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Forças Armadas estudam envio de militares para auxiliar ONU em missões de paz

Forças Armadas estudam envio de militares para auxiliar ONU em missões de paz

Agência Brasil

23/09/2017 - 13h24
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Com o fim da participação brasileira na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), que será encerrada no dia 15, o Estado-Maior das Forças Armadas e o Ministério das Relações Exteriores estudam a possibilidade de o Brasil enviar militares brasileiros para outras missões de paz da ONU.

Nos últimos meses, militares e diplomatas avaliaram dez operações da ONU para definir onde a presença militar brasileira seria mais proveitosa – tanto para a população local quanto para a tropa e para o Brasil. Foram analisados aspectos como nível de hostilidade, intensidade das operações, influência ambiental, projeção do país no exterior, custos do apoio logístico, infraestrutura local, além da interação nacional com os países que já atuam nestas missões e fatores geopolíticos.

Do trabalho resultaram duas listas, que, segundo o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, coincidem ao priorizar o envio do efetivo brasileiro para a República Centro-Africana. Isso caso o Brasil decida participar de uma nova missão após os 13 anos à frente da operação haitiana. A decisão final caberá ao presidente Michel Temer e ao Congresso Nacional.

África

“Estamos prontos para fazer uma apresentação [dos estudos] para o presidente. Se ele nos der sinal verde para continuarmos analisando o assunto, iremos conversar com o Congresso Nacional, a quem compete autorizar o envio de tropas e aprovar a destinação dos recursos financeiros necessários. Como de costume, a ONU só formalizará qualquer convite após estar tudo encaminhado e aprovado”, explicou o almirante, revelando que o governo tem até o fim de outubro para responder às consultas informais feitas pela ONU. "A organização só formaliza seus pedidos após os países responderem informalmente se têm ou não condições de atendê-la".

A maioria das missões de paz analisadas pelas Forças Armadas e pelo Itamaraty ocorre em território africano: Mali, Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Saara Ocidental (que é um território não-autônomo no noroeste africano) e República Centro-Africana. Outras três missões ocorrem no Oriente Médio, no Chipre, Líbano e Síria.

De acordo com o chefe do Estado-Maior, a lista inicial de opções das Forças Armadas era encabeçada por Chipre e Líbano, mas como a ONU não necessita de reforços militares nesses locais, destacou-se a República Centro-Africana, para onde uma equipe deve viajar em breve, "para fazer estudos mais aprofundados e conversar com as autoridades locais”. Procurado, o Itamaraty não se pronunciou sobre o assunto até a publicação desta reportagem.

Encravado no centro do continente africano, o país de cerca de 5 milhões de habitantes desde 2012 sofre os efeitos da guerra civil resultante dos confrontos entre a coalizão rebelde Seleka, de maioria mulçumana, e milícias Anti-Balaka, de maioria cristã. Segundo a ONU, o conflito entre os dois grupos já provocou o deslocamento de mais de 22 mil civis. Mais de 2 milhões de pessoas dependem da assistência humanitária.

“Houve uma coincidência muito grande entre nossa análise e a do Itamaraty. Em termos de prioridades, a República Centro-Africana ocupou a terceira posição em ambos os estudos. A África, sem dúvida nenhuma, é uma área de interesse do Brasil”, explicou o almirante

Destacando que a decisão final pela participação ou não do Brasil em qualquer missão é política e que dificuldades orçamentárias podem inviabilizar o envio das tropas brasileiras, o almirante informou que a presença nacional em regiões de conflito ou crise humanitária contribuem também para a maior projeção do Brasil no cenário internacional.

“O Brasil precisa de uma maior inserção no mundo. A participação nas missões de paz contribuem para isso. Sem dúvida, a situação financeira é um limitador para enviarmos tropas para outros países, mas a decisão final é política e deve levar em conta o quanto o Brasil quer ter uma maior inserção mundial”, declarou o almirante.

