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Júri da maior chacina de SP levará
até 12 dias e terá segurança especial

Júri da maior chacina de SP levará
até 12 dias e terá segurança especial

Folhapress

17/09/2017 - 20h00
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Sob esquema especial de segurança e com possibilidade de duração de até 12 dias, o julgamento de três acusados de participação na maior chacina da história de São Paulo terá início da tarde desta segunda-feira (18) em Osasco, cidade da região metropolitana da capital paulista.

Em agosto de 2015, ataques em série de homens encapuzados deixaram um saldo de 17 pessoas assassinadas em Osasco e na vizinha Barueri. Irão a julgamento os policiais militares Fabrício Emmanuel Eleutério, 32, e Thiago Barbosa Henklain, 30, e o guarda municipal de Barueri Sérgio Manhanhã, 43. O júri do também PM Victor Cristilder, 32, será realizado em data ainda não marcada, porque ele foi o único que recorreu da sentença que mandou todos a júri.

A defesa dos outros três réus preferiu não recorrer de decisão porque afirma acreditar na absolvição de todos os réus por absoluta falta de provas. Os recursos, assim, só iram mantê-los por mais tempos na prisão. Todos eles, que se declaram inocentes, estão presos há cerca de dois anos.

De acordo com a acusação, a chacina foi provocada por um grupo de PMs, de Osasco, e guardas civis, da vizinha Barueri, que se uniram para vingar a morte de dois colegas deles em dias anteriores. Os criminosos, usando touca ninja, saíram em ao menos dois carros por ruas dessas cidades atirando contra alvos escolhidos por eles. Em um único bar de Osasco, oito pessoas foram assassinadas e outras duas ficaram feridas.

SEGURANÇA
Quanto à segurança do julgamento, a Polícia Militar prepara um reforço no policiamento no entorno do fórum, que inclui desvio e interdição de ruas que dão acesso à frente do prédio. Como há grande quantidade de testemunhas arroladas por Promotoria e defesa (são mais de 40), a juíza responsável, Élia Kinosita Bulman, reservou o plenário por 12 dias. A Promotoria diz acreditar que a decisão do júri possa ocorrer até sexta-feira (22).

Todo esse montante envolvido obrigou o Tribunal de Justiça de São Paulo a montar esquema especial de transporte, já que as testemunhas, todas sob vigilância permanente, irão pernoitar nos fórum da Barra Funda e Santana, ambos em São Paulo.

Ainda sobre o tamanho do julgamento, a Justiça estudava na semana passada como receber todos os familiares das vítimas, já que o plenário tem capacidade para 119 pessoas. Dessas cadeiras, 15 delas são destinadas à imprensa.

FAMÍLIAS
A certeza de vitória demonstrada pelos advogados de defesa não é mesma, porém, encontrada na Promotoria. O promotor Marcelo Alexandre de Oliveira, em entrevista a jornalista na última quinta (14), disse é impossível prever o que poderá passar na cabeça dos jurados. "Qual o prognóstico do júri de Osasco? Eu não sei."

Essa falta de convicção na vitória aumenta a ansiedade das famílias das vítimas que nem conseguir imaginar a possibilidade de o crime sair sem nenhum culpado. "Nossa, a gente vai entrar em pânico. Todas as mães. Posso estar enganada, porque as vezes a gente fala as cosias sem saber, mas se existir Justiça eu acho que eles são vão ser condenados", disse Maria José de Lima Silva, 51, que teve um filho de 16 anos (Rodrigo) assassinado. "Espero que eles sejam condenados pelos erros que comentaram. Por saírem matando pessoas inocentes."

"Está todo mundo tenso. Ninguém sabe o que vai acontecer. Eu mesma, que geralmente sou muito calma, estou super tensa, até me deram remédio. Você fica pensando mil e uma coisa do que vai acontecer", disse Zilda Maria de Paula, 65, mãe do pintor Fernando de Paula, 34. "Quando eu vejo um policial eu penso: será que foi um desses que matou? Porque nem todos estão presos, né?"

O filho único de dona Zilda estava no bar do Juvenal, na divisa de Osasco com Barueri, onde ocorreu a maioria das mortes -foram oito vítimas fatais e dois feridos. Quem também perdeu o filho nesse ataque (Leandro Assunção, 36) foi Aparecida Gomes da Silva Assunção, 55. Ela disse que não quer pensar na possibilidade absolvição. "Não acredito na absolvição não. Porque o que fizeram foi desumano. Não acredito nessa possibilidade."

