na Escola Estadual Hércules Maymone no ano passado.
“Para os amigos que a viam sempre alto astral é doloroso”, disse ela, que também considera a professora “muito competente com seus alunos”.
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“Eu sinceramente não imaginei que fosse a Suellen [...] então me senti sem chão no momento porque ela era muito querida, fiquei triste e um pouco atordoado até minha mente compreender do que se tratava”, contou o amigo Bruno Rojas, de 35 anos, sobre quando soube da notícia e não acreditou que era sua amiga.
Suellen morreu depois ter a traseira de seu Renault Clio atingida pelo tenente da Polícia Militar Alexander Nantes Stein, que seguia em um Wolksvagen Gol, na Avenida Gury Marques, em Campo Grande.
Segundo Ivete, quando se encontraram para tomar café na sexta, Suellen comentou que naquele dia iria até a casa da irmã para ajudá-la com o filho recém-nascido.
“Ela entendia que era melhor atender a irmã na casa dela para não transitar com a bebê”, revelou.
Após sair da casa da irmã, o acidente aconteceu.
Embriagado, Alexander alegou que a professora diminuiu a velocidade e que não conseguiu desviar.
Consta no boletim de ocorrência que moça perdeu o controle, encostou na guia do canteiro lateral direito e bateu o lado esquerdo do veículo na árvore do canteiro. O carro ficou destruído e Suellen possivelmente morreu na hora.
O autor também perdeu o controle - mas foi ao sentido contrário - passou o canteiro central, a pista contrária, o canteiro lateral e só parou na pista secundária (sentido centro/ bairro).
O automóvel ficou com a frente danificada.
À polícia, o tenente afirmou que ingeriu bebidas alcoólicas e cheirava a álcool, estava com olhos vermelhos e tinha dificuldade em ficar em pé. Ele se recusou a passar pelo teste do bafômetro.
“O que mais revolta é quem deve dar exemplo está aí ceifando pessoas do bem no trânsito”, expressou Ivete “Injusto demais uma pessoa maravilhosa como ela com toda uma vida pela frente ter a sua vida interrompida dessa maneira”, disse Kássia ao Correio do Estado.
Já para Bruno, o que fica agora é a vontade que a Justiça prevaleça.
“Queremos que a Justiça seja feita e ele pague nos termos da Justiça. Caso isso não aconteça, aí sim o sentimento de revolta se manifestaria”, comentou ele, que era amigo de Suellen há dois anos.
Alexander foi preso em flagrante e teve a prisão preventiva decretada ontem pelo Juiz plantonista Francisco Vieira de Andrade Neto.
“Ressalto, outrossim, embora haja Recomendação do Conselho Nacional de Justiça acerca da máxima excepcionalidade na decretação de novas ordens de prisão preventiva, verifica-se, in casu, o fato do crime ter sido praticado mediante violência à pessoa, de modo que infiro não ser recomendável a concessão de medidas cautelares mais brandas”, ressaltou o magistrado.
Além disso, a Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul irá abrir processo administrativo para investigar a conduta do tenente. Em 2012, Alexander matou Juan Barros Barbosa, de 24 anos, com um tiro acidental, enquanto manuseava uma arma.
O policial e outros colegas estavam em uma festa no bairro Marcos Roberto.
Em determinado momento, Nantes pegou a sua pistola .40 de uso exclusivo e começou a manuseá-la na frente dos amigos, quando a arma disparou e atingiu o abdômen de Juan.