Haiti

O primeiro dos quatro voos programados para trazer de volta ao Brasil parte dos militares que permanecem no Haiti protegendo as instalações e equipamentos brasileiros deve chegar ainda hoje (23) a Guarulhos, em São Paulo.  

Ao todo, retornarão cinco escalões, cada um trazendo aproximadamente 200 militares da Marinhal, do Exército e da Força Aérea Brasileira. O retorno da tropa marca o encerramento da participação brasileira no país caribenho, após 13 anos.

A viagem de volta foi adiada depois que o Secretariado das Nações Unidas autorizou a extensão excepcional das operações humanitárias das tropas brasileiras na Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (Minustah), em razão das ameaças das passagens dos furacões Irma e Maria pelo Caribe.

Os dois furacões de categoria cinco atingiram a região em menos de duas semanas. Só o Mariamatou pelo menos 30 pessoas na ilha de Dominica e pelo menos outras 11 nas ilhas de Saint Martin e Saint Barth, nas Antilhas Francesas.

“Estávamos monitorando o comportamento do Furacão Maria, que acabou desviando e, possivelmente, causará um impacto menor no Haiti. O primeiro voo trazendo os militares brasileiros parte hoje do Haiti e chega em Guarulhos esta madrugada. Os próximos chegam entre os dias 24 e 27 de setembro. Esperamos embarcar todo o material em navios no início de outubro e tão logo isso ocorra traremos de volta os 150 últimos homens”, afirmou o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.

Desde junho de 2004, quando foi escolhido para comandar o braço militar da missão de estabilização formada por tropas de 16 países, o Brasil enviou ao Haiti cerca de 37,5 mil militares. O maior contingente é o do Exército, que mobilizou 30.359 homens e mulheres. A Marinha enviou 6.299 militares e a Aeronáutica, 350. Vinte e cinco militares brasileiros morreram durante o período, incluindo dois generais.

Além de prestar ajuda humanitária ao povo haitiano, o governo brasileiro enxergou a oportunidade de projetar a imagem do Brasil internacionalmente, o que coincidiu com o projeto estratégico de tentar consolidar a liderança regional brasileira. Ao longo dos anos e  principalmente no início da missão, não faltaram críticas à iniciativa, entre elas as de entidades que classificavam a presença militar estrangeira como uma ação intervencionista, que desmobilizava a capacidade do Haiti de encontrar soluções democráticas para seus próprios problemas políticos.

Segurança

Agendamento online para passaportes está indisponível temporariamente

Polícia Federal detecta tentativa de invasão do ambiente de rede

18/04/2024 20h00

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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A Polícia Federal (PF) informou, nesta quinta-feira (18), em Brasília, que está temporariamente indisponível o serviço de agendamento de emissão de passaportes pela internet. A decisão foi tomada após a instituição detectar, no início desta semana, tentativa de invasão ao ambiente de rede da PF.

O serviço de agendamento será retomado após a verificação de integridade dos sistemas, porém, ainda não há previsão de quando isso ocorrerá. A nota da PF diz que o governo trabalha para restabelecer o serviço online.

Para os atendimentos marcados previamente em uma unidade emissora do documento de viagem, a instituição garante que serão realizados normalmente na data e horário marcados, quando o solicitante deverá apresentar a documentação original necessária e o atendente público fará a conferência das informações cadastradas, além de coletar dados biométricos (impressões digitais e fotografia facial).

A Polícia Federal recomenda aos cidadãos que não tiverem viagem ao exterior programada para os próximos 30 dias que aguardem a normalização do serviço.

Os brasileiros que irão para o exterior nos próximos dias e, comprovadamente, necessitarem da emissão de passaporte comum podem enviar a documentação que prove a urgência para o e-mail da unidade da Polícia Federal mais próxima. Os contatos das superintendências estaduais da PF e das delegacias onde são emitidos passaportes estão disponíveis no link.