DEFESA
O advogado João Carlos Campanini, defensor de Cristilder, disse que por erros na investigação da polícia paulista caminha-se para absolvição de todos os erros -já que não existe provas contundentes contra nenhum dos réus que estão presos. "A investigação foi toda um desastre", disse ele.

"Uma investigação feita às pressas para apontar um culpado, não pra encontrar o verdadeiro, corre-se o risco de tudo isso que aconteceu acabar em nada. Essas 17 pessoas morreram e os verdadeiros culpados nunca vão ficar presos. Isso, para mim, é uma falência da polícia", disse.

Já o advogado Fernando Capano, defensor de Henklain, disse diz que não é porque tantas pessoas foram mortas que pode-se admitir que pessoas inocentes paguem sejam presas. "Num estado democrático de direito não se pode admiti qualquer morte violenta. Mas, ao mesmo tempo não pode admitir que um processo com todos esses defeitos seja levado a termo no sentido de condenar uma pessoa. Isso é um absurdo", disse. "Não podemos admitir: 'eu acho que são eles, então 300 anos para cada um deles ali."

A advogada Flávia Artilheiro, uma das defensoras de Fabrício Eleutério, afirma que o júri esse júri só irão acontecer porque faltou coragem das autoridades para admitir que não conseguiram encontrar os verdadeiros culpados -em especial seu cliente.

"Eu entendo que há um clamor público, justificável e correta, e que houve uma apreciação política dos fatos e não jurídica. Porque nós temos provas técnicas e prova oral da inocência do Fabrício e todos esses elementos foram desprezados", disse.

Já Abelardo Julio da Rocha, defensor do guarda Sérgio Manhanhã, diz que tão cruel quanto ao assassinato é mandar para prisão um inocente. Para ele, isso só tudo ocorreu por conta de "sucessão desastrosa de equívocos do DHPP", originados por uma pressão política. Em razão disso, uma pessoa inocente ficou dois anos no cárcere. Isso é monstruoso", disse.

A CHACINA DE OSASCO E BARUERI
Do que os 4 suspeitos são acusados

De estarem envolvidos no assassinato de 17 pessoas em 13.ago.2015, em Osasco e Barueri, em retaliação à morte de um PM e um guarda municipal em assaltos dias antes. Cada réu é acusado por um número de mortos e feridos

O que diz a denúncia
Os réus faziam parte de uma milícia armada que atuava na segurança de comerciantes da região e na prática de crimes, como homicídios. Eles se conheciam por meio do PM Victor Cristilder, que seria chefe da segurança de um supermercado de Carapicuíba

Principais evidências, segundo a Promotoria
- Há 3 testemunhas: uma reconheceu um dos PMs na chacina, uma viu outro PM na pré-chacina e a terceira diz que vizinho ouviu uma briga
- Um dos PMs e o GCM trocaram mensagens de "positivo" antes e depois do horário da chacina
- Parte de cápsulas apreendias eram de lote do Exército, onde um deles já trabalhou

Fragilidades da acusação
- Não há provas da ligação entre os quatro réus, contrariando a tese de formação de milícia
- Relatos das testemunhas apresentam contradições
- Faltam evidências como armas, veículos e ligações em celular

CRONOLOGIA DO CASO
7.ago.2015
Cabo da PM Ademilson Pereira, 42, é morto em assalto em Osasco

8 a 10.ago.2015
Ocorrem "pré-chacinas", com mortes em Itapevi, Carapicuíba e Osasco

12.ago.2015
Guarda civil Jefferson Luiz da Silva, 40, é morto em assalto em Barueri

13.ago.2015
Um homem é morto em Itapevi, e chacina em Osasco e Barueri termina com 17 mortes

Dez.2015
Após polícia concluir investigação, Ministério Público denuncia três PMs e um guarda municipal

Out.2016
Os quatro suspeitos são presos

Dez.2016
Victor Cristilder, um dos PMs, é absolvido em outra denúncia por morte em 8.ago ligada à chacina

Fev.2017
Justiça decide que os quatro acusados no processo principal vão a júri popular

18.set.2017
Início do julgamento em tribunal de Osasco, que terá 42 testemunhas

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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