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Plano de Enem digital faz MEC correr para aumentar estoque de questões

Plano de Enem digital faz MEC correr para aumentar estoque de questões

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A versão digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prometida pelo Ministério da Educação (MEC) para começar a ser aplicada em 2020, ainda esbarra no aumento do banco disponível de questões e na falta de estudos que comprovem que esse formato tem o mesmo nível de dificuldade do atual, com a prova em papel. O ministério afirma ter acelerado o processo para criar novas perguntas para o teste. Apresentado em julho, o Enem Digital será aplicado no ano que vem para 50 mil candidatos.

Após críticas do presidente Jair Bolsonaro a edições do exame em outros anos, mudanças na estrutura da prova têm criado expectativas em professores e candidatos. Ontem, Bolsonaro disse que é importante que o teste reconheça a "família" e o valor do "Estado brasileiro".

No último sábado, véspera do 1.º dia do Enem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, destacou o novo projeto como uma "ação inovadora do governo" e uma "modernidade que trará mais conforto". O plano é aumentar gradativamente o número de candidatos com prova online até 2026, quando a versão em papel será extinta. Com a mudança gradual, o MEC terá de produzir uma prova a mais por ano. Hoje, já são elaboradas duas versões a cada edição - a regular e a de presos.

É sigiloso o tamanho do Banco Nacional de Itens (BNI), que guarda todas as perguntas que podem cair no Enem. Há anos, especialistas, técnicos e ex-presidentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pela prova, alertam para a necessidade de crescer o banco. Mas elaborar itens é caro e demorado, por seguir rigoroso processo para garantir qualidade e sigilo. O custo estimado da produção de cada item é de R$ 2 mil a R$ 4 mil.

"A gente está em processo de aumento exponencial do banco. Temos uma equipe se dedicando bastante para essa produção exponencial, trabalhando até mais tarde e aos finais de semana", disse o presidente do Inep, Alexandre Lopes. Ainda segundo ele, não houve reforço na equipe de elaboradores de itens, mas intensificação do trabalho do grupo atual.

Para especialistas, pedir para que elaboradores acelerem a produção pode causar prejuízo. "Cada item passa por processo rigoroso antes de ser aprovado para o banco. Com pressão, a probabilidade de reprovar na revisão ou pré-teste é maior", diz Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Todo item é avaliado por três revisores e passa por pré-teste com alunos de ensino médio de redes públicas e privadas. Além de o item ter de cobrir a matriz curricular exigida, é preciso que tenha diferentes níveis de dificuldade. "É um processo humano, que exige criatividade de quem elabora. Não é como aumentar escala de produção em fábrica", diz Alavarse

Em nota, o Inep informou manter o mesmo protocolo para criar itens, com a mesma metodologia e com base na matriz de referência do Enem. Disse ainda prever abrir ainda este ano chamada pública para que professores de ensino médio e superior participem da elaboração e revisão de itens - a última chamada pública foi em 2016 e os contratos, com instituições que cederam funcionários para a função, acabam em 2020.

Desafio

Uma das principais preocupações de técnicos do Inep é com a falta de estudo comprovando que a versão digital tem nível de dificuldade igual ao da prova impressa. Eles temem que órgãos de controle, como o Ministério Público, questionem a validade da prova sem a comprovação. Especialistas dizem ser preciso testar se o aluno gastará mais ou menos tempo para fazer a prova e se é possível ter a mesma estratégia de elaboração. "O aluno consegue ter visão geral das 90 questões em poucos segundos porque folheia rapidamente a prova. Conseguirá isso com a mesma rapidez?", indaga Alavarse.

Para Ernesto Faria, do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), estudos com avaliações estrangeiras, como o Pisa, mostram que a plataforma influencia. "Muda a forma de responder, de pensar na elaboração. Não que seja positivo ou negativo, mas é preciso medir o impacto." Questionado sobre os estudos, o Inep disse ter feito "diversas reuniões" com equipe técnica "de mais de 20 especialistas" para analisar a proposta. Mas, ao responder a questionamento do Estado, via Lei de Acesso à Informação, disse estar finalizando "estudos nesse sentido". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

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A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

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Prefeita prevê conclusão das obras de saneamento básico na Homex em 60 dias

Segundo a Águas Guariroba, as obras iniciaram há 10 dias e até o momento foram instalados 3,5 km de rede de esgoto.

27/03/2024 16h45

Fotos: Gerson Oliveira

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Após anos de luta, cerca de 1,5 mil famílias que residem na comunidade Homex, localizada no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande, terão acesso ao sistema de saneamento básico de água e esgoto. A prefeita Adriane Lopes (PP) e o presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, realizaram uma visita técnica para inspecionar o andamento das obras iniciadas há dez dias. Segundo o cronograma, a previsão de conclusão é de 60 dias. 

Até o momento, foram instalados 3,5 km de rede de esgoto na Comunidade do Homex. O investimento, proveniente de uma parceria público-privada com a concessionária Águas Guariroba, é de aproximadamente R$8 milhões

De acordo com o diretor executivo das Águas Guariroba, Gabriel Brum, foram instalados 8,7 quilômetros de rede de água e outros 12 km de rede de esgoto na comunidade. 

"Esta é uma obra bem complexa por causa de diversas instalações que acabamos encontrando debaixo das casas. Infelizmente agora é uma dor de cabeça aos moradores, mas em breve será de muita alegria, porque o nosso objetivo é terminar em 60 dias",  relatou ao Correio do Estado.  

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A prefeita Adriane Lopes destacou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Ela ainda ressaltou que a disponibilidade de água tratada nas torneiras irá reduzir as filas nas unidades de saúde e, consequentemente, promover o bem-estar dos moradores

"Estamos avançando nessa obra de grande importância para a comunidade. São mais de 1,5 mil famílias, e cerca de 5 mil pessoas que terão saneamento que é vida", afirmou. 

Durante a apresentação do mapa das obras para a imprensa, o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, anunciou que, no primeiro mês após a instalação, não será cobrada tarifa de água e esgoto dos moradores.

"Além de não pagarem água e esgoto no primeiro mês, as famílias serão cadastradas na tarifa social. Vamos passar pela comunidade ensinando as famílias a consumir a água", explica Themis Oliveira.


Qualidade de vida 

Observando de longe o trabalho dos funcionários da Águas Guariroba, Clair Lopes, de anos, é residente da Comunidade do Homex há 8 anos, tentava entender o que estava acontecendo. Após a imprensa relatar que seria instalada uma rede de esgoto e água, ela ficou extremamente animada com a expectativa de ter água limpa na torneira. Junto com ela, moram quatro pessoas: seu marido, seu filho e uma filha que está grávida. 

"Nossa, que alegria ouvir isso. Será uma benção, é tudo que a gente queria, ter água limpa em casa. Meus netos todos já tiveram diarreia e agora vamos ter uma água boa para nós consumir", relatou.

Clair ainda expressou sua ansiedade por poder tomar um banho demorado, já que a família atualmente precisa se banhar com baldes.

"Não vejo a hora de poder tomar banho de verdade, ninguém merece ter que usar baldinho", relatou Clair.

 

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