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'Bolsonaro português' quer castração química e trabalho obrigatório nas prisões

Defesa de ideias polêmicas rendeu ao político André Ventura o apelido

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A defesa de ideias polêmicas -como a castração química de pedófilos e o trabalho compulsório nas prisões- rendeu ao político André Ventura o apelido de "Bolsonaro português". 

A comparação com o presidente eleito do Brasil se intensificou no último mês, quando Ventura anunciou a decisão de renunciar ao mandato de vereador em Loures, cidade da região metropolitana de Lisboa, para fundar seu próprio partido. 

Embora afirme que a comparação com Bolsonaro "não tem nada a ver", Ventura, 36, diz apreciar alguns pontos do discurso do capitão reformado, como a ênfase na questão da segurança pública e a necessidade de reformas profundas.

"Quando alguém sai do padrão do politicamente correto, as pessoas gostam de rotular. Em Portugal, quem faz estes rótulos é a esquerda, com o nome de alguém que acha que os portugueses não gostam. No ano passado eu era o Trump europeu. Este ano é o Bolsonaro", diz. 

Para Ventura, apesar de certas ideias de Bolsonaro "trazerem algum frescor" para o cenário político brasileiro, ele diz que o capitão reformado já fez declarações patéticas. 

Em 2017, foi uma declaração do próprio português que causou polêmica. Durante sua campanha para o cargo de presidente da Câmara (equivalente ao de prefeito no Brasil), Ventura afirmou que pessoas da etnia cigana "vivem quase que exclusivamente de subsídios do Estado".

Assim como em vários países da Europa, os ciganos em Portugal são uma minoria frequentemente menos escolarizada e em situação de vulnerabilidade social. Por conta disso, muitos recebem o chamado rendimento social de inserção, comparável ao Bolsa Família brasileiro. 

Acusado de ser racista e xenófobo pela declaração, Ventura nega ter preconceitos contra ciganos ou outras minorias, mas reafirma que, em sua opinião há tratamento condescendente para algumas comunidades que muitas vezes não se interessam pela integração à sociedade.

EUROPEIAS

De olho nas eleições para o Parlamento Europeu, que acontecem em 26 de maio de 2019, Ventura está na reta final do processo de formalização de seu partido. Tradicionalmente, os votos de protesto são abundantes nos pleitos para a escolha dos eurodeputados, o que já o faz sonhar com um assento na assembleia. 

Ventura não esconde, porém, que o objetivo final são as eleições legislativas portuguesas, em novembro do mesmo ano. 

A sigla, que recebeu o nome Chega em alusão ao descontentamento com os rumos de Portugal, segue a linha populista, com propostas bastante à direita. 

"Eu não tenho ilusões. É impossível para um partido novo ganhar imediatamente as eleições. Portanto o grande objetivo é impedir o que está para acontecer: a esquerda ter outra vez uma grande maioria como tem agora", justifica. 

Ao contrário da maior parte da Europa, a esquerda portuguesa vive um momento de muita popularidade. A coalizão do partidária liderada pelo socialista António Costa, que foi apelidada pejorativamente de geringonça por sua aparente fragilidade- continua rendendo dividendos políticos aos parceiros. 

Nesse ambiente, Ventura também não poupa críticas a seu antigo partido, o PSD, principal legenda da oposição, que ele acusa de ter abandonado os ideais morais e econômicos da direita, em busca do eleitorado de centro-esquerda. 

"O PSD alienou-se do nosso eleitorado [de direita] e está se aproximando do local onde acha que está o Partido Socialista, porque é onde agora estão mais votos. Isto agora pode ser útil, mas é pouco inteligente.

Porque se as pessoas tiverem o 'Partido Socialista 1' o 'Partido Socialista 2', votam no 1, que é o original. Não vão votar no que quer parecer socialista" diz. 

Para recuperar os corações e os votos da direita portuguesa, Ventura propõe o endurecimento das leis, como o aumento do tempo máximo de prisão, hoje em 25 anos, e uma diminuição da máquina do Estado. 

"Em matéria de impostos, acho que Portugal tem um problema, assim como o Brasil: toda a gente está sufocada com os impostos. Em Portugal, os impostos mais elevados podem chegar a 48%, isso significa metade do nosso rendimento. Não é justo", diz. 

Quanto à polêmica ideia de trabalho obrigatório para os presos, ele diz que considera justo que os detentos contribuam para diminuir os gastos com o sistema prisional.

"Trabalho obrigatório não quer dizer que nós vamos chicotear quem não quiser trabalhar. Claro que não. O que eu defendo é que, se o preso não quiser trabalhar, não pode ter benefícios, como as saídas temporárias e a liberdade condicional", explica.

BRASILEIROS BEM-VINDOS

Professor universitário e doutor em direito, Ventura concilia a política com a carreira acadêmica, onde ele diz ter contato com muitos alunos brasileiros.

Apesar do discurso populista de direita, ele afirma defender a imigração, e elogiou a recente chegada de estudantes e brasileiros a Portugal. 

"O que me distingue para aqueles que querem me catalogar como extrema-direita é eu ser completamente pró-Europa e ser pró-imigração. O que eu quero é que imigrantes, minorias ou maiorias, cumpram as regras. Os que não cumprem, têm de se enquadrar", resume o português.

"Eu acho que a nossa relação é muito mais difícil com as minorias étnicas [como os ciganos] do que com comunidades imigrantes, especialmente os brasileiros", diz o português.

"Tem havido um aumento da comunidade estrangeira e, sendo honesto, eu vejo isso com bons olhos. Porque traz diversidade, traz multiculturalidade e enriquece. Em Portugal, nós não podemos virar as costas à nossa história. Nós também já fomos um país de emigrantes", finaliza.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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