A disseminação do novo coronavírus (Covid-19), em uma amarga pandemia, está forçando governantes a darem uma atenção exemplar para a área da saúde. Um setor que por muito tempo esteve esquecido nos orçamentos públicos passou a ser atendido emergencialmente com verbas extras.
Hospitais que eram ignorados em suas necessidades básicas de atendimento à população estão recebendo socorro. Por muitas vezes, pacientes viram-se obrigados a entrar com medidas judiciais para garantir uma internação hospitalar que lhes era negada por falta de leitos. Agora, leitos, de um jeito ou de outro, ainda que em hospitais de campanha, são criados da noite para o dia. Respiradores e ventiladores jogados em depósitos em razão de algum defeito encontraram rapidamente o caminho do conserto e outros novos são buscados na indústria nacional e até mesmo no exterior.
A falta de pessoal, de médicos a técnicos de enfermagem, que gerava uma defasagem crônica, deu lugar a processos seletivos de urgência para suprir vagas que sempre estiveram em aberto. Enfim, medidas como estas e tantas outras vão gerar um vasto legado pós-pandemia.
No esporte, é praxe a criação da chamada Autoridade de Governança do Legado Olímpico para administrar e viabilizar a continuidade de utilização de toda estrutura montada para os tempos de jogos. Mas qual será o destino de toda a estrutura criada para o enfrentamento da Covid-19?
O Brasil, Mato Grosso do Sul e Campo Grande têm a chance de disponibilizar à população uma razoável estrutura de saúde quando essa pandemia passar. Um dos problemas da administração pública é a falta de continuidade daquilo que inicia.
O Hospital da Mulher e Maternidade, nas Moreninhas, é um exemplo. Foi levantado para dar um atendimento diferenciado às mulheres durante o pré-natal e partos. Uma proposta e tanto para garantir um serviço especializado às gestantes. Inaugurado em 9 de março de 2000, tinha 12 leitos para internação. Contudo, o centro cirúrgico do local foi interditado pela Vigilância Sanitária em dezembro de 2016, por conta de graves problemas sanitários, e no fim de 2017 a unidade já estava totalmente desativada e acabou abandonada, transformada em abrigo de usuários de drogas e desocupados.
Será que é preciso haver uma pandemia como a de hoje para se descobrir que a vida humana deve ser a prioridade de todo governante? Ainda que para isso seja necessário criar um “orçamento de guerra” paralelo?
O que for realizado em favor da população depois da Covid-19 vai demonstrar o que de fato se aprendeu com essa triste lição chamada novo coronavírus. É esperar para ver!