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8ª Edição

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Fórum Mundial da Água começa
neste domingo em Brasília

Fórum Mundial da Água começa
neste domingo em Brasília

Agência Brasil

17/03/2018 - 14h21
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O 8º Fórum  Mundial da Água, que começa neste domingo (18), em Brasília, deve reunir cerca de 45 mil pessoas interessadas no tema da água. Desse total, 10 mil são especialistas vindos de mais de 100 países que estarão debatendo diferentes teses sobre a questão da água, em vários painéis ao longo da semana. O fórum é o maior evento relacionado ao tema e tem a chancela do Conselho Mundial da Água (CMA), organismo internacional responsável pelo acompanhamento da questão em todo o mundo há mais de 30 anos. Esta é a primeira vez que o fórum ocorre em um país do Hemisfério Sul, desde sua estreia em 1997, na cidade de Marrakesh, no Marrocos.

Atualmente, o presidente do CMA é o brasileiro Benedito Braga, professor titular de engenharia civil e ambiental na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e também secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do estado de São Paulo. Para ele, o grande objetivo do fórum é "aproximar a comunidade científica e técnica da comunidade tomadora de decisão", ou seja, a classe política. Por essa razão, os governos de diferentes países foram convidados e estarão representados por chefes de Estado e ministros. Segundo Braga, é preciso "motivar os governantes para a importância da água para destinar recursos para as obras hídricas necessárias”.

Crise hídrica

Quando foi escolhida para sediar o Fórum Mundial da Água, Brasília ainda vivia tempos de abundância em suas torneiras, situação que mudou drasticamente a partir da crise hídrica provocada pela escassez de chuvas no verão de 2016/2017. Para evitar um colapso no abastecimento da cidade, medidas de restrição tiveram que ser tomadas e hoje, mesmo com a recuperação parcial dos reservatórios do Distrito Federal, a cidade ainda enfrenta racionamentos. Para o biólogo Paulo Salles, diretor-presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), receber o evento neste contexto está longe de ser constrangedor.

“Na verdade, isso é muito bom porque nós estamos num momento muito significativo, um momento de muito aprendizado que significa duas coisas: primeiro, compreender que estamos vivendo um período difícil para o planeta inteiro. E, segundo, que estamos aprendendo com a crise hídrica".

O professor, que tem doutorado em Ecologia pela University of Edimburgo, na Escócia, lembra que “a água é parte da economia, é parte da política, da organização das instituições, e nós não percebíamos isso porque ela não faltava”. Salles faz questão de frisar que crises hídricas vêm ocorrendo em várias partes do mundo atualmente. Por isso, o fórum é um momento  para favorecer as trocas de experiências, compartilhar projetos, ideias e soluções para permitir o enfrentamento de dificuldades do futuro.

Vila Cidadã

O evento também quer mobilizar o cidadão comum, ou “todo mundo que bebe água”, como diz Lupércio Ziroldo, um dos governadores brasileiros do Conselho Mundial da Água e presidente da Rede Brasil de Organismos de Bacias Hidrográficas.

Para isso, o fórum decidiu abrir espaço para a população participar. Foi assim que nasceu, durante a sexta edição do Fórum, em 2012, em Marselha, na França, a ideia do Fórum Cidadão, que seria a ponte dos especialistas e governantes com a comunidade dos que “bebem água”. A ideia é educar as pessoas de modo a evitar que se chegue ao ponto de precisar entender de água somente quando ela falta. Quando assumiu a coordenação do Fórum Cidadão, no âmbito do 8º FMA, Ziroldo e sua equipe pensaram em criar um espaço físico que fosse como um ponto de encontro. Surgiu assim a Vila Cidadã, com acesso gratuito de visitantes.

“Então o Fórum Mundial da Água, que sempre foi um grande encontro de ideias e soluções, mas dentro da área técnica, introduziu esse processo para induzir o cidadão comum a participar do debate, dar sua opinião, ouvir outras opiniões e, desse modo, se capacitar, aprender com o processo", explica Lupércio Ziroldo.

Erguida em um espaço de 10 mil m², a Vila Cidadã vai oferecer atrações para todos os tipos de público. Graças à realidade virtual, crianças vão poder descer ao fundo do mar num submarino ou voar sobre a floresta e os rios numa asa delta. E todos poderão conhecer por dentro a Estação Antártica Comandante Ferraz e andar na neve do Polo Sul.

Para os adultos, a Arena das Águas, com capacidade para 300 pessoas, será o palco de conferências, apresentações e talk shows com convidados nacionais e internacionais. Será como um ponto de encontro para os visitantes dos vários países.

Haverá ainda o Cinema Cidadão, com a exibição de filmes que têm como tema a água, e o Mercado de Soluções, com a apresentação de 60 experiências individuais ou comunitárias de diversas partes do mundo, todas relacionadas a boas práticas e gestão no uso da água.

“Quando você recebe uma série de informações sobre a água, você passa a lidar com a água dentro de casa de outro modo. E a comunidade também passa a lidar melhor com a água”

Compartilhando a água

O Brasil foi escolhido para sediar o evento não por acaso. Segundo Ricardo Andrade, que é diretor de Gestão da Agência Nacional de Águas (ANA) e um dos 50 profissionais responsáveis pela organização do fórum, sua realização no Brasil se tornou “quase que uma obrigação”.

"As diversas instituições brasileiras ligadas à água se reuniram e entenderam que estava na hora de realizar o fórum na América do Sul. E isso se justificava com o argumento de que o Brasil tinha o que mostrar: a maior oferta hídrica individual do mundo”, diz ele.

“Não se consegue oferecer água de boa qualidade no tempo certo e no lugar correto se não tiver financiamento, se não tiver uma boa governança”. Na opinião dele, não adianta oferecer água se não tratar o esgoto, porque o manancial perde a qualidade. Mas Andrade é otimista e diz que os investimentos do governo avançaram e a conscientização da população também.

Ele avalia que a crise hídrica aumentou o interesse pelo tema. “É possível que o fato de se correr o risco de não ter água em casa, leve as pessoas a refletir sobre a água disponível, a necessidade de economizá-la, de usar essa água racionalmente, de protegê-la de certa forma, de cobrar dos governantes, e não apenas dos governantes, mas do cidadão, seu próprio vizinho”.

Vendendo ideias e soluções

Um dos pontos altos do 8º Fórum Mundial da Água é a Expo, com 18 pavilhões de países que, segundo o diretor de Operações, Rodrigo Cordeiro, atendeu todas as expectativas: “A vinda desses países se consolida através da vinda de um grupo de empresas de cada um desses países e essas empresas procuram oportunidades no mercado brasileiro, assim como identificar soluções no mercado brasileiro que possam levar para os seus países”.

A área da Expo é destinada exclusivamente aos 10 mil participantes inscritos no fórum. É la que eles vão encontrar o que grandes corporações multinacionais estão desenvolvendo para tornar correto e sustentável o uso da água.

Para os mais de 30 mil visitantes esperados na Vila Cidadã foi criada uma feira, onde estarão instituições interessadas em apresentar seus produtos, serviços e soluções relacionadas ao uso sustentável da água para empresas, consumidores, governos, sociedade e universidade.

O 8º Fórum Mundial da Água começa no domingo (18) e vai até o dia 23, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Já a Vila Cidadã, a feira e a Expo serão abertas ao público neste sábado (17) às 9h e vão funcionar até o dia 23, diariamente das 9h às 21h.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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