Agendamento regular
Habitualmente, quando o serviço virtual de agendamento para emissão de passaportes está operando, o cidadão interessado preenche o formulário eletrônico na internet, escolhe uma das datas e horários disponíveis e, por fim, marca o posto de atendimento da PF onde deseja ser atendido.

O cidadão não deve ir diretamente a uma delegacia da Polícia Federal sem fazer o agendamento prévio para passar pelos procedimentos de emissão do documento.

A entrega do passaporte ocorrerá na mesma unidade apontada no primeiro agendamento online do serviço e não poderá ser modificada.

Após o atendimento presencial, a retirada do documento poderá ser feita entre seis e dez dias úteis até 90 dias corridos. Depois desse prazo máximo, o documento será cancelado, com total prejuízo da taxa paga.

O custo comum para emissão de um passaporte é R$ 257,25. Se houver urgência, serão somados R$ 77,17, como taxa adicional de emergência, gerada durante o atendimento. Total: R$ 334,42

Contudo, se a remissão for de um passaporte ainda válido que tenha sido extraviado ou perdido, o valor cobrado na taxa comum dobra: R$ 514,50 ao todo para desembolso.

Briga interna

PCC vive maior racha em 20 anos, e Marcola tem poder testado pela 1ª vez

Advogado de rivais de líder da facção confirma desavença, mas nega surgimento de um novo grupo criminoso

18/04/2024 19h00

Marcelo Victor/ Correio do Estado

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A rebelião de três supostos integrantes do alto comando do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra o chefe máximo do grupo marca uma das mais maiores crises vividas pela facção nos últimos 20 anos e testa pela primeira vez o poder de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Integrantes de órgãos de inteligência do governo paulista, delegados das polícias Civil e Federal e advogados ouvidos pela reportagem confirmaram a existência do racha entre membros da chamada "Sintonia Final" e apontam para mudanças que já começaram a ser percebidas em alguns pontos da capital.

As primeiras informações sobre o racha no PCC surgiram em fevereiro, quando os serviços de inteligência interceptaram uma mensagem atribuída a membros da ala mais radical da facção. Nela, Camacho estava sendo excluído do PCC e tinha a sua morte decretada por supostamente ter delatado colegas.

Marcola sempre negou ser chefe ou integrante do PCC, mas os investigadores afirmam o contrário. Procurada, a defesa de Marcola não quis comentar o assunto.

Na liderança dos rebelados está Roberto Soriano, o Tiriça, apontado pela polícia como um dos mais temidos integrantes da cúpula do PCC, seguido por Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, todos presos no sistema federal.
Dias depois, porém, um novo "salve", em resposta à primeira mensagem, foi interceptado pelos órgãos de inteligência. Nele, a cúpula do PCC trazia à tona a rebelião do trio, classificada como calúnia e traição, e dizia que a atitude havia custado a expulsão dos rebelados, além da decretação da morte de todos.

O motivo da discórdia teria sido uma conversa entre Marcola e um funcionário da Penitenciária Federal de Porto Velho, quando o primeiro passava por atendimento de médico, em julho de 2022. O preso teria dito que Soriano seria um psicopata e insinuado que agia contra agentes.

A conversa foi usada pelo Ministério Público contra Soriano, que acabou condenado a 31 anos pela morte de uma psicóloga da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), em 2017. Irritado com a situação, o preso condenado teria convencido os colegas de que Camacho cometera um erro imperdoável.

Na resposta interceptada, os criminosos afirmam que analisaram o teor da conversa e "fica claro que não existe nenhuma delação por parte do irmão [Marcola] e sim um papo reto de criminoso com a polícia".

"A Promotoria pegou esse áudio e criou um cenário falando o que bem entendia. Todos sabemos que promotores vão sempre criar um cenário favorável a eles", diz trecho da mensagem que informa que a gravação estava disponível a todos que quisessem acessá-la para tirar as próprias conclusões.

