A Justiça determinou, na última sexta-feira (9), o pagamento de R$ 300 mil por danos morais a uma moradora de Sorocaba (SP), 12 anos depois dela ficar tetraplégica após uma cirurgia de lipoaspiração em Sorocaba (SP).
A mulher, que na época da cirurgia tinha 24 anos, também ganhou na Justiça um processo por danos materiais. A Clínica Futura, onde foi realizada a cirurgia, e a médica responsável Karina Garcia Assuiti, deverão pagar as despesas referentes ao tratamento de saúde da paciente e uma pensão de três salários mínimos vitalícios.
O advogado da família, Cláudio Dias, comemora a determinação judicial. "Mais do que uma vitória para ela, é um alerta para todas as pessoas que se submetem a uma cirurgia achando que é um procedimento simples, quando na realidade é um risco considerado médio ou alto", diz.
A mãe da mulher, que pede que a identidade delas seja preservada, diz que tem um misto de sentimentos. “No primeiro momento senti certa alegria por finalmente haver justiça, mas depois, tristeza porque nenhum valor vai cobrir minha dor.”
O advogado afirma que os condenados têm 15 dias para recorrer da decisão e, caso não recorram, eles têm um prazo de mais 15 dias para o pagamento do valor estipulado.
A reportagem do G1 procurou a médica Karina Garcia Assuiti, mas ela não quis se manifestar. A Clínica Futura informou que vai recorrer da decisão do Tribunal de Justiça.
O caso
No dia 6 de setembro de 2006, a estudante de administração passou por uma cirurgia de lipoaspiração abdominal com enxerto de gordura nos glúteos em uma clínica da cidade. No dia seguinte, feriado de 7 de setembro, ela teve uma parada cardiorrespiratória e um quadro de embolia pulmonar. Na época a TV TEMacompanhou o caso.
De acordo com o processo do Tribunal do Estado de São Paulo, no momento da emergência não havia nenhum médico na clínica e somente após mais de uma hora houve o socorro médico, sendo que nestes casos a paciente deve ser socorrida em, no máximo, três minutos.
Sem o atendimento no tempo necessário, o estado de saúde da paciente evoluiu para tetraparesia espástica, que é caracterizado apenas por pequenos movimentos sem força ou coordenação.
A vítima, hoje com 35 anos, passa os dias em uma cama em sua casa na zona norte da cidade e conta com os cuidados da mãe e cuidadoras. "Da sobrancelha para baixo, minha filha é totalmente dependente", diz a mãe.