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ROMPIMENTO DE BARRAGEM

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Brumadinho: o que se sabe
até agora sobre a tragédia

Brumadinho: o que se sabe
até agora sobre a tragédia

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As buscas por vítimas da tragédia de Brumadinho (MG) entraram hoje (3) no décimo dia. As causas do rompimento da barragem da Vale que integra a Mina do Feijão estão sendo investigadas. Da mesma forma, a extensão dos danos ambientais e socioeconômicos ainda é desconhecida, embora já estejam em curso iniciativas voltadas para identificar os prejuízos e alguns dados preliminares já tenham sido divulgados. Com base nas informações tornadas públicas, a Agência Brasil reuniu o que já se sabe acerca da tragédia.

Mortos

De acordo com o último balanço da Defesa Civil de Minas Gerais, 121 pessoas morreram e 226 estão desaparecidas, grande parte são empregados da Vale. Os rejeitos soterraram um refeitório e também uma área administrativa da mineradora. Os trabalhos de busca não têm data para acabar e são coordenados pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, mas as chances de encontrar sobreviventes vão se reduzindo a cada dia. O governo federal recebu ajuda de tropas de Israel.

Parte da comunidade da Vila Ferteco foi devastada. Ainda não se sabe quantas famílias viviam na comunidade. Também ficaram destruídos imóveis localizados em áreas ribeirinhas às margens do Rio Paraopeba, para onde os rejeitos se direcionaram. Os últimos números apontam para 116 desabrigados na tragédia. Muitos deles foram acomodados em pousadas e hotéis em locais próximos, como em Casa Branca, um povoado rural de Brumadinho e conhecido por suas cachoeiras e atrações ecológicas.

Localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, Brumadinho tem cerca de 36 mil habitantes e está a apenas de 60 quilômetros da capital mineira. No município, está situado o Instituto Inhotim, sede de um grande acervo de arte contemporânea do Brasil e considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. Por precaução e segurança, no dia do rompimento, os visitantes foram retirados local. O instituto passou os últimos dias fechados e chegou a anunciar que retomaria as atividades na sexta-feira (1º), mas suspendeu a reabertura.

Brumadinho revive, após pouco mais de três anos, uma outra tragédia de grandes proporções em Minas Gerais. Em novembro de 2015, uma barragem da Samarco se rompeu em Mariana (MG) lançando no meio ambiente 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos. No episódio, 19 pessoas morreram, comunidades foram destruídas, florestas devastadas, a pesca ficou impraticável em grande parte do Rio Doce e a Vale foi judicialmente responsabilizada, pois junto com a anglo-australiana BHP Billiton é acionista da Samarco.

Investigações

A Polícia Civil de Minas Gerais e a Polícia Federal investigam as causas do rompimento da barragem em Brumadinho. Uma força-tarefa também foi criada pelo Ministério Público Federal (MPF). Seis dos nove procuradores também integram a força-tarefa que acompanha os desdobramentos da tragédia de Mariana.

Na última terça-feira (29), três funcionários da Vale envolvidos no licenciamento da barragem e dois engenheiros terceirizados que atestaram a estabilidade da estrutura foram presos. A juíza federal Perla Saliba Brito considerou que a medida era “imprescindível” para as investigações. A Justiça manteve a prisão deles na sexta-feira (1º).

A barragem foi construída em 1976 pela Ferteco Mineração, empresa adquirida pela Vale em 2001. Segundo a mineradora, desde 2015 a estrutura não recebia mais rejeitos, estando em processo de descomissionamento (encerramento de atividades). Já se sabe que um laudo emitido pela empresa alemã Tüv Süd em setembro do ano passado atestava a estabilidade da barragem.

As licenças ambientais estavam em dia, segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Minas Gerais (Semad). O órgão informa que, em dezembro do ano passado, o Conselho Estadual de Politica Ambiental (Copam) autorizou a licença para descomissionamento da barragem por 10 votos favoráveis, uma abstenção e um voto contrário. O Copam é um órgão colegiado composto por representantes do Poder Público, do setor produtivo e da sociedade civil.

De acordo com a Semad, o Copam seguiu os ritos e procedimentos vigentes. Por sua vez, a Agência Nacional de Mineração (ANM), a quem compete a fiscalização do setor, informou que as declarações da Vale no seu Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração (SIGBM) não revelava "indícios de problemas relacionados à segurança da estrutura”.