A rapidez da resposta gerou dúvidas nos órgãos de inteligência. Pensou-se, em um primeiro momento, tratar-se de um trabalho de contrainformação de membros PCC, com o intuito de tirar a atenção de um suposto plano de resgate em curso. A dúvida foi descartada com o decorrer dos dias.

Os serviços de inteligência apontam que apenas a segunda mensagem foi compartilhada pelos chamados "sintonias de rua", o que indica que os criminosos tomaram o lado de Marcola na guerra. Entre eles estariam as lideranças das principais favelas, como Paraisópolis e Heliópolis, redutos da facção.

Um sinal disso foi o fato de que pontos de venda de drogas que pertenciam ao grupo rebelado que foram tomadas e repassadas para criminosos ligados ao chefe do PCC. Em uma dessas biqueiras, na região do Sacomã, zona sul da capital, vizinhos das biqueiras afirmam que todos os gerentes ligados a Tiriça foram trocados.
Até mesmo um time de futebol ligado a esse criminoso teria sido desativado por conta do decreto.

No sistema prisional paulista, conforme funcionários ouvidos, até agora não houve nenhuma grande alteração. Os presos estariam em "compasso de espera", aguardando os desdobramentos fora do presídio.

Delegados da PF ouvidos pela Folha afirmam que Marcola, de fato, ainda possui um grande prestígio entre a massa carcerária e possui fortes aliados. Avaliam, porém, que essa guerra interna possa enfraquecer consideravelmente a liderança do criminoso, no poder há cerca de 20 anos.

Procurado pela reportagem, o advogado Rogério Santos, defensor de Roberto Soriano e Abel Pacheco de Andrade, confirmou a existência do racha. Ele afirma, entretanto, desconhecer os motivos que levaram ao rompimento e quem tomou tal decisão.
"Ele [Abel] apenas disse o seguinte: o Marcola foi afastado do PCC. Isso ele me disse, mas não me disse que tinha sido decretado, até porque eu sou advogado, eu não estou ali pra levar e trazer recado de preso", afirmou.

Ainda conforme Santos, embora tenha havido de fato um racha, os clientes negam peremptoriamente qualquer iniciativa ou conversa para criação de nova facção, o PCP (Primeiro Comando Puro), muito menos de eventual ligação desta com o CV (Comando Vermelho), inimigo do PCC.

O advogado afirma que tal notícia, sustentada até por promotores de Justiça, tem como o objetivo fomentar ainda mais a desavença entre os chefes da facção, o que pode colocar em risco até mesmo a vida dos familiares dos envolvidos.

Integrantes de órgão de inteligência ouvidos pela reportagem também descartam a possibilidade de união de membros do PCC e do CV, porque nenhum dos lados aceitaria eventuais traidores. Essas pessoas acreditam que são informações plantadas para tornar o racha do PCC em uma guerra sangrenta, o que ainda não começou.

A última grande disputa sangrenta entre chefes do Primeiro Comando ocorreu no final de 2002 quando Marcola entrou em rota de colisão com César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha, e José Márcio Felício, o Geleião, os dois principais chefes até então. Os colegas ficaram do lado de Camacho na briga interna: Cesinha, Geleião e as mulheres de ambos foram sentenciados à morte pela facção e por anos o PCC tentou matá-los.

Cesinha foi assassinado, e Geleião morreu de Covid.

Na ocasião, a advogada Ana Maria Olivatto, 45, ex-mulher de Camacho, foi assassinada a tiros em Guarulhos. A principal suspeita de mando do crime era Aurinete Carlos Félix da Silva, a Netinha, mulher de Cesinha.

Segundo a polícia, foi esse episódio que colocou Marcola no topo de organização e que mudou os rumos da facção criminosa. O grupo colocou o caráter assistencial que tinha em segundo plano para se tornar uma espécie empresa voltada ao tráfico internacional de drogas. Caso Camacho seja destituído do comando, apontam os policiais, o PCC tende a mudar de perfil e se tornar um grupo muito mais violento.
 

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