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Família de noiva que morreu em
helicóptero queria levá-la de carro a festa

Família de noiva que morreu em
helicóptero queria levá-la de carro a festa

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A vendedora Helaine Aparecida Alves Silva ainda lembra do dia 4 de dezembro de 2016, em que casaria a cunhada Rosemeire Silva, de 32 anos. Foi Helaine quem fez grande parte dos preparativos para a festa, inclusive a contratação do voo de helicóptero que levaria Rosemeire para o local da celebração, um buffet na Grande São Paulo. A aeronave caiu matando os quatro ocupantes. "Era para ser um casamento que, de uma forma inesperada, virou um funeral", disse ao G1. 

Um vídeo que mostra o voo desde o início até a queda e foi achado por um irmão da noiva, quatro dias após o acidente, está sendo usado nas investigações da Polícia Civil e da Aeronáutica. As imagens foram registradas por uma câmera levada pela fotógrafa do casamento, que também morreu no acidente. Vídeo pode ser assistido abaixo. ATENÇÃO: as imagens são fortes.

Helaine conta que a família tinha um "plano B" para caso o voo não pudesse ser realizado devido a problemas com o tempo naquele dia. Um carro levaria a noiva ao local do casamento. Segundo a cunhada, a empresa Voenext, que intermediou a realização do percurso aéreo para o casamento, havia informado que, se o tempo estivesse encoberto e sem sol, a aeronave não decolaria.

"Eles inclusive me ligaram no dia anterior, informando que a previsão é que o tempo poderia mudar, e que era para termos um plano B caso não pudesse decolar por tempo ruim. E nós tínhamos. Ela iria de carro”, relembra Helaine.

O buffet de festas Recanto Beija-Flor, alugado pela família em São Lourenço da Serra, na Grande São Paulo, fica a dois quilômetros de onde a aeronave acabou caindo. Além da noiva, morreram no acidente o marido de Helaine e irmão de Rosemeire, Silvano Nascimento da Silva, a fotógrafa Nayla Cristina Neves Lousada, contratada pela família para registrar o casamento, e o piloto, Peterson Pinheiro.

A aeronave decolou na base aérea da empresa proprietária do helicóptero em Osasco, por volta das 16h. O voo duraria 25 minutos e foi praticamente este o tempo transcorrido até a queda.

Helaine afirma que está passando por um processo desgastante e que sente um descaso grande em relação à morte dos quatro ocupantes do helicóptero. “Meu marido era uma pessoa centrada, correta e muito prudente. Se ele percebesse que este voo tinha algum risco de não chegar, seja por causa do tempo ou qualquer outro motivo, ele não iria forçar a realização do voo por helicóptero, ele era muito responsável”, diz Helaine.

Para evitar que o futuro marido descobrisse da surpresa – já que o noivo Udirley Damasceno não sabia que Rosemeire chegaria voando ao casamento – Helaine é que fazia os arranjos. A cunhada de Rosemeire tinha, inclusive, arrumado a mala de lua de mel da noiva. Os noivos namoraram por um ano e dois meses, segundo a cunhada, e estavam havia algum tempo guardando dinheiro para a festa.

Perda

Segundo Helaine, o filho de 7 anos que tem com Silvano ainda pergunta todos os dias pelo pai. “Eram 13 anos de casamento, de convivência. Não se supera, é um dia por vez. O meu filho ainda pede pelo pai, pergunta, ele não se recuperou. Tem noites que chora”, afirma.

Helaine lembra que Rosemeire teve a ideia de chegar voando ao casamento quando, em visita ao local onde a festa seria celebrada, viu a foto de uma noiva junto ao helicóptero. Quando chegou em casa, comentou com a cunhada e com o irmão que pretendia chegar ao seu casamento assim. A primeira opção da noiva era levar o irmão e o sobrinho de 7 anos com ela no helicóptero. Mas Rosemeire mudou de ideia um mês antes da celebração, optando por levar a fotógrafa Nayla.

“Rose sempre chegava atrasada nos lugares. Chamávamos ela até de 'dinha', em referência a 'atrasadinha'. Todo mundo comentava que ela iria chegar atrasada ao próprio casamento, e eu dizia que não, ela não iria chegar atrasada, porque sabia que ela iria vir de helicóptero. O Silvano inclusive me ligou quando estavam decolando em Osasco, me disse para dar andamento ao casamento, que iriam chegar no horário”, lamenta Helaine.

A cunhada lembra que a noiva estava muito feliz com a decisão de chegar ao casamento de helicóptero. "Ela me dizia assim: 'na segunda-feira, todo mundo vai estar dizendo que sou rica'", diz, referindo-se aos cerca de 250 convidados que aguardavam no buffet em São Lourenço da Serra.

Investigação

Neblina e nuvens fortes encobrindo a visibilidade do piloto são alguns dos fatores que estão sendo analisados pelas investigações da Polícia Civil de São Lourenço da Serra e do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre as possíveis causas da tragédia. O vídeo sobre o acidente mostra a mudança brusca de tempo nos cinco minutos finais de voo, e erros do piloto na condução da aeronave, segundo um especialista independente ouvido pela reportagem.

O vídeo mostra Nayla sentada ao lado do piloto do helicóptero Robinson 44, prefixo PR-TUN. Uma câmera foi fixada à sua frente, durante o voo, virada para a noiva e o irmão dela. Os dois estavam sentados nos bancos traseiros do helicóptero. Nayla estava grávida de 6 meses e tinha outras duas filhas.

Nos 5 minutos finais de voo, quando o piloto Peterson Pinheiro começa a ter dificuldades de controlar a aeronave, realizando manobras, Nayla vira com frequência o equipamento, mostrando o painel de navegação. As imagens retratam ainda o cenário de neblina forte e pouca visibilidade do ambiente externo.

O advogado da família de Rosemeire e Silvano, Fernando Reis, afirma que as imagens mostram erros do piloto e comprovam a responsabilidade das empresas pela queda, já que Peterson Pinheiro era funcionário da HCS.

"As imagens mostram o desespero dos passageiros e o erro crasso do piloto. Ele não tinha ideia do que estava fazendo", afirma o advogado das famílias, Fernando Henrique dos Reis, em relação às manobras realizadas por Pinheiro nos momentos que antecedem à queda.

A defesa dos familiares da noiva e de seu irmão pretende ingressar com um processo na Justiça pedindo indenização por danos morais e materiais contra as empresas envolvidas no acidente.

"Iremos pontuar no processo que a empresa Voenext funciona apenas como intermediadora e não tem autorização para fazer voos de translados e de táxi aéreo, assim como a HCS, pois o helicóptero era registrado para uso privado. Isso só agrava mais a responsabilidade das empresas, que não poderiam efetuar este tipo de serviço", diz o advogado.

Empresas

Procurada pelo G1, a empresa proprietária do helicóptero, a HCS, informou que não iria se manifestar sobre a investigação. Já a companhia que intermediou o voo, a Voenext, disse que não cabe a ela analisar questões técnicas, que mostrou solidariedade e se colocou à disposição da famílias.

Tanto a empresa dona do helicóptero quanto a que intermediou o voo são investigadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), já que a aeronave estava registrada apenas para serviço aéreo privado e não poderia ser utilizada para táxi-aéreo ou serviço remunerado.

Vídeo registrado por câmera de fotógrafa, que também morreu no acidente, mostra a queda do helicóptero:

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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