Impactos ambientais

Nem a mineradora e nem órgãos ambientais divulgaram até o momento estimativas do volume de lama que vazou e escoou para o Rio Paraopeba. A barragem tinha capacidade aproximada de 12 milhões de metros cúbicos. Não há informações se ela estava operando no limite. Segundo dados preliminares do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foram devastados 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65 hectares de áreas de proteção permanente ao longo de cursos d'água.

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, está monitorando o avanço da turbidez da água no rio. Os últimos boletins têm revelado um deslocamento lento da pluma formada pela mistura de rejeito e água. Os rejeitos já percorreram mais de 98 quilômetros desde a barragem. A chegada da pluma à represa onde fica a Usina Hidrelétrica de Três Marias (MG) está descartada. É nessa represa que o Rio Paraopeba se encontra com o Rio São Francisco.

O Rio Paraopeba é usado para atender a região metropolitana de Belo Horizonte, mas a captação de água em seu leito foi suspensa pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) após a tragédia. De acordo com a estatal mineira, o abastecimento não sofreu impacto. As represas do Rio Manso, Serra Azul, Várzea das Flores e a captação, a fio d’água, no Rio das Velhas, estariam sendo suficientes para atender a população.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) destacou técnicos para realizarem coleta de 44 amostras de água na região atingida com o objetivo de identificar os possíveis riscos de intoxicação. Resultados preliminares mostra os riscos à saúde humana e animal. A pasta alerta que não se deve utilizar a água bruta do Rio Paraopeba para qualquer finalidade. Também orienta a população a não pescar nem consumir seus peixes e a manter distância de 100 metros das margens do rio. Na quinta-feira (31), o MPMG recomendou que o governo de Minas Gerais determine a proibição da pesca no Paraopeba.

Penalidades

A Vale foi multada em R$ 99 milhões pelo governo de Minas e R$ 250 milhões pelo Ibama. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 11 bilhões nas contas da mineradora, com o intuito de assegurar a reparação dos danos. O Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais (MPT-MG) também conseguiu bloquear outros R$ 800 milhões parar o pagamento de indenizações trabalhistas. Ao todo, a Vale está impossibilitada de movimentar R$ 11,8 bilhões.

Nos Estados Unidos, foi movida uma ação coletiva em nome dos acionistas da empresa. Podem aderir à ação todos aqueles que compraram ações da mineradora brasileira entre 13 de abril de 2018 a 28 de janeiro deste ano.

Após a tragédia, as ações da Vale chegaram a cair 24,52%, mas nos últimos começaram a subir lentamente. A empresa anunciou que o Conselho de Administração suspendeu pagamento de dividendos e juros aos acionistas.

Medidas

Um dia após a tragédia, o governo mineiro determinou a suspensão de todas as atividades da Vale na área barragem que se rompeu. O governo federal anunciou na terça-feira (29), um levantamento das condições de 3.386 barragens que foram classificadas com “dano potencial associado alto” ou “risco alto”.

A Justiça mineira proibiu a concessão ou renovação de licenças ambientais para novas barragens de contenção de rejeitos que utilizam o método de alteamento a montante, o mesmo método utilizado em Brumadinho e em Mariana. A Vale também afirmou que irá fechar 10 dessas estruturas.

Os beneficiários do Bolsa Família foram autorizados a fazer o saque antecipado e os trabalhadores poderão retirar até R$6.220 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A Caixa e o Banco do Brasil criaram contas para receber doações financeiras.

A Vale, por sua vez, anunciou uma doação emergencial de R$ 100 mil para todas as famílias que perderam parentes, R$50 mil para aquelas que tinha imóvel na área afetada e R$ 15 mil para trabalhadores do comércio local. Os valores são cumulativos, de forma que uma mesma pessoa poderá receber R$165 mil caso se encaixe em todas as situações. A Vale também pagou assistência e um auxílio-funeral para os parentes das vítimas. 

Ao município de Brumadinho, foi assegurado o repasse de R$ 80 milhões comoforma de compensar a perda de arrecadação com a paralisação das atividades da empresa. Segundo a Vale, as doações não têm relação com eventuais indenizações